Hoje minha neta faz 3 anos e daqui alguns dias meu neto fará três meses. São para eles e seus descendentes que busco ser um ser humano que contribui para uma humanidade saudável e sustentável. O presente e o futuro deles dependem das ações que cometemos hoje.
Maio começou bem com um encontro presencial do Observatório do Clima com mais de 150 ambientalistas de 71 instituições. Foram três dias de muita aprendizagem, troca de informações e principalmente desenhando ações de políticas públicas para a sustentabilidade. O último dia do encontro foi coroado com a presença da ministra Marina Silva.
Por que alguém, em sã consciência, faria mal aos seus filhos e prejudicaria o futuro de seus descendentes? Por que uma mãe, em sã consciência, daria alimentos com veneno aos seus filhos? Por que um empresário, em sã consciência, aceitaria fingir que está agindo de forma sustentável sabendo que está prejudicando a sociedade e o meio ambiente? Por que um político, em sã consciência, se prestaria a mentir para favorecer interesses econômicos escusos? Por quê?
O Brasil, no dia 24 de maio de 2023, deu um gigantesco passo para voltar a ser um pária mundial. Em cenas vergonhosas de imbecilidades explícitas, o Congresso Nacional num único dia aniquilou mecanismos de proteção da Mata Atlântica, avançou por cima dos direitos das terras indígenas (marco temporal) e esvaziou o Ministério do Meio Ambiente. Essas ações ocorreram diante do silêncio ensurdecedor do Executivo. Onde estavam as declarações fortes e sensatas de que o “Brasil Voltou”? As repercussões, pelo mundo todo, foram de estarrecimentos. Parece um sinal claro de que se o Brasil não reverter esses absurdos, voltará sim… a ser um pária do mundo. Segue um ótimo texto da Eliane Brum.
E para piorar enormemente no dia 30 de maio de 2023, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei do marco temporal. Foi mais uma conquista da bancada ruralista e uma derrota para o Brasil. Inimaginável pensar que o texto-base foi aprovado por 283 pessoas que tem famílias, são cidadãos brasileiros e se fazem passar por representantes do povo. Triste! Depois de terem alguns dias antes desidratado os ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas. Como será que vão explicar para seus netos os atos cometidos nesses últimos dias?
Estão usando a palavra desenvolvimento para justificar atrocidades contra a natureza, seja no oceano, nas florestas ou nas comunidades que estão no caminho de atrapalhar os projetos de avareza e corrupção. Enquanto “Desenvolvimento” for sinônimo de mecanismos que levam a destruição da humanidade, precisamos parar de olhar com simpatia para essa palavra. A etimologia da palavra significa: DES prefixo de negação ou ausência; EN (IN em latim) movimento para dentro; VOLVER (VOLVERE em latim) reverter, rolar, virar; MENTO sufixo que significa ação. Que o desenvolvimento humano, econômico, social, cognitivo, pessoal, sustentável não seja hackeado por falastrões que o usam para justificar crimes contra a humanidade. Não caia nessa! Que possamos ter mais “envolvimento” com o que realmente seja desenvolvimento planetário!
Os políticos do Amapá e simpatizantes com a exploração do petróleo na Foz do Amazonas estão falando mentiras que as pessoas tendem a acreditar por conta das premissas que vai gerar empregos e riqueza. Esse é discurso absolutamente político e sem qualquer credibilidade. É uma questão de perspectiva. Veja o exemplo da estrela Betelgeuse que desde 2019 está gerando especulações de que pode explodir (supernova) por causa do comportamento estranho de sua luz. Ela está há mais de 700 anos luz da Terra, ou seja, o que estamos vendo aconteceu há mais de 700 anos. Nem por isso ao olharmos para seu brilho temos a percepção (equivocada) que a estamos vendo no momento presente. A exploração do petróleo na foz do Amazonas vai, possivelmente (se acharem petróleo), agregar valor só daqui há 20 anos. Ou seja, com a transição energética caminhando a passos largos e rápidos, será que ainda existirá alguma demanda a mais para os combustíveis fósseis? Eu pessoalmente acredito que não! E eles sabem disso, estão usando uma retórica para manipular e enganar as pessoas a serviço da indústria do petróleo. Só nos resta perguntar o que ganham com isso? Basta ver todos as outras promessas de “desenvolvimento” local feitas anteriormente. O caso de Belo Monte foi bem similar, mentiras atrás de mentiras para construírem a maior e mais cara hidroelétrica brasileira, hoje sabemos do resultado: um fiasco retumbante! Uma vergonha em todos os aspectos. Destruição da floresta Amazônica, desvio do rio Xingu, dano irreparável ao ecossistema que mantinha as comunidades ribeirinhas e indígenas, cidades do entorno como Altamira foram enganadas pelas promessas de “desenvolvimento”. E não foi por falta de avisos, ativismos, pareceres técnicos reais e tantas manifestações contrárias. Até o cineasta James Cameron entrou nessa luta contra a barbaridade, só não pôde dizer que o filme Avatar retrata bem essa tragédia porque causaria um problema nas relações internacionais com o Brasil. Ele participou do 1º Fórum Mundial de Sustentabilidade em Manaus, onde estive presente, em março de 2010.
“Nos 15 anos desde que escreveu o roteiro de “Avatar”, sua história épica de ganância contra a natureza, disse Cameron, ele se tornou um ávido ambientalista. Mas ele disse que até sua viagem à Amazônia brasileira no mês passado, sua defesa se limitava principalmente à maneira ambientalmente responsável que ele tentou viver sua vida: energia solar e eólica alimentam sua casa em Santa Bárbara, disse ele, e ele e sua esposa dirigem veículos híbridos e fazem sua própria jardinagem orgânica.”
Não poderia deixar de falar que daqui a quatro dias, no dia mundial do meio ambiente, o assassinato de Bruno Pereira e Dom Phillips fará um ano. Escrevi um texto no dia 1º de julho de 2022 relatando o caso. O Jornal inglês The Guardian, onde Dom Phillips era correspondente, publicou hoje uma reportagem completa sobre o emblemático caso.
Só para lembrar são 463 dias da invasão da Rússia na Ucrânia. E?
Inicia hoje o mês do Meio Ambiente, teremos muitas ações e reações a serem trabalhadas. Espero, sinceramente, que possamos reverter a situação da última semana. Espero que o Agronegócio não deixe a bancada ruralista e os políticos do centrão acabarem com seus negócios no Brasil e no mundo. Espero que a vaca não vá para o brejo! Tenho esperança, esperança do verbo esperançar! Pelos nossos filhos, netos e demais descendentes!
Linguagem Aumentada – ilusões da Inteligência Artificial
A Inteligência Artificial continua gerando muita mídia. Lembrando novamente que pouca gente falava disso em dezembro de 2022, um pouco mais começaram a falar em janeiro (eu incluído), em fevereiro começou a movimentar a atenção dos mais conectados e de algumas mídias e em março só se falava disso. No mês de abril se ampliou geometricamente a fascinação pela IA, principalmente pela capacidade dos Grandes Modelos de Linguagem (Large Language Models) de gerar conversas e, com isso, parecerem que possuem uma inteligência própria. Estou chamando isso de Linguagem Aumentada.
É difícil pensar diferente disso! Imagine um computador e tudo que ele é capaz de fazer. Procure pensar um pouco na quantidade coisas que ele faz. Escreve esse texto, corrige palavras, faz contas, gera planilhas, entra na internet, passa vídeos, cuida da agenda, processa muita coisa ao mesmo tempo… e por aí vai! Ele tem inteligência? Depende da definição de inteligência. Pare por um minuto, respire fundo e pergunte-se o que é inteligência. O que é inteligência? Ninguém tem dúvida de que sabe o que é inteligência, portanto… o que é inteligência? Percebe que não é tão simples definir o que seja inteligência e muito menos o que seria uma inteligência artificial? Pois é… agora vem o principal fator que vai facilitar entender o fascínio. Um computador só consegue entender duas coisas: ligado e desligado. Ele só consegue saber se está passando corrente ou não. Só isso mesmo! Portanto tudo aquilo que você pensou do que ele faz, ele faz com a combinação de apenas duas informações combinadas: 0 e 1. Outro exemplo para entender a magnitude do poder do uso de combinações simples é em relação as cores da TV. Quantas cores vemos? Dezenas, centenas, milhares, milhões? Só existem 3 cores na tela de uma TV ou monitor, vermelha, verde e azul. Todas as outras cores que aparecem são formadas pela combinação dessas três. Estou trazendo esses dois exemplos para dizer que o poder da ampliação do uso da linguagem nos dá a ilusão de que há algum tipo de consciência.
O deslumbramento das pessoas com os GPT’s e similares é porque estão sendo iludidos como um mágico ilude a plateia com seus truques. A ilusão da consciência da máquina ocorre, como já mencionei, pela surpreendente ampliação da linguagem. Uma ampliação de consciência (nos humanos) gera uma ampliação da linguagem. Por isso que a ampliação da linguagem nas máquinas nos faz acreditar que houve uma ampliação da consciência. Isso não aconteceu! Estamos vivendo, nesse tema, uma ilusão idiótica! Todos os dias são publicados artigos, com muitos deles falando bobagens sobre a inteligência artificial.
A linguagem e o exercício de ampliação dela amplia as fronteiras da consciência. A língua “denuncia” a cultura do povo que a usa. Ou seja, a linguagem está totalmente integrada com a cultura. Se pensarmos na dificuldade de traduzir um texto de filosofia (nem falo de poesia) do alemão para as outras línguas percebemos que essa traidora tarefa é mais difícil para uma língua pobre do que para uma rica (como o português). No entanto para o leitor de português terá que ter muito mais conhecimento da língua (ideal ser formado em Letras Vernáculas) para minimamente entender. Enquanto a tradução para o inglês (mais pobre) facilita a vida do incauto leitor. Quero dizer com isso que só é possível expandir a consciência se tiver espaço para isso. E o espaço se constrói com a ampliação de leituras e repertório da língua e uso da linguagem.
Acredito que temos uma necessidade atávica de ter uma explicação para tudo e com isso a necessidade de adquirir, incessantemente, conhecimento. A ponto que quando não temos uma explicação “compramos” a que estiver em oferta. A necessidade incontrolável de amealhar mais conhecimento nos faz sentir mais seguros, mais donos do nosso destino.
Quanto a educação, talvez a Inteligência Artificial Geral (AGI), pode dar uma sacudida no atual modelo mental das escolas que ainda segue na contramão da aprendizagem, preocupando-se muito mais com o mercado do que com a mercadoria. O objetivo não é de formação e sim de informação. O top (inverso do verso) é uma escola trilíngue onde os cursos são virtuais (não virtuosos) e o corpo docente (apesar de indecente) são Ph.D. (em metodologias do século XIX). A propaganda das escolas exclui o que está entre os parênteses acima e propaga estarem conectados com o futuro (do pretérito do indicativo). Perdoem pelas minhas disrupções.
Em tempo, fiz as duas perguntas acima para o GPT-4. Seguem as respostas:
O que é inteligência? Inteligência é uma capacidade cognitiva que envolve a habilidade de aprender, compreender, raciocinar, resolver problemas, adaptar-se a novas situações e utilizar o conhecimento adquirido de forma eficaz.
Um computador tem inteligência?
Os computadores são capazes de realizar tarefas complexas de processamento de informações em velocidades muito superiores às dos seres humanos. No entanto, a inteligência dos computadores é diferente da inteligência humana, pois os computadores operam com base em instruções e algoritmos predefinidos que foram programados por seres humanos.
Buzz Feed News – vida longa ao jornalismo digital!
BuzzFeed fechou a área de notícias. A proliferação de sites de pseudonoticias diluiu a importância daqueles que verdadeiramente informavam fora das amarras dos patrocinadores das mídias tradicionais. O ótimo jornalismo digital parecia um caminho sem volta para o jornalismo em geral, as mídias tradicionais tiveram que correr atrás para não morrer. O Buzz Feed News ganhou até um prêmio Pulitzer uma reportagem investigativa na qual utilizaram imagens de satélite para identificar as infraestruturas construídas pelo governo chinês para a detenção em massa de muçulmanos.
Quem poderia imaginar que o público iria preferir as informações falsas. Quem poderia imaginar de que as informações de qualidade produzidas com independência do império das notícias e seus imperadores não prosperariam? Não é só as BuzzFeed com dificuldades de manter o negócio. A Vox demitiu cerca de 7% do seu pessoal no início do ano. A Vice está avaliando uma venda que provavelmente renderá um preço muito abaixo das elevadas avaliações atribuídas ao grupo nas rodadas anteriores de capitalização.
O que faz alguém escolher ser enganado e acreditar em mentiras? A resposta deveria ser que ninguém escolhe isso… não é tão simples.
Jornalismo 2.0 foi o nome do evento que produzi em 2008 na infância do Jornalismo Digital que era pejorativamente chamado de “blogueiros” e as mídias sociais não eram levadas a sério. Obama tinha acabado de vencer a eleição e quando perguntado como fez respondeu com duas palavras: mídias sociais. Foi o início do início do início. Esse evento foi um marco do Jornalismo Digital onde ainda existia a Lei de Imprensa e celebrávamos os 200 anos da imprensa no Brasil. Entre os nomes de palestrantes estavam Pollyana Ferreira, Rodrigo Azevedo, Carlos Piazza, José Marcio Mendonça, Cadu Lemos, Marcelo Coutinho, Roberto Mayer, Fabio Steinberg, Manoel Fernandes, Alan Dubner e Armênio Guedes (homenageado). Estávamos também celebrando os 8 anos de existência de um dos primeiros veículos integralmente digital, o Itu.com.br, ganhador de vários prêmios de jornalismo digital. Após quase 20 anos de atuação tivemos que, tristemente, fechar as portas em outubro de 2019. Além de tristes ficamos chocados em perceber que a cidade de Itu não valorizava sua principal mídia de agenda positiva. Qualquer visitante ou turista, da cidade, passava pelo site para saber dos atrativos de Itu. Durante muitos anos fomos a única busca para os filmes dos cinemas, restaurantes, shows e eventos da cidade. Como não querer manter esse patrimônio cultural? Como renunciar à principal porta de entrada para a cidade? O que aconteceu? Difícil responder! Pois é… fomos pioneiros na abertura de uma mídia de notícias integralmente digital e, também, no fechamento de uma imprensa séria e comprometida com a verdade!
Dia da Terra – o que temos para celebrar?
Na verdade, aqui no Brasil, temos a celebrar a entrada de uma nova gestão governamental ambiental. Marina Silva é a melhor notícia que o planeta Terra poderia receber esse ano.
432 dias da invasão Russa na Ucrânia – vida que segue?
Como é possível que essa atrocidade continue? Como é possível achar que há algo de normal nisso? Como é possível dizer que a Ucrânia tem alguma responsabilidade nesse crime em andamento? Afinal… quem somos nós humanos?
“A maior benção e o maior perigo é no que acreditamos.”
Estamos a um mês da Stockholm+50 que deveria ser o principal marco dos 50 anos de ações para a sustentabilidade e, no entanto, o fracasso já está anunciado pelo hackeamento desse evento pelo governo Sueco que ignorou completamente o esforço de anos de iniciativas da sociedade civil. É triste ver que no país de Greta Thunberg e Johan Rockström, a mais importante celebração das últimas décadas, será vergonhosa.
Para dificultar mais ainda nossa relação com essas certezas e incertezas, existe uma manipulação proposital para que passemos a pensar dessa ou daquela maneira, para que façamos dessa ou daquela forma que nos induzem. Entre todas as tragédias que estamos vivendo a DESINFORMAÇÃO é a pior delas! Se fosse falta de informação não seria tão grave… desinformação e a manipulação das informações são o que há de mais desumano! E isso em nome do poder e da ganância. Não sei como a história vai registrar esse período, não sei se haverá centenas (talvez milhares) de condenados por crimes contra humanidade. Não sei como milhares de pessoas conseguirão apagar os rastros de suas manifestações que contribuíram para esse desastre mundial, para que seus netos não se envergonhem de tamanha falta de noção herdadas em seu DNA. Não sei como ficarão as pessoas que não contribuíram diretamente para ajudar, de alguma maneira, a humanidade e ficaram apenas reclamando da culpa dos outros. Seja pela busca de benefício próprio, corrupção ou apenas banalidade do mal (conceito Hannah Arendt).
Nesse mês se ampliaram os sintomas de incontinência virtual e uma crença, inacreditavelmente ingênua, de que as funções do presencial podem ser simplesmente repassadas para o virtual. Vemos isso em larga escala nas escolas, nas terapias e nas reuniões.
Escolas – A maioria das escolas estão com dois graves problemas: o primeiro é que estão evidenciando a falta de know-how nos sistemas de uma verdadeira aprendizagem que aparecem na simples transposição para o virtual sem uma clara declaração que não sabem o que estão fazendo. Tem escolas que já vem percebendo isso há muito tempo (o que é uma coisa boa) e outras que não. Continuam fingindo que ensinam e os alunos continuam fingindo que aprendem. O segundo problema é que os pais vão começar a se questionar sobre a função da escola. Afinal… para que serve mesmo esse alto e longo investimento na escola? Nada que já não tenha passado, em alguma vez, pela cabeça dos pais, mas que rapidamente procuram esquecer essa disrupção. Nesse momento de crise existe uma oportunidade para questionar o atual modelo mental que construiu os sistemas de aprendizagem das escolas. Será as escolas tem essa coragem? Será que os pais tem essa ousadia? Sim, por que os estudantes estão prontos faz tempo!
Essa frase me acompanha há muitas décadas, ela reflete com simplicidade que tudo o que vemos está filtrado pelo que somos e como estamos. Frase maravilhosa! A frase é de autoria anônima sendo que é, muitas vezes, atribuída a alguém diferente. A frase é de todos nós!
Cada vez que defendemos uma ideia, um ponto de vista ou uma opinião estamos, necessariamente, nos referindo a uma visão individual que temos e ela é única. Ninguém vê o que vemos e nós não vemos o que os outros veem. Temos a ilusão de que estamos vendo a mesma coisa e isso pode gerar ruídos em todos os sentidos. Quando, por exemplo, mencionamos a palavra “árvore” temos a ilusão de que todos entendem o que estamos dizendo e quem escuta, também, tem a ilusão de que está entendendo o que foi dito. Na verdade, cada um de nós tem uma representação diferente para a palavra dependendo do contexto em que ela é dita. Tem uma linda árvore no caminho para o trabalho. É preciso que cada um plante uma árvore. A tempestade foi tão forte que uma árvore bloqueou a rua. Incrível pensar que essa semente se transformará numa árvore. Para cada árvore cortada basta plantar outra. Cada um de nós imaginou diferentes árvores e fez sinapses, também, diferentes com a mensagem de cada frase, sejam elas mais do inconsciente ou conscientes. A ultima frase (Para cada árvore cortada basta plantar outra), por exemplo, me faz o sangue subir. Vejo uma frondosa e magnífica árvore sendo covardemente derrubada enquanto a ignorância sobre o tempo e as condições que levariam uma frágil árvore magrinha, mal saída das fraldas (muda) chegar aos pés (raízes) dessa que foi assassinada. A minha visão de árvore de uma simples palavra numa frase é única e provavelmente causaria espanto pela minha loucura. Por isso… que ninguém nos ouça!
Sendo as frases compostas de diversas palavras que são lidas e entendidas de modo individual, as chances dos substantivos, adjetivos e verbos conseguirem transmitir a intencionalidade original do autor é relativamente pequena. Ao mesmo tempo temos um fluxo incessante de comunicação que nos faz usar artifícios reducionistas para minimamente convivermos. Por isso precisamos tanto dos poetas. Eles conseguem driblar nosso entendimento automático e nos fazem refletir com os sentidos. Uma árvore vinda de um poeta, em geral, é um presente para a imaginação e os sentidos.
“We do not see things as they are, we see them as we are.”
Esse texto que estou escrevendo hoje carrega o que sou e como estou no aqui e agora. Se fosse escrito ontem ou amanhã seria diferente. Se quem o estiver lendo o fizer hoje, terá um entendimento diferente do que se o ler daqui alguns dias, meses ou anos.
Ativismo Delicado
Estive num encontro presencial com Allan Kaplan e Sue Davidoff promovido pela Schumacher Brasil. Allan sempre buscou uma forma de ativismo baseada na reflexão e o olhar antes da ação. Ele chama de Ativismo Delicado. O termo “delicado” vem da fenomenologia de Goethe que usou o chamado empirismo delicado para se referir a delicada relação entre o mundo externo e interno.
Allan e Sue nos convidaram a ir um parque ao lado e entrar em contato com uma folha que escolhêssemos. Durante alguns minutos a intenção era nos conectarmos com o ir e vir dessa folha ao mundo. De um minúsculo e invisível tamanho até sua forma atual. Muitos avançaram, também, até a degradação da folha. Uma atividade tão simples e singela se desdobrou num entendimento experiencial, ou pelo menos uma degustação, do que é o Ativismo Delicado.
Voltando a frase do início desse texto (Nós não vemos as coisas como elas são, nós as vemos como nós somos.), estamos seguros de que sabemos o que é o certo e o errado. Acreditamos que o que fazemos vai na direção de implementar o certo e combater o errado. Somos nós contra eles! O Bem contra o Mal. Pois é, dessa maneira vamos nos tornando cada vez mais fundamentalistas e gerando resultados opostos ao que originalmente pregávamos. Há um tempo necessário para reflexão e acolher todos os lados e somente depois disso buscar as ações para as mudanças desejadas. Isso é o Ativismo Delicado do Allan Kaplan e da Sue Davidoff do The Proteus Initiative. Vou colocar alguns trechos do livro e recomendo fortemente a leitura do livro todo (apenas 30 páginas) em inglês ou em português (traduzido pela Ana Paula Giorgi).
“Aparentemente, um ativismo que enfatiza a ação em detrimento da reflexão; que recompensa os efeitos externos e ignora a consciência interna; que foca no outro, mas obstrui o eu; que exalta resultados (quase como se fossem commodities) sem suficiente preocupação pelo processo que os geram, é um ativismo que não parece ter sido capaz de acompanhar as atuais complexidades das mudanças sociais. Ironicamente, esse tipo de ativismo tem nos colocado no lugar de espectadores ao invés de participantes e tem, na realidade, retardado as mudanças. O ativismo delicado é verdadeiramente radical por ser consciente de si próprio, e por compreender que seu modo de enxergar é a mudança que se quer ver. Ele anuncia uma alteração sísmica da qual surge uma forma mais social e ecológica de ativismo direcionado para um futuro que sustenta a vida.”
“Somos seres intencionais e devemos ser disciplinados para ter essa intenção de abertura e receptividade, do contrário vamos acabar nos impondo e deixando a presunção tomar conta, ou nos fecharemos; daremos lugar ao tédio, ao conservadorismo, ao fundamentalismo, à preguiça. Um ativismo delicado, seja lá o que ele fizer, tenciona a abertura e receptividade, tanto quanto seu desejo por mudança. Ele busca mudar o mundo estando aberto à possibilidade de ser mudado pelo mundo.”
“No ativismo, a estridência, a convicção de se estar certo acompanhada pela determinação de mudar o que está errado são tão comuns, que a determinação, ao ficar estridente, pode passar a mimetizar as mesmas forças que estávamos querendo mudar. A psicologia da Gestalt chama isso de “Teoria da Mudança Paradoxal”: quanto mais se tenta mudar um comportamento, mais ele permanece o mesmo. Rudolf Steiner apontou para a existência de uma “lei de necessidade férrea” na esfera social, observando que se os ativistas, ao lutarem pelo “bem”, não se mantiverem intencionalmente acordados, quase sempre acabarão por fortalecer os padrões e comportamentos que eles se comprometeram a mudar porque são pegos – às vezes através de seu sucesso inicial – por uma virada quase imperceptível da situação social que os deposita no lado errado da maré . Owen Barfield sinaliza o perigo da busca por respostas estruturais para mudanças em questões sociais e ecológicas e pede que mantenhamos uma qualidade de nervosismo em nossas iniciativas sociais, para que permaneçamos conscientes o tempo todo, tentativos e atentos às nuances. “
“Ativistas são geralmente pessoas convencidas (de suas próprias noções do que é o bem social). Ao menos sabemos o que é errado, e temos uma boa ideia do que é certo. Nós sabemos contra o quê estamos trabalhando e temos opiniões fortes a respeito de para quê estamos trabalhando. Somos comprometidos, apaixonados, veementes, cheios de propósitos e de visão. Temos que ser determinados e essa determinação pode (e em geral é o que acontece), estreitar nossa visão e nos cegar para as possíveis falhas e limitações de nossa própria compreensão. Podemos ser tão determinados para atingir nossas metas, que não percebemos que as coisas estão mudando ao nosso redor o tempo todo, mudando às vezes até em função do sucesso de nosso trabalho, e na medida em que elas mudam, novas leituras devem ser feitas, novos sentidos devem ser atribuídos.”
“Mas quais são as alternativas? Devemos aquiescer, relegando nossa convicção e nosso ultraje e nossa humanidade aceitando um mundo insustentável e injusto, e simplesmente, sucumbindo? Não, essa não é a resposta de maneira alguma, porque isso acaba sendo simplesmente a defesa de uma postura não-ativista, isso não nos leva ao cerne do desafio ativista. Não nos leva ao outro lado do ativismo e assim deixa o campo aberto para aqueles que vêem as questões sociais e ambientais como problemas mecânicos a serem consertados, e não como momentos desafiadores na evolução de nossa humanidade. Como ativistas, não podemos evitar a ironia do ônus desse conservadorismo e desse instrumentalismo; ele é a chave para a evolução do ativismo em si, assim como para a essência do ideal humano. Porque o ativismo está no cerne de nossa humanidade: nossa luta por um futuro melhor é a essência de nossa humanidade.”
GPT-4
Volto ao assunto da Inteligência Artificial por causa da enorme repercussão nas mídias em geral. Nos últimos quatro meses o ChatGPT da OpenAI tem gerado uma ampla discussão quanto aos aspectos positivos e negativos da inteligência artificial na nossa humanidade. As mídias nada falaram em dezembro de 2022, em janeiro de 2023 começaram a falar aqui e ali (publiquei no meu texto de 1º de Fevereiro), em fevereiro foi para o grande público e em março todo mundo só fala disso, principalmente pelo lançamento do GPT-4 e da carta criada pela Future of Life Institute e assinada por mais de 50.000 pessoas entre elas Yuval Harari, Steve Wozniac, Tristan Harris, Yoshua Bengio, Emad Mostaque, Andrew Yang, Evan Sharp e Elon Musk (um dos fundadores iniciais da Open AI). A carta tem um propósito simbólico de frear, por pelo menos seis meses, os avanços dos “gigantes” em Inteligência Artificial.
Exageros e medos a parte, essa febre está nos levando a repensar o impacto da IA em absolutamente tudo que fazemos. Não se trata de ser contra ou a favor e sim de entender o que realmente é e como funciona. As novas variantes de IA podem gerar texto suficiente para escrever um livro, codificar em todas as linguagens de computador e, inacreditavelmente, “entender” imagens. Quem não está, ao mesmo tempo, confuso e curioso com o potencial de tudo isso, não está prestando atenção. Estamos galgando mais um degrau desde o inicio de nossa caminhada com a ideia da Máquina de Turing (Alan Turing) de 1936. A questão fundamental é quanto a linguagem. A linguagem consegue nos fazer acreditar que a inteligência é muito maior do que realmente é. Por isso na interação com algum aplicativo empoderado com a IA é fundamental saber interagir. Vamos assistir a uma nova linha de aprendizagem e capacitação de melhor aproveitamento da ferramenta através de uma interação que obtém os resultados desejados. Gosto muito das observações e ponderações do Yuval Harari sobre a Inteligência Artificial. Seguem alguns links de textos que li nesse mês de março:
O alerta de Yuval Harari: aprenda a dominar a IA (antes que ela nos domine)
Marina Silva é mais uma vez reconhecida como uma voz mundial na luta contra as mudanças climáticas. Ela é reconhecidíssima, lá fora, pelo seu intenso e constante trabalho a favor do meio ambiente e da sustentabilidade. O Brasil tem a sorte e a honra de contar com ela no governo, nesse momento tão crítico para o país e o mundo.
Reuters: “Com tantas mulheres extraordinárias engajadas na batalha contra as mudanças climáticas, a maior tarefa ao compilar a lista de mulheres pioneiras da Reuters Impact para o Dia Internacional da Mulher foi reduzir nossa longa lista para apenas 25.”
John Milton é um desses seres muito especiais que contribuíram e continuam a contribuir para o meio ambiente e a nossa relação com a Natureza. Foi ele que cunhou a palavra “environment” que até hoje move todo o movimento ambiental. Foi pioneiro para a civilização ocidental de uma forma única e vital de cultivo espiritual na Natureza que amadurece em uma profunda experiência ecológica de Comunhão com todas as espécies e com a própria Mãe Terra.
Há alguns anos tive a honra de participar de um encontro dele com a Marina Silva, foi um encontro inesquecível onde tive dificuldade de ficar na função de traduzir porque me emocionava muitas vezes ouvindo a história de vida desses dois.
IPCC relatório AR6
Importante resultado do relatório publicado agora na segunda quinzena de março de 2023
“O mundo vive sob uma pressão climática sem precedentes, com alguns danos irreversíveis e um prazo ainda mais curto para agir. Por outro lado, a ação imediata ainda dá chances de conter os efeitos mais severos da crise e as soluções tecnológicas estão mais baratas e acessíveis.
As recomendações do painel devem guiar as políticas públicas e as negociações diplomáticas até o final da década, quando os cientistas devem voltar a aprovar novos relatórios. O período é crucial para mudar a trajetória das emissões de gases-estufa, que devem ser cortadas em pelo menos 48% até 2030 para que o mundo contenha o aquecimento global em até 1,5ºC.
A boa notícia do relatório —que adota um tom encorajador no seu sumário-executivo— é que o mundo tem recursos e tecnologias suficientes para reduzir as emissões e mudar o sistema socioeconômico.”
Muito bom também o texto do Climainfo “IPCC AR6 RELATÓRIO DE SÍNTESE”
O Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia emitiu um mandado de prisão para Vladimir Putin por supervisionar o sequestro de crianças ucranianas, dando à Rússia outro passo significativo no caminho para se tornar um estado pária. Ao mesmo tempo hoje (sábado) a Rússia assume a presidência do Conselho de Segurança da ONU. Oi??? Absurdo! Surreal! Mais um demérito para a ONU, será que ela sobrevive a mais esse escândalo? Gostaria muito que tivéssemos o Sergio Vieira de Mello no comando da ONU.
402 dias da invasão da Rússia na Ucrania!!!!
Trump é indiciado
Donald Trump recebe com surpresa e apreensão o indiciamento pela acusação de pagamentos a estrela pornô Stormy Daniels que até cancelou os eventos de fim de semana no resort Mar-a-Lago em Palm Beach, Flórida. Trump, informou o New York Post, que está se reunindo com conselheiros que ficaram “abalados” com a notícia de dezenas de acusações criminais relacionadas a um pagamento de US$ 130.000 (R$ 660.000) feito a Daniels, cujo nome legal é Stephanie Gregory Clifford. Parece pouca coisa diante de tantas acusações no passado em que se saiu “bem”, mas dessa vez pode abrir um precedente difícil de conter. Vamos ver os desdobramentos desse caso
Ditadura Militar
A data de 1º de Abril de 1964 foi camuflada na História porque parecia ridículo a chamada “revolução” ser homenageada todo ano no dia da mentira. Pois é dizem que a mentira tem pernas curtas… será? Até hoje tem gente acreditando nessa mentira que o dia 31 de março foi a data do golpe militar. No ano vem serão 60 anos. Essa história deveria ser mais bem contada. Hoje em dia centenas de pesquisas e estudos revelaram uma história bem mais próxima do que realmente ocorreu. Essa história ainda está nos bastidores da História. Espero que ela emerja mais tranquilamente para que possamos ficar menos polarizados diante do que aconteceu.
Quebra dos Bancos
Será que estamos diante de uma nova crise mundial como a de 2008? Será que estamos no prenuncio de uma nova crise como estivemos em 2007? O que significa esse maremoto que está passando. Estamos assistindo uma queda de braço entre as instituições de proteção financeira e a credibilidade dos bancos. Ironicamente o Silicon Valley Bank quebrou no mesmo dia em que abriu o SXSW evento máximo do Vale do Silício e intrinsicamente ligado ao banco. Será um sinal ou ruído? Sinal de que o atual sistema financeiro está colapsando ou um ruído onde o que ocorreu foi localizado e não tem efeitos no sistema. O que pensar?
A calma prevalece por causa do apoio generoso e indiscriminado aos bancos. Em 22 de março, o Federal Reserve havia emprestado US$ 164 bilhões por meio de facilidades que emitem empréstimos de valor superior aos títulos depositados como garantia. De acordo com o Barclays, os Federal Home Loan Banks, credores com um respaldo implícito do governo, podem ter adiantado US$ 300 bilhões aos bancos em uma única semana.
A Câmara dos Deputados vergonhosamente assinou uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que estabelece a maior anistia da história a irregularidades eleitorais cometidas por partidos políticos. A PEC 9/2023 foi assinada por 184 deputados, incluindo os líderes do governo, José Guimarães e da oposição, Carlos Jordy, o texto proíbe qualquer punição a ilegalidades cometidas até a promulgação da PEC (incluindo o desrespeito ao repasse mínimo de verbas a mulheres e negros nas eleições), além de permitir a volta do financiamento empresarial para quitação de dívidas anteriores a 2015. Os partidos fingem que prestam contas e a Justiça Eleitoral finge que monitora. Simples assim!
A realidade que vemos é diferente da realidade que os outros veem, no entanto agimos como se víssemos a mesma ou, pelo menos, uma bem parecida. Quando Joseph Campbell disse que a “Mitologia é a Religião dos Outros”, estava denunciando que temos a percepção de que o que acreditamos é “a” realidade, enquanto os outros acreditam em fantasias. Genial como sempre!
Nesse contexto é cada vez mais difícil manter uma conversa gerativa sobre qualquer assunto. Sendo que alguns temas, só de mencionar o título, gera um completo fechamento para ouvir o outro… um outro olhar! Só uma escuta generosa pode alterar esse estado em que nos encontramos hoje.
Algumas questões para exemplificar. Origem do COVID19: vazou de um laboratório ou de um animal exótico (pangolim)? Formato da Terra: plana ou redonda? Robinho e Daniel Alvez: culpados ou inocentes? Chuvas em São Sebastião: mudança climática ou evento isolado? Invasão da Russa na Ucrânia: crime ou dever? Monark e Nikolas Ferreira: adequados ou inadequados? Vacina contra a Covid-19: faz bem ou faz mal? Pessoas que invadiram e depredaram prédios do governo no dia 8 de janeiro: patriotas ou criminosos? Disco voadores: existem ou não existem? Garimpeiros em terras indígenas: trabalhadores honestos ou genocidas? Aborto: legaliza ou criminaliza? 1º de abril de 1964: revolução ou golpe? Salário de jogador de futebol: justo ou exagerado? Eleições: são fraudadas ou não?
Na verdade, não temos como responder objetivamente nenhuma dessas perguntas, muito menos… um sim ou não! Porém não só acreditamos que sabemos as respostas como ficamos admirados como os que não pensam como a gente. Nenhuma das questões acima pode existir como estão formuladas. Nada é somente certo ou errado, sim ou não, esquerda ou direita, dor ou prazer, pobre ou rico, grande ou pequeno, frio ou calor e assim por diante. O olhar para cada uma delas é complexo e precisa ser visto sistemicamente.
Vou abrir a porta de uma delas Eleições: são fraudadas ou não?
Vou começar perguntando qual é o objetivo das eleições. A resposta mais comum é dizer que servem para eleger a representação da maioria da população. A resposta já começa equivocada porque esse sistema elege a representação da maioria dos eleitores que votam ou dos colégios eleitorais (dependendo da conjuntura local). No primeiro turno da eleição de 2022 apenas 118 milhões votaram numa população estimada em 216 milhões.
Em geral a fraude nas eleições fica focada nas urnas e não na manipulação que vem sendo feita há muitos anos, sendo que nos últimos dez anos de forma altamente sofisticada. Em 2014 eu mesmo fiquei pensando se existia essa possibilidade e escrevi um texto com minhas preocupações diante da minha ignorância sobre o assunto.
Na semana passada desvendaram a identidade do Team Jorge. Quem nunca ouviu falar desse nome, deve ler com atenção essa história que envolve provas concretas de fraude nas eleições… em várias eleições! A Cambridge Analytica ficou mais famosa no episódio em que o Facebook, inacreditavelmente, conseguiu se safar. Tem muito material para quem quiser entender como as eleições são fraudadas hoje em dia. Prestem atenção para nomes que ainda não estavam nos textos e documentários que falarei em seguida. Entre vários, a Eliminalia do Diego ((Didac) Sanchez que promete apagar seus rastros indesejáveis na internet e que agora está migrando o nome para iData Protection, pode ser uma nova onda de manipulações dos nossos dados. A onda de difamações e fake news produzidas em alta escala começou em 2014 nas eleições brasileiras conseguindo reverter o resultado natural, provavelmente nosso país seria outro hoje. Outra eleição manipulada que alterou o resultado natural e com isso alterando completamente o rumo da Europa foi em junho de 2016 com o BREXIT. Logo em seguida a eleição americana que surpreendeu ao conseguir nomear o Trump como candidato Republicano e elege-lo presidente dos EUA. Essas fraudes eleitorais alteraram o rumo do mundo todo abrindo caminho para a extrema direita de outros países.
O documentário “Driblando a Democracia” (2019) da Produtora Francesa ARTE (com legendas em português). O documentário tem amostras de resultados que são impressionantes, como uma pesquisa realizada no Facebook demonstrou que os algoritmos conhecem você melhor que seus colegas lendo apenas 10 likes (curtir), melhor que sua família com 100 likes e melhor que o seu cônjuge com 230 likes. Não está no documentário, mas fiquei pensando que possivelmente com 1.000 likes ele nos conhece melhor que nós mesmos.
O livro da Brittany Kaiser “Manipulados” (2019) é uma jornada nos bastidores de mundo da manipulação e fraude nas eleições.
Ainda não li, mas está na minha lista o livro do Christopher Wylie “Mindf*ck”
Só queria trazer mais um elemento de uma questão acima que é quanto as chuvas do litoral norte de São Paulo. Spoiler: vou ser altamente tendencioso e dizer o que penso, sem ser muito generoso com o outro lado (pois é). Apesar da tragédia ser comprovadamente resultado das mudanças climáticas, tenho recebido algumas postagens enviadas por pessoas me perguntando o que acho sobre as “bobagens” que estão recebendo. Triste que estejam sendo produzidas e mais triste ainda que tem gente acreditando e repassando. Você de um lado escuta a opinião de cientistas renomados declarando as razões da tragédia e de outro lado desconhecidos “especialistas” (se é que são reais) falando o contrário. Eu mesmo me denunciei nessa 😊
371 dias da invasão da Rússia na Ucrânia, será que depois de um ano conseguimos responder ou ter uma opinião nas principais questões sobre a tragédia? Será?:
1- O que motivou Putin a invadir a Ucrânia?
2- Como os 195 países do planeta (inclusive Rússia) estão vendo essa invasão que dura mais de um ano? E o que estão fazendo a respeito? Cite a visão e ação expressa pelo Brasil e, pelo menos, mais 10 países.
3- Qual o saldo de mortos e feridos?
Já dá para parar por aqui… né?
Aprendemos e apreendemos o tempo todo, A questão é quanto as escolhas do que fazemos com relação ao tempo e o espaço.
Hoje de manhã tive um encontro com uma transbordante troca de aprendizagens e falávamos dessa questão da percepção da realidade que me inspirou a escrever o texto de hoje. Aprendi o conceito de “noumeno” de Imannuel Kant. Noumeno é a realidade em si que não temos como percebê-la porque ao colocarmos nossa consciência nela, criamos um fenômeno. Portanto o conhecimento se refere apenas aos fenômenos percebidos e não a coisa em si. Foi poeticamente ilustrado com a frase: “a consciência colore o noumeno e produz o fenômeno”. Tentando traduzir, seria como se a realidade que percebemos foi tingida por quem somos (consciência). Uma bela ilustração desse ponto foi uma experiência relatada onde, buscando aprender a interpretar uma obra de arte, percebeu que usava todas as suas próprias histórias vividas. Ou seja, contemplava a obra munido de sua própria bagagem cultural. Outro momento rico, dessa conversa, foi a lição de que podemos colocar a curiosidade no lugar do julgamento. Que desafio simpático procurarmos ao invés de julgar o outro, ouvi-lo interessadamente. Transformar julgamento em curiosidade! E desse desafio vem a possibilidade de mudarmos de opinião. Relatou uma vivência em que estava na feira (CEASA) e as pessoas ficavam gritando sem parar um com os outros. Chegando numa das barracas pediu para um rapaz não gritar tanto porque estava querendo comprar frutas dele. O rapaz passou a gritar mais alto. Indignado e irritado voltou depois a barraca para se queixar com o dono sobre a atitude do funcionário. Depois de refletir um pouco, o feirante lhe disse: “você vai ter que relevar”! Saiu revoltado e alguns minutos depois percebeu que o feirante tinha razão… ele precisava relevar. Aquele era o ambiente natural daquele espaço e ele estava querendo impor que os outros se adaptassem ao que ele queria. Voltou para agradecer o feirante pela sabedoria. Ótimo exemplo de revisitar e suspender seus julgamentos para deixar espaço a uma escuta generosa. Aprendi ou reaprendi, também, que a escuta cura porque a escuta é afeto.
A escuta é afeto!
Muitas e muitas outras coisas aprendi dessa conversa gerativa, entre elas a dica de um livro que quero muito ler. Já comprei e chega na segunda feira. Being Logical: a guide to good thinking do Dennis Mclnerny.
E a mais sênior de nós fez uma pergunta muito corajosa e pertinente. Pedia ajuda para saber o porquê e para que estava conosco nesse grupo mensal de conversa. Apesar de parecer uma pergunta com uma resposta fácil… é uma resposta bem complexa. Esse foi mais um presente dessa manhã onde passei o dia escrevendo esse texto e a todo instante me perguntando o porquê e o para que estou o estou escrevendo. A resposta aparentemente simples é porque estou me exercitando para escrever meu livro e ao mesmo tempo registrando ideias do Aqui e Agora a cada primeiro dia do mês… a resposta é bem mais complexa e terei que continuar a refletir muito.
Brasil e EUA
No dia 10 de fevereiro o governo brasileiro (Lula) se encontrou com o presidente dos EUA (Biden) e John Kerry está no Brasil alinhando alguns acordos estabelecidos entre os dois países.
Ontem (28/02/2023) a Funai veio a público pedir desculpas às famílias do indigenista Bruno Pereira e a do jornalista britânico Dom Phillipspela nota que a entidade divulgou durante o governo Bolsonaro. Eles foram assassinados no Vale do Javari e a repercussão internacional ajudou a trazer um pouco de luz para a situação de genocídio dos povos indígenas no Brasil. Em primeiro de junho de 2022, eu estava conduzindo com a SoL Brasil, uma conversa num evento híbrido paralelo a Stockholm+50. A conversa foi uma (inédita) visita virtual a aldeia Maronal, no distante Vale do Javari, onde o Cacique Alfredo Maronal descrevia para o público em Estocolmo e virtualmente no Zoom as principais ameaças à vida dos povos locais e à floresta Amazônica. A situação descrita (in loco) chocou os participantes, principalmente os estrangeiros. Parecia tão inacreditável, que muitos depois confessaram que acharam que estavam exagerando. Não era possível, nos dias de hoje, que isso fosse permitido e pior… até incentivado. Quatro dias depois — simbolicamente — no dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente eles foram assassinados. Seria apenas mais um caso encoberto e esquecido se não fosse pelo prestígio de Dom Phillips, colaborador do The Guardian que estava escrevendo um livro justamente sobre a violenta e surreal realidade dos povos indígenas na Amazonia. Íntegra da carta da Funai.
Há um ano (em março) o presidente Bolsonaro que promoveu, junto com Ricardo Salles e demais cumplices no governo, o extermínio sistemático dos indígenas recebia – pasmem – a Medalha do Mérito Indígena concedida pelo então Ministro da Justiça, Anderson Torres (hoje na prisão).
Chico Rodrigues, que ficou famoso quando foi flagrado com R$ 33.000,00 em dinheiro na cueca, numa investigação da Polícia Federal que investigava desvios de recursos para o combate à COVID em 2020, preside hoje a comissão, criada pelo senado para investigar a tragédia humanitária dos Yanomamis. Ele é descaradamente a favor dos garimpeiros e como se não bastasse tanta bandalheira, três dos cinco integrantes dessa comissão são senadores de Roraima explicitamente defensores do garimpo e inimigos dos povos indígenas.
Enfim apesar de todos os pesares estamos emergindo para o que acredito ser um tempo melhor para o Brasil e o mundo.
No dia 8 de janeiro, em Brasília, um grupo de pessoas marchou do Quartel General do Exército até a Sede dos Três Poderes onde invadiu, depredou, defecou, destruiu obras de arte, quebrou vidros, equipamentos, mobiliário violando o Congresso, Supremo Tribunal Federal e o Palacio do Planalto. Foram cenas inacreditáveis e mais inacreditável ainda foram as conivências, os patrocínios, a proteção ao crime pelas forças de segurança e a habilidade em ludibriar essa massa de manobra.
“Redes sociais deram voz a legião de imbecis”, diz Umberto Eco no discurso ao receber o título de doutor honoris causa na Universidade de Turim (junho 2015/Itália). Ele disse que “o drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”.
A Marcha do Ouro
A Marcha do Ouro em Terras Indígenas vem ocorrendo desde os anos 70, na ditadura militar, com a criação do projeto Radam que mapeou os minerais em várias regiões do país e foi o que deu início dessa tragédia.
Não há qualquer possibilidade de polarização do que está acontecendo aos povos Yanomamis. É um crime de genocídio que vem sendo sistematicamente impetrado por criminosos com a anuência de vários setores que se omitem ou se corrompem. Uma tragédia que acredito e espero que os responsáveis pelas ações que levaram a essa tragédia sejam responsabilizados. Todos!
Estaremos diante de uma Enron (Americanas) e Andersen (Price Waterhouse)?
Ainda temos muito mais perguntas do que respostas. Estamos boquiabertos com tudo que está acontecendo e com os desdobramentos diários. Ainda estamos tocando a ponta do iceberg desse caso. Entre as coisas que mais impressionam é o silencio da maior parte da mídia… a aluna da USP que desviou quase R$ 1 milhão de formandos de medicina gera muito mais mídia do que o caso Americanas.
Está repercutindo esses dias a suspeita sobre rombo bilionário da Ambev de 30 bilhões de reais em manobras tributárias. Na mesma semana que o presidente Sergio Rial anunciou ou denunciou o rombo na Americanas, o Netflix lançou o documentário Madoff. Espero que não seja um mal presságio.
Marcha das Inteligências
ChatGPT tem causado, principalmente nos últimos dois meses, um impacto sobre os caminhos da Inteligência Artificial e suas interferências em outras inteligências humanas. A razão desse boom de informações se deve, principalmente, a abertura para o público (versão beta) do ChatGPT que agora está na versão 3.5. Essa pode ser uma revolução comparada a chegada do iPhone (smartphone). Acredito que teremos que agregar a inteligência artificial a lista das múltiplas inteligências do Gardner. Isso porque utilizaremos, no dia a dia, essa inteligência externa para dar suporte as tarefas e decisões.
E agora? A revista Nature publicou no dia 18 (janeiro) uma matéria falando da dificuldade dos cientistas em aceitar ou até mesmo classificar os textos produzidos por esses chatbots. Isso é só o começo…
“Pelo menos quatro artigos creditam a ferramenta de IA como coautora, enquanto os editores lutam para regular seu uso.
O chatbot de inteligência artificial (IA) ChatGPT, que conquistou o mundo, fez sua estreia formal na literatura científica – acumulando pelo menos quatro créditos de autoria em artigos publicados e pré-impressões.
Editores de periódicos, pesquisadores e editores estão agora debatendo o lugar de tais ferramentas de IA na literatura publicada e se é apropriado citar o bot como autor. Os editores estão correndo para criar políticas para o chatbot, que foi lançado como uma ferramenta gratuita em novembro pela empresa de tecnologia OpenAI em San Francisco, Califórnia.”
A Open AI foi criada em dezembro de 2015 por Sam Altman e o Elon Musk (que se afastou em fevereiro de 2018) como uma empresa sem fins lucrativos para estudar a Inteligência Artificial. Em 2019 lançou o ChatGPT 2 e disponibilizou para jornalistas, gerando uma forte comoção. Nesse mesmo ano criou a empresa Open AI LP, com fins lucrativos e recebeu um aporte de um bilhão de dólares da Microsoft para implementar o sistema no Microsoft Azure. Em novembro de 2022, com uma base bem mais ampliada liberou a versão beta (3.5) ao público em geral. Há rumores de que a Microsoft vai disponibilizar 10 bilhões de dólares para a empresa. A Google que durante anos foi o principal mecanismo de busca está preocupada com a exclusividade da Microsoft no ChatGPT e a tendência de incorporá-lo no Bing. A Google pioneira no uso da inteligência artificial, principalmente investindo desde 2014 na Deep Mind, deverá lançar várias ferramentas de IA um concorrente ao ChatGPT que possivelmente se chamará “Calm”. Fez esse anúncio logo após demitir 12.000 funcionários.
Como seria a inclusão da inteligência artificial nas múltiplas inteligências?
Perguntei agora para o ChatGPT descrever o que são as múltiplas inteligências. Ele respondeu:
“As Múltiplas Inteligências é uma teoria de inteligência proposta por Howard Gardner, professor de educação e desenvolvimento cognitivo na Universidade de Harvard, em 1983. Ele argumentou que a inteligência não é uma única capacidade ou aptidão, mas sim uma combinação de vários tipos diferentes de inteligência.
De acordo com Gardner, as pessoas possuem diferentes tipos de inteligência, como linguística, lógico-matemática, espacial, musical, corporal-cinestésica, interpessoal, intrapessoal e naturalista. Cada tipo de inteligência é relacionado a habilidades específicas, como a capacidade de usar a linguagem de forma eficaz, solucionar problemas lógicos e matemáticos, compreender conceitos espaciais, ter sensibilidade musical, ter habilidades de coordenação física, compreender as emoções e motivações dos outros, autoconsciência e compreender o mundo natural ao nosso redor.
A teoria das Múltiplas Inteligências sugere que as pessoas têm fortes habilidades em diferentes áreas de inteligência e que não devem ser medidas apenas pela habilidade em testes escolares ou em uma única área de inteligência. Além disso, a teoria argumenta que as pessoas aprendem de maneiras diferentes, dependendo de suas habilidades de inteligência e que os professores devem usar uma variedade de estratégias de ensino para atender a diferentes tipos de inteligência em sua sala de aula.
Gardner continuou a expandir e aperfeiçoar a teoria das Múltiplas Inteligências ao longo dos anos, adicionando novos tipos de inteligência e aprimorando as descrições das inteligências existentes. Atualmente, a teoria reconhece oito tipos de inteligência: linguística, lógico-matemática, espacial, musical, corporal-cinestésica, interpessoal, intrapessoal e naturalista.”
Simples assim!
Arte gerada com inteligência artificial aplicada a textos vem sendo usada há vários anos e está cada vez mais… inteligente. Produzi a imagem que ilustra esse artigo no Dall E 2 pedindo uma pintura no estilo da Remedios Varo cuidando da floresta.
Vídeo gerado com inteligência artificial também tem anos de aplicação e desde 2019 ficou mais famoso com as aplicações de Deep Fake (cria vídeos falsos de pessoas que consegue enganar muita gente). Vídeos de IA criados a partir de textos ainda está no início, mesmo assim dá para perceber que será impressionante num futuro muito próximo. Vejam aqui alguns exemplos: https://youtu.be/6aHMepbNkmE
Esse momento bem revolucionário me fez lembrar, com nostalgia, minha participação jurássica no início da Internet no Brasil. Meu primeiro computador foi um Sinclair (inglês) que usava um gravador cassete para a memória. Meu segundo foi um Apple II. A Internet no Brasil ia ser privada comandada pela Embratel. Fui um dos 100 escolhidos para receber um acesso e e-mail que até então era via BBS. A história de como passou da Embratel para o CNPQ com o Tadao Takahashi é maravilhosa! Fiz o primeiro CD-ROM (1995) explicando o que era e como funcionava a Internet “Tudo que você queria saber sobre a Internet e tinha medo de perguntar”. Trabalhei em muitas frentes desse mundo. Acredito que o primeiro e-commerce no Brasil fui eu que produzi para uma loja a Tomorrow, uma loja de multimídia em São Paulo. Muitas histórias dos primórdios da Internet no Brasil que agora estão se repetindo com a IA. Yuval Harari alertou em suas palestras e no livro 21 Lições para os três perigos de destruição da humanidade: catástrofe ambiental, armas nucleares e disrupção tecnológica. Essa última demorei alguns anos para entender que não se tratava simplesmente da substituição de empregos pelas máquinas e sim da substituição de inteligência… BEM mais grave!
Começo esse ano com uma alegria profunda. Uma alegria que se estende pelo mundo todo:
Marina Silva é a Ministra do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas! Ela vem com a força e legitimidade mundial, acompanhada de um grupo de centenas de profissionais e especialistas para reforçar as ações urgentes no Brasil.
Menção honrosa especial à Simone Tebet que demonstrou uma ética e integridade ao só aceitar o Ministério do Meio Ambiente se a Marina Silva não o quisesse. Que bom que ela fará parte do Governo Federal como Ministra do Planejamento.
Sônia Guajajara no Ministério dos Povos Originários e Joênia Wapichana para a presidência da FUNAI, também são ótimas notícias.
2022 – 2023
No primeiro dia de 2022 fiz alguns pedidos para o ano:
“Por favor não nos deixe voltar ao anormal e nem a um novo anormal. Não nos deixe repetir as obscenidades e atrocidades das eleições de 2018, para que as pessoas possam votar a favor de seus melhores e não contra os seus piores. Não permita que as florestas, as águas, a terra e a atmosfera sejam aniquiladas como vem sendo nos últimos dez anos, principalmente nos últimos três. Proteja os povos indígenas com suas mais de 300 etnias em que suas sabedorias planetárias estão se fazendo tão necessárias. Cuide muito bem dos artistas e de suas manifestações. Que a cultura seja percebida como gênero de primeira necessidade. Que a educação aproveite o tsunami da pandemia e migre do século 19 para o 21. Chega de fingir que se ensina e que se aprende. Que não se use em vão o nome da ciência para justificar qualquer argumento. Que a medicina possa cuidar mais da saúde do que da doença. Que a fé venha pela espiritualidade. Que a religião perceba que somos todos um. Que o COVID e suas variantes sejam mais gentis e nos una ao invés de nos dividir. Que a diversidade seja vista e reconhecida como uma grande vantagem sociocultural. Que a economia e os economistas percebam, finalmente, que são gestores da ecologia. Que uma governança eticamente responsável prevaleça. Que a Estocolmo+50 tenha resultados significativos!” (janeiro)
Agora, no primeiro dia de 2023, meus pedidos são:
Fim da invasão de Putin na Ucrânia (já faz 312 dias) e condenação por crimes contra a humanidade.
Uma coalizão mundial efetiva contra o risco de uma guerra nuclear.
Fim das consequências e inconsequências em relação a COVID-19.
Criação de uma Renda Básica Universal.
Chegar na COP28 com todos os acordos sendo cumpridos.
Aceleração da Transição Energética Sustentável.
Algumas das minhas frases de 2022
“Será que agora poderemos colocar a palavra Amor na bandeira como originalmente deveria ter sido?” (dezembro)
“Existe uma longa jornada de sabedoria em busca da “verdade” para aqueles que ousam trilhar esse caminho. A jornada começa na aurora da ignorância, passa por milhares de saberes e repousa no ocaso do não precisar mais saber.” (novembro)
“O que está acontecendo? Tudo ao mesmo tempo! Será que estamos ficando acostumados e a crise civilizatória não nos afeta mais?” (outubro)
“Amanhã, 2 de setembro, a independência do Brasil fará 200 anos. Sim, a independência do Brasil foi decretada no dia 2 de setembro de 1822. Quem decretou a independência não foi D.Pedro I e sim a princesa Maria Leopoldina (Austríaca).” (setembro)
“Estamos aprendendo a lidar com o viver nas incertezas, apesar de ainda fingirmos que sabemos para onde estamos indo. Acreditamos que somos separados de tudo e de todos, por isso vivemos em permanente negação.” (agosto)
“A arte da desinformação tem método, intenção e patrocínio. Ela não é nova, sempre existiu. Para que ela funcione bem é preciso que por um lado se anuncie que o rei nu está vestido e por outro oferecer pão e circo. A vantagem que a desinformação tem é que a grande maioria acredita e deixa quem não acredita numa situação constrangedora.” (julho)
“Que as próximas gerações nos perdoem………. perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem!” (junho)
“Vaca não dá Leite! A história que se conta é que quando os filhos fizessem 12 anos o pai, contaria o Segredo da Vida. Esse segredo é que vaca não dá leite… você tem que tirar o leite da vaca e passar por todos os dissabores que essa operação exige. Apesar de ser uma boa analogia de que as “coisas” não caem do céu e de que é preciso trabalhar arduamente para consegui-las, ela também esconde um segredo maior ainda que, involuntariamente, acaba formando as crianças para um sistema que está ficando obsoleto (neoliberalismo). O segredo maior ainda é de que a vaca dá leite para o seu bezerro e não para nós, por isso, é necessário TIRAR o leite da vaca.” (maio)
“A verdade e a mentira se confundem de tal maneira que hoje está muito mais para uma escolha do que gostaríamos de acreditar do que uma busca pela verdade.” (abril)
“Aparentemente a humanidade está conspirando para a extinção ou drástica redução de si mesma. E o pior é que nos consideramos animais racionais e inteligentes. Seriam as ações cometidas contra nós mesmos apenas uma forma da natureza reagir a uma espécie invasiva (praga)? Prefiro não acreditar nisso.” (março)
“Acreditar no inacreditável é a nossa maior qualidade e, ao mesmo tempo, nosso maior defeito. Albert Einstein já nos dizia de que a imaginação é mais importante que o conhecimento. A percepção cria nossa realidade e nos faz pensar e agir como se estivéssemos todos na mesma realidade. Dizemos que aqueles que pensam e agem de forma diferente estão fora da realidade. Temos uma resistência em sentir que existem outras realidades além da nossa.” (fevereiro)
Voto de Confiança
Hoje, no discurso de posse do presidente (pela terceira vez) Luiz Inácio Lula da Silva, agradeceu o voto de confiança dos Brasileiros que o elegeram. Acredito que esse seja o ponto mais importante. Os votos que o elegeram nas urnas não foram diretamente para ele e sim, um VOTO de CONFIANÇA para a Frente Ampla nascida para garantir a democracia, acabar com a sistemática destruição socioambiental, sanar a saúde, ressuscitar a cultura, regenerar os direitos humanos, repaginar a educação e principalmente frear a enorme onda de violência. Esse voto de confiança é também mundial. As relações internacionais em, praticamente, todas as áreas estão acreditando e torcendo para que os discursos se materializem em ações concretas. Confiança!
A subida da rampa e entrega da faixa presidencial foi simbolicamente significativa e muito linda! A faixa, depois de passar pelas mãos da diversidade brasileira, foi colocada pela Aline Sousa, representante dos catadores de materiais recicláveis (MNCR). Do Cacique Raoni à cadelinha Resistência, tivemos um sabor de esperança de que a Frente Ampla será real.
Quando vejo o presidente do PSL (hoje União Brasil) que abrigou no partido, em 2018, a candidatura do presidente em exercício até ontem, na mesa de cerimônia de posse hoje no Congresso, sinto o estranhamento de sempre…
Minuto de Silêncio
Três personalidades, que muito influenciaram o mundo, nos deixaram em 2022: A Rainha Elizabeth II, o Rei Pelé e Mikhail Gorbachev.
FELIZ ANO NOVO
Novamente, a alegria de que teremos Marina Silva a frente das ações ambientais e das mudanças climáticas são um bom presságio para o ano (e o governo) que está iniciando.
Agora em dezembro, começamos a fazer a tradicional lista do que queremos para o próximo ano. O que queremos para nós, nossa família e nosso entorno. Estou preparando a minha! Quem se atreve a olhar a lista do ano passado? Para os que não fizeram e ou não fazem suas listas, sugiro implementar esse ritual simples e revelador.
Estamos num momento de transição. Enquanto, aparentemente, estamos migrando da polarização para uma frente ampla, vamos esperançar um renascer das cinzas. Há luz no fim do túnel quando vemos um grupo heterogêneo trabalhando para uma governança mais saudável. Os resultados já estão saindo, apesar de não terem sido ainda divulgados. Fico feliz de ver pessoas tão talentosas trabalhando nos grupos técnicos. Por exemplo na Economia: Pérsio Arida e André Lara Resende; Ciência, Tecnologia e Inovação: Ricardo Galvão; Comunicação: Alessandra Orofino; Meio Ambiente: Marina Silva; Cidades: Nabil Bonduki; Comunicação Social: Florestan Fernandes Júnior; Cultura: Margareth Menezes; Desenvolvimento Agrário: Célia Watanabe; Desenvolvimento Regional: Randolfe Rodrigues; Desenvolvimento Social e Combate a Fome: Bela Gil; Direitos Humanos: Janaína Oliveira; Educação Alexandre Schneider e Neca Setubal; Esportes: Verônica Hipólito; Igualdade Racial: Douglas Belchior; Juventude: Sabrina Oliveira Santos; Justiça e Segurança Pública: Gabriel de Carvalho Sampaio; Minas e Energia: William Nozaki; Mulheres: Anielle Franco; Povos Originários: Joênia Wapichana; Relações Exteriores: Cristovam Buarque; saúde: Nísia Trindade Lima; Trabalho: Laís Abramo; Turismo: Marcelo Freixo entre outras.
E a COP27 no Egito?
Uma das questões que dificultou o fechamento foi quanto ao eterno “perdas e danos” que se arrasta desde 2009 (COP15). À principal razão de nunca terem assinado é por medo de serem responsabilizados legalmente pelas emissões de gases de efeito estufa. Existe também uma restrição dos EUA para que a China não receba verba por ser o maior emissor mundial. Até o nome do fundo teve debate, os países em desenvolvimento queriam chamar de “compensação”, os ativistas climáticos de “reparações”. Mas os diplomatas, principalmente os americanos, chamaram o fundo de “recursos de perdas e danos”. Mesmo sendo um pequeno avanço, ainda há muito o que fazer para viabilizar a transferência de recursos para quem realmente precisa.
Ganhamos (Brasil) novamente o troféu fóssil do dia, uma menção desonrosa:
“Do outro lado do mundo, o Brasil também merece menção honrosa. Outro país que foi estranhamente mudo nessas negociações da COP27, mas passou os últimos quatro anos tentando destruir o Acordo de Paris enquanto violava os direitos humanos e ambientais. As políticas antiambientais do governo que está saída de Bolsonaro fizeram o Brasil aumentar suas emissões por quatro anos consecutivos, um crescimento sem precedentes desde o início da medição em 1990. Isso se deve principalmente ao desmatamento da Amazônia, que está fora de controle e aumentou 73% na atual administração. Embora os ventos possam estar mudando no Brasil, não podemos ignorar os danos causados. Adeus e boa viagem a Bolsonaro e seu desastre climático.”
Quem escreveu o discurso que o Lula proferiu na COP27 foi brilhante. Espero que ele (Lula) se contente em ser esse salvador da pátria que o mundo o está colocando. Será bom para todo o mundo e principalmente para o Brasil. Ele afirmou que o Fundo Amazônia voltará a receber recursos da Alemanha e a Noruega, disse que vai criar um ministério para os povos indígenas regulado por eles e no final anunciou a vontade de realizar a COP30 no Brasil em 2025. Segue um trechinho, recomendo a leitura do discurso todo.
“Vivemos um momento de crises múltiplas – crescentes tensões geopolíticas, a volta do risco da guerra nuclear, crise de abastecimento de alimentos e energia, erosão da biodiversidade, aumento intolerável das desigualdades.
São tempos difíceis. Mas foi nos tempos difíceis e de crise que a humanidade sempre encontrou forças para enfrentar e superar desafios. Precisamos de mais confiança e determinação. Precisamos de mais liderança para reverter a escalada do aquecimento.
Os acordos já finalizados têm que sair do papel. Para isso, é preciso tornar disponíveis recursos para que os países em desenvolvimento, em especial os mais pobres, possam enfrentar as consequências de um problema criado em grande medida pelos países mais ricos, mas que atinge de maneira desproporcional os mais vulneráveis.
Estou hoje aqui para dizer que o Brasil está pronto para se juntar novamente aos esforços para a construção de um planeta mais saudável. De um mundo mais justo, capaz de acolher com dignidade a totalidade de seus habitantes – e não apenas uma minoria privilegiada.”
Enfim temos muito que fazer! Durante a COP tentaram passar desastres ambientais aqui no Brasil, ainda bem que ficaram, em Brasília, uma dúzia de atentos ambientalistas que impediram que mais alguns descalabros acontecessem.
Por último só queria mencionar que como Glascow (COP26) não firmou os acordos que foram “combinados”, esperava-se que no Egito fossem sancionados. Pois é…
Alguns textos bons no aprofundamento do que foi a COP27:
Daqui alguns dias (7 a 19 de dezembro) teremos a Conferência da Biodiversidade (COP15) em Montreal. Mais uma chance para 2022 celebrar os 50 anos de Sustentabilidade e trazer resultados reais para os próximos anos.
Da COP passamos para a COPA
Também uma vergonha, um símbolo da corrupção e da “banalidade do mal” (conceito da Hannah Arendt) onde somos coniventes e até cumplices silenciosos de crimes. O famoso “Padrão FIFA”, que tentou parecer algo de qualidade, era na verdade uma poderosa máquina de manipulação e corrupção. Será que essa COPA do Qatar vai entrar para a história como as vergonhosas Copas de 1936 (Alemanha), 1978 (Argentina) e 2018 (Rússia)? Melhor para por aqui em respeito aos torcedores. Independente do padrão FIFA de corrupção, essa COPA permitiu que todos os brasileiros voltassem a vestir a camisa e torcer pelo Brasil. Um alívio depois de um longo período de hackeamento dos símbolos nacionais e da camisa da seleção brasileira. Será que agora poderemos colocar a palavra Amor na bandeira como originalmente deveria ter sido? Após da Proclamação da República as palavras da bandeira foram inspiradas no lema positivista do filósofo francês, Augusto Comte, que ressalta “o amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim”. O amor acabou sendo cortado na ocasião. Quem sabe podemos reparar isso hoje!
A invasão da Ucrânia pela Rússia completou 281 dias hoje.
O COVID volta a bater na porta, será que tem alguém?
Uma ótima inspiração para a preparação da nossa lista para 2023 é o vídeo do Yuval Harari sobre a Política da Consciência. Está em inglês, quem precisar acione as legendas (CC) do Youtube: https://youtu.be/1rtS2OEV6bM
Existe uma longa jornada de sabedoria em busca da “verdade” para aqueles que ousam trilhar esse caminho. A jornada começa na aurora da ignorância, passa por milhares de saberes e repousa no ocaso do não precisar mais saber.
O que acontece é que quanto mais sabemos mais percebemos que há muito mais a saber.
Enquanto acreditarmos que existem separações entre esquerda e direita estaremos sujeitos a ilusão ótica de que significam alguma coisa. Nossa mente se abre a necessidade de rotular e cria modelos mentais com definições próprias mais difíceis de serem dissolvidas ou ressignificadas. Com isso somos reféns de crenças e valores adquiridas naturalmente e artificialmente. As adquiridas artificialmente são bem mais numerosas e são fruto, em geral, de manipulações sofisticadas. O conhecimento para fabricar essas manipulações estão cada vez mais em domínio público e ao alcance de um simples algoritmo. Aqueles que acreditam que estão imunes a essas manipulações são os que mais facilmente são controlados por elas. Estamos adormecidos e entorpecidos por essa envolvente vibração que nos leva a não viver a vida. Não viver a vida? Como assim? Pense no que você faz no seu dia a dia, pense no que fez nos últimos meses, nos últimos anos… Pare por alguns momentos a leitura desse texto para refletir sobre a diferença entre “Viver a Vida” e “Levar a Vida”.
Pare um pouco mais, sei que parece estranho fazer isso – viver ou sobreviver?
O Brasil, hoje, está vivendo o dia seguinte (day after) da eleição. Sei que o dia seguinte foi ontem (31/10) e ao mesmo tempo sei que ontem ainda não acabou. O que podemos dizer que ainda não foi dito? Será que ainda resta alguma palavra, alguma frase que traga paz… que devolva o Amor a bandeira? Será que haverá alguma coisa que permita que possamos voltar a nos relacionar com aqueles familiares que perdemos para a política, os amigos que cancelamos por acreditarem no inacreditável, os grupos que saímos para mantermos a sanidade? Será que acabou ou será que está acabado?
Os resultados da votação do segundo turno de anteontem foram um Brasil completamente dividido! A ironia é que os dois candidatos à presidência só se viabilizaram por causa um do outro. Dos 156.453.354 eleitores brasileiros, pouco mais de 38% votaram no Lula e pouco menos de 38% votaram no Bolsonaro, enquanto pouco mais de 24% escolheram votar em ninguém ou não votar.
O atual sistema eleitoral é um instrumento a favor da democracia ou contra ela? Os resultados das últimas décadas parecem apontar na direção contrária.
As pessoas continuam a não votar em quem querem, continuam achando que as pesquisas têm alguma utilidade e continuam acreditando que na próxima eleição vai melhorar. Como dizia Einstein, insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.
Compartilho o que disse Marina Silva em mais uma ótima entrevista no Roda Viva de ontem: “Vou muito pelo caminho da Hannah Arendt – Eu vou pelo valor da promessa e acho que o Brasil está apostando tudo na promessa de a gente buscar um novo caminho.” Que assim seja!
Gostaria de trazer à tona (emergência) a questão de que estamos assistindo ao fim dessa civilização. Aceitamos facilmente que existiram muitas civilizações e que tiveram começo, meio e fim. Por algum motivo acreditamos que essa vai durar para sempre e não vemos (ou não queremos ver) os sinais óbvios de que está chegando ao seu fim. É como o sujeito que caiu do trigésimo andar e lá pelo vigésimo comenta: até aqui tudo bem! Os absurdos que estamos assistindo diariamente num estado de Normose só evidenciam que estamos no fim desse modelo civilizatório. E agora? O que fazer ou não fazer? Não podemos resolver pontualmente uma questão que é sistêmica. Tudo conta, somos interdependentes. Enquanto o problema for da Ucrânia, da Itália, da França, da Amazônia, dos Indígenas, das Escolas, do Governo, do Papa… não temos vínculos nem responsabilidades. No momento em que se tomar consciência (awareness) de que o problema é de toda a humanidade, os resultados começam a aparecer. Amor, compaixão, colaboração e a paz emergirão das cinzas e poderá nascer um novo modelo civilizatório.
Harari apontou três desafios existenciais para a espécie humana: o retorno da guerra (armas nucleares), o colapso econômico (colapso ambiental) e a disrupção tecnológica (inteligência artificial). Ele disse isso em 2016 e depois publicado em 2018 no livro 21 Lições.
Uma citação atribuída ao Einstein é que ele não sabia com quais armas seria travada a 3a Guerra Mundial, mas provavelmente a 4a seria com paus e pedras.
Estamos há 251 dias da invasão Russa na Ucrânia. A cada dia que passou aumentou nossa revolta? Como está nossa percepção em relação a isso? Temos alguma ideia de quantos morreram, quantos ficaram feridos e quantos tiveram suas vidas arruinadas? Normose!
Os oceanos, principal fonte de oxigênio do planeta (entre muitas outras coisas) teve seu ponto de não retorno em 2014 e de lá para cá estamos mergulhando ladeira abaixo. Como isso tem afetado nosso dia a dia? Sabemos o que isso realmente significa? Normose!
A Amazônia bate recordes mensais de destruição e está à beira do ponto de não retorno. Temos alguma real preocupação com isso? Sabemos do impacto na alteração dos rios voadores e do sistema de chuvas? Compreendemos a negligência com a gigantesca riqueza econômica da sua biodiversidade? Entendemos a importância dos guardiões da floresta (povos indígenas)? Normose!
Como diria Wilhelm Reich: ESCUTA, ZÉ NINGUÉM!
Parece que agora em novembro as atenções do brasileiro estarão voltadas para a COP27 que começa no próximo domingo (dia 6) no Egito. As principais conversas e decisões sobre os rumos da humanidade serão discutidas por lá. A imprensa e a maioria dos brasileiros estarão focados durante as duas semanas desse importante evento… só que não!
Provavelmente a Copa do Mundo será a nova distração de novembro, com ou sem figurinhas!
O que está acontecendo? Tudo ao mesmo tempo! Será que estamos ficando acostumados e a crise civilizatória não nos afeta mais? Como estamos em relação ao desastre histórico do Furacão Ian, os 219 dias da invasão Russa na Ucrânia, a vitória da Giorgia Meloni na Itália, os mísseis lançados hoje pela Korea do Norte, os incêndios e desmatamentos recordes na Amazonia, o Brasil ser o país que mais matou ativistas ambientalistas e líderes comunitários em dez anos (Global Witness), o debate ridículo entre os que podem ser eleitos para governar esse país e, também, como estamos em relação ao Covid? Alguém se importa?
Vou, agora, falar de coisa boa! O orgulho que terei em votar amanhã! Pode?
Meu voto será para a eleger a Marina Silva!
Meu principal voto vai para Marina Silva (1818), candidata à Deputada Federal por São Paulo.
Marina Silva tem recebido meu voto, respeito e admiração desde 2010.
Nessa dúzia de anos testemunhei a ambientalista, política e professora nos mais diversos momentos de ativismo direto sem qualquer gesto de autopromoção. Uma humildade genuína diante de seu precioso conhecimento, sabedoria e legado. Uma intensa curiosidade em aprender e apreender, surpreendendo e entusiasmando quem com ela interage. Ela esteve presente em praticamente todos os acontecimentos de impacto socioambiental com ações diretas e resultados significativos.
Ela é reconhecida e admirada mundialmente. Ontem, por exemplo, saiu no jornal “The Economist” e hoje no francês “Le Monde”.
Hoje paro por aqui! Não tenho mais palavras ou energia para continuar. Talvez o show do Oswaldo Montenegro, hoje à noite, possa me trazer um pouco de paz e que a minha loucura seja perdoada.
METADE
Oswaldo Montenegro
Que a força do medo que tenho Não me impeça de ver o que anseio Que a morte de tudo em que acredito Não me tape os ouvidos e a boca Porque metade de mim é o que eu grito Mas a outra metade é silêncio
Que a música que ouço ao longe Seja linda ainda que tristeza Que a mulher que amo seja pra sempre amada Mesmo que distante Porque metade de mim é partida Mas a outra metade é saudade
Que as palavras que eu falo Não sejam ouvidas como prece, nem repetidas com fervor Apenas respeitadas como a única coisa Que resta a um homem inundado de sentimentos Porque metade de mim é o que ouço Mas a outra metade é o que calo
Que essa minha vontade de ir embora Se transforme na calma e na paz que mereço Que essa tensão que me corrói por dentro Seja um dia recompensada Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso Que eu me lembro ter dado na infância Porque metade de mim é a lembrança do que fui Mas a outra metade, não sei
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria Pra me fazer aquietar o espírito E que o teu silêncio me fale cada vez mais Porque metade de mim é abrigo Mas a outra metade é cansaço
Que a arte nos aponte uma resposta Mesmo que ela não saiba E que ninguém a tente complicar Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer Porque metade de mim é plateia A outra metade é canção E que a minha loucura seja perdoada Porque metade de mim é amor E a outra metade também
Estamos há um mês das eleições e apesar de tantos anos de evidências de que o processo eleitoral não tem funcionado a favor da democracia como deveria, não temos ainda outra forma de “escolher” nossos representantes. Alguns pontos são relevantes.
O primeiro turno deveria ser onde cada cidadão escolhe o candidato que mais o represente, com isso temos democraticamente uma fotografia de como está distribuída a intenção dos eleitores. O que vem acontecendo há décadas e principalmente nas últimas eleições é que o voto migrou de votar no melhor candidato para votar no “menos pior”. Muita gente passou a votar contra um candidato ao invés de a favor do seu candidato. É como preferir que o time do outro perca mais do que o seu próprio ganhe. É uma escolha pelo ódio ao invés do amor. Qual pode ser o resultado de uma eleição em que votamos nos piores?
A questão da influência das pesquisas nos resultados é outro ponto bem relevante nos resultados. Há uma tendência natural do ser humano em acreditar em números. Dificilmente uma notícia que não apresente números é considerada consistente. E por incrível que pareça, qualquer notícia que apresente números é considerada verdadeira. Por isso somos sistematicamente enganados, seja propositadamente ou ingenuamente. Por exemplo, em fevereiro de 2018 saiu uma notícia de que o Brasil levará 260 anos para atingir o nível de leitura dos países ricos. A informação é atribuída a um relatório (Pisa) de ninguém menos que o Banco Mundial. Estamos falando de uma previsão para o ano de 2.278. Como é possível alguém engolir uma bobagem dessas sem pestanejar? Vamos tentar imaginar o que significam 260 anos voltando para trás. Imaginem o Brasil no ano de 1.758, foi o ano em que se institui (Marques de Pombal) o Português como língua oficial do país. Até então, pouco se falava português, predominavam a Língua Geral (nheengatu) e o Tupi entre as quase mil línguas estimadas para a época. Com a proibição do ensino e uso de outra língua que não fosse o português, ocorreu o extermínio (chamado glotocídio) das outras línguas faladas no Brasil. Imaginem afora que a Companhia das Índias Ocidentais fizesse uma previsão qualquer para o Brasil de 2018. Os números dão a sensação de que cientistas altamente especializados conseguiram mensurar cuidadosamente e chegaram a uma verdade traduzida em números. Por que acreditamos nisso?
Voltando aos números das pesquisas e sua influência nos resultados das eleições, vou dar aqui um exemplo:
No primeiro turno da eleição para presidente em 2014, Marina Silva (após a morte de Eduardo Campos) aparece folgadamente em segundo lugar nas intenções de voto até alguns dias antes da eleição e continua em segunda lugar até o dia anterior a eleição. Vejam os números da intenção de votos na pesquisa espontânea (onde o eleitor fala espontaneamente em quem deseja votar):
Ibope (pesquisa realizada de 29/09 a 01/10) Dilma 35% – Marina 20% – Aécio 16%
DataFolha (pesquisa realizada de 01/10 a 02/10) Dilma 35% – Marina 20% – Aécio 17%
DataFolha (pesquisa realizada de 03/10 a 04/10) Dilma 36% – Marina 19% – Aécio 20%
Como pode ter ocorrido uma mudança tão súbita? Será que só as malvadezas articuladas pelo marketeiro do PT foram suficientes? Vejam o impacto que os números da pesquisa causaram. Os eleitores que estavam votando contra o PT, ao saberem (no dia anterior a eleição) que o Aécio tinha ido para a segunda colocação, migraram seus votos da Marina para o Aécio. As pesquisas causaram o efeito da profecia autorrealizada. O mais irônico é que justamente aqueles que votaram contra o PT elegeram a Dilma. Claro que o PT fez uma gigantesca campanha de difamação com mentiras e sofisticadas atuações de manipulação nas mídias sociais inaugurando um sistema que hoje chamamos de Fake News, porém foram os números das pesquisas que deram o toque final e selaram o destino do Brasil.
Outro ponto relevante nas eleições, que são obrigatórias, é a importância do “ninguém” (soma dos votos nulos, brancos e ausências). A saída mais fácil é dizer que quem não vota em alguém está indo contra a democracia ou permitindo que o pior vença. Eu pessoalmente, nunca anulei meu voto, mas acredito que é um voto válido. O ninguém fica sempre muito bem colocado no primeiro turno que deveria ser o retrato do que o país/estado/município está escolhendo para governá-lo. Muitas vezes as opções são ruins e anular o voto é um ato válido!
Independência do Brasil foi no dia 2 de setembro
Amanhã, 2 de setembro, a independência do Brasil fará 200 anos. Sim, a independência do Brasil foi decretada no dia 2 de setembro de 1822. Quem decretou a independência não foi D.Pedro I e sim a princesa Maria Leopoldina (austríaca). D. Pedro I só foi informado da independência cinco dias depois. O pintor Pedro Américo, 66 anos depois da independência, pintou um quadro (fake news) retratando o inexistente Grito do Ipiranga, a pedido de D. Pedro II. A falsa narrativa morou por muitos anos nos livros de história do Brasil. O coração de D. Pedro I veio ao Brasil (cena ridícula) para celebrar os 200 anos da independência, enquanto quem realmente a decretou está aqui sepultada sob o Monumento à Independência em São Paulo. D. Pedro I, sem o coração, também está sepultado no mesmo local que Maria Leopoldina. Tem um podcast muito bom chamado Projeto Querino que fala da história do Brasil da perspectiva das relações de poder e suas consequências.
Curiosidade sobre o nosso hino (para mim é bem simbólico): faz 100 anos que se tornou oficial (1922). A música foi criada há 200 anos (1822), mas só foi publicamente executada em 1931 para (pasmem) celebrar a abdicação de Dom Pedro I ao trono do Brasil e foi executada em 13 de abril desse mesmo ano (por isso esse dia é o dia do Hino Nacional). A letra atual foi adicionada 78 anos depois (1909) após o primeiro golpe militar (1889) que, antes disso, tocava a “Marselhesa” (hino da França) em eventos oficiais. A letra teve 11 modificações até se tornou oficial em 1922 e permanece até hoje. Fora tudo isso, existem fortes evidências de que a música tenha sido plagiada (ou adaptada) de Paganini e ou Liszt.
Negócio da China
China, o maior poluidor do mundo, estava iniciando as negociações climáticas com os acordos na COP26 (Glascow). A visita da Nancy Pelosi (presidente da câmara dos representantes dos EUA), no dia 2 de agosto a Taiwan coloca em risco os avanços dessas negociações e indica que as expectativas para a COP27 são bem ruins.
Congresso de Psicodrama
Amanhã começa o 23º Congresso Brasileiro de Psicodrama. A plenária de abertura do Pré Congresso será uma conversa minha e da Beth Chleba com Paulina Chamorro e Mario Mantovani sobre os caminhos da sustentabilidade. Esses dois heróis são protagonistas de muito ativismo ambiental, da política às vozes do planeta.
Encontro de Família
No fim de semana passado participei do 13º encontro da Família K onde 235 pessoas se reuniram. Essas são as ações que levam a paz. Se cada núcleo familiar se reunisse de tanto em tanto para expressar e compartilhar amor… com certeza haveria menos espaço para cultivar o ódio.
11 de agosto de 2022
Uma fresta de esperança no horizonte!
290 dias da invasão Russa na Ucrânia
Seria inacreditável se não fosse verdade!
COVID Longa
A incerteza que ainda paira entre nós!
COP27
Será que no Egito cumpriremos as promessas de Glascow ou é um símbolo do retrocesso desses tempos de sombrios?
Rio+30 cancelada
Ela iria ocorrer de 17 a 19 de outubro , tristemente, não será realizada!
Sociedade Civil fazendo Política
Acredito que a política está cada vez mais sendo conduzida pela sociedade civil. Começando pelas bordas, pelas decisões locais, pelas alianças e associações. A sociedade civil percebe a ineficácia e ou corrupção de uma grande parte da governança pública. A sociedade civil está, também, ocupando mais a política elegendo representantes legítimos. Desejo que em alguns anos tenhamos políticos alinhados com a democracia.