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Primeiro de Março 2023

Acreditamos no inacreditável?   Sim!

Somos manipuláveis?   Sim!

Alguém acha que não?   Sim!

Você acredita?

A realidade que vemos é diferente da realidade que os outros veem, no entanto agimos como se víssemos a mesma ou, pelo menos, uma bem parecida. Quando Joseph Campbell disse que a “Mitologia é a Religião dos Outros”, estava denunciando que temos a percepção de que o que acreditamos é “a” realidade, enquanto os outros acreditam em fantasias. Genial como sempre!

Nesse contexto é cada vez mais difícil manter uma conversa gerativa sobre qualquer assunto. Sendo que alguns temas, só de mencionar o título, gera um completo fechamento para ouvir o outro… um outro olhar! Só uma escuta generosa pode alterar esse estado em que nos encontramos hoje.

Algumas questões para exemplificar. Origem do COVID19: vazou de um laboratório ou de um animal exótico (pangolim)? Formato da Terra: plana ou redonda? Robinho e Daniel Alvez: culpados ou inocentes? Chuvas em São Sebastião: mudança climática ou evento isolado? Invasão da Russa na Ucrânia: crime ou dever? Monark e Nikolas Ferreira: adequados ou inadequados? Vacina contra a Covid-19: faz bem ou faz mal?  Pessoas que invadiram e depredaram prédios do governo no dia 8 de janeiro: patriotas ou criminosos? Disco voadores: existem ou não existem? Garimpeiros em terras indígenas: trabalhadores honestos ou genocidas? Aborto: legaliza ou criminaliza? 1º de abril de 1964: revolução ou golpe? Salário de jogador de futebol: justo ou exagerado? Eleições: são fraudadas ou não?

Na verdade, não temos como responder objetivamente nenhuma dessas perguntas, muito menos… um sim ou não! Porém não só acreditamos que sabemos as respostas como ficamos admirados como os que não pensam como a gente. Nenhuma das questões acima pode existir como estão formuladas. Nada é somente certo ou errado, sim ou não, esquerda ou direita, dor ou prazer, pobre ou rico, grande ou pequeno, frio ou calor e assim por diante. O olhar para cada uma delas é complexo e precisa ser visto sistemicamente.

Vou abrir a porta de uma delas Eleições: são fraudadas ou não?

Vou começar perguntando qual é o objetivo das eleições. A resposta mais comum é dizer que servem para eleger a representação da maioria da população. A resposta já começa equivocada porque esse sistema elege a representação da maioria dos eleitores que votam ou dos colégios eleitorais (dependendo da conjuntura local). No primeiro turno da eleição de 2022 apenas 118 milhões votaram numa população estimada em 216 milhões.

Em geral a fraude nas eleições fica focada nas urnas e não na manipulação que vem sendo feita há muitos anos, sendo que nos últimos dez anos de forma altamente sofisticada. Em 2014 eu mesmo fiquei pensando se existia essa possibilidade e escrevi um texto com minhas preocupações diante da minha ignorância sobre o assunto.

Na semana passada desvendaram a identidade do Team Jorge. Quem nunca ouviu falar desse nome, deve ler com atenção essa história que envolve provas concretas de fraude nas eleições… em várias eleições! A Cambridge Analytica ficou mais famosa no episódio em que o Facebook, inacreditavelmente, conseguiu se safar. Tem muito material para quem quiser entender como as eleições são fraudadas hoje em dia. Prestem atenção para nomes que ainda não estavam nos textos e documentários que falarei em seguida. Entre vários, a Eliminalia do Diego ((Didac) Sanchez que promete apagar seus rastros indesejáveis na internet e que agora está migrando o nome para iData Protection, pode ser uma nova onda de manipulações dos nossos dados. A onda de difamações e fake news produzidas em alta escala começou em 2014 nas eleições brasileiras conseguindo reverter o resultado natural, provavelmente nosso país seria outro hoje. Outra eleição manipulada que alterou o resultado natural e com isso alterando completamente o rumo da Europa foi em junho de 2016 com o BREXIT. Logo em seguida a eleição americana que surpreendeu ao conseguir nomear o Trump como candidato Republicano e elege-lo presidente dos EUA. Essas fraudes eleitorais alteraram o rumo do mundo todo abrindo caminho para a extrema direita de outros países.

Recomendo fortemente ver ou rever o documentário (2019) da Netflix “Nada é Privado: O Escândalo da Cambridge Analytica” (The Great Hack)

O documentário “Driblando a Democracia” (2019) da Produtora Francesa ARTE (com legendas em português). O documentário tem amostras de resultados que são impressionantes, como uma pesquisa realizada no Facebook demonstrou que os algoritmos conhecem você melhor que seus colegas lendo apenas 10 likes (curtir), melhor que sua família com 100 likes e melhor que o seu cônjuge com 230 likes. Não está no documentário, mas fiquei pensando que possivelmente com 1.000 likes ele nos conhece melhor que nós mesmos.

Recomento também 15 minutos do TEDX com a jornalista do The Guardian (Observer) Carole Cadwalladr.

O livro da Brittany Kaiser “Manipulados” (2019) é uma jornada nos bastidores de mundo da manipulação e fraude nas eleições.

Ainda não li, mas está na minha lista o livro do Christopher Wylie “Mindf*ck”

Só queria trazer mais um elemento de uma questão acima que é quanto as chuvas do litoral norte de São Paulo. Spoiler: vou ser altamente tendencioso e dizer o que penso, sem ser muito generoso com o outro lado (pois é). Apesar da tragédia ser comprovadamente resultado das mudanças climáticas, tenho recebido algumas postagens enviadas por pessoas me perguntando o que acho sobre as “bobagens” que estão recebendo. Triste que estejam sendo produzidas e mais triste ainda que tem gente acreditando e repassando. Você de um lado escuta a opinião de cientistas renomados declarando as razões da tragédia e de outro lado desconhecidos “especialistas” (se é que são reais) falando o contrário. Eu mesmo me denunciei nessa 😊      

371 dias da invasão da Rússia na Ucrânia, será que depois de um ano conseguimos responder ou ter uma opinião nas principais questões sobre a tragédia? Será?:

1- O que motivou Putin a invadir a Ucrânia?

2- Como os 195 países do planeta (inclusive Rússia) estão vendo essa invasão que dura mais de um ano? E o que estão fazendo a respeito? Cite a visão e ação expressa pelo Brasil e, pelo menos, mais 10 países.

3- Qual o saldo de mortos e feridos?

Já dá para parar por aqui… né?

Aprendemos e apreendemos o tempo todo, A questão é quanto as escolhas do que fazemos com relação ao tempo e o espaço.

Hoje de manhã tive um encontro com uma transbordante troca de aprendizagens e falávamos dessa questão da percepção da realidade que me inspirou a escrever o texto de hoje. Aprendi o conceito de “noumeno” de Imannuel Kant. Noumeno é a realidade em si que não temos como percebê-la porque ao colocarmos nossa consciência nela, criamos um fenômeno. Portanto o conhecimento se refere apenas aos fenômenos percebidos e não a coisa em si.  Foi poeticamente ilustrado com a frase: “a consciência colore o noumeno e produz o fenômeno”. Tentando traduzir, seria como se a realidade que percebemos foi tingida por quem somos (consciência). Uma bela ilustração desse ponto foi uma experiência relatada onde, buscando aprender a interpretar uma obra de arte, percebeu que usava todas as suas próprias histórias vividas. Ou seja, contemplava a obra munido de sua própria bagagem cultural. Outro momento rico, dessa conversa, foi a lição de que podemos colocar a curiosidade no lugar do julgamento. Que desafio simpático procurarmos ao invés de julgar o outro, ouvi-lo interessadamente. Transformar julgamento em curiosidade! E desse desafio vem a possibilidade de mudarmos de opinião. Relatou uma vivência em que estava na feira (CEASA) e as pessoas ficavam gritando sem parar um com os outros. Chegando numa das barracas pediu para um rapaz não gritar tanto porque estava querendo comprar frutas dele. O rapaz passou a gritar mais alto. Indignado e irritado voltou depois a barraca para se queixar com o dono sobre a atitude do funcionário. Depois de refletir um pouco, o feirante lhe disse: “você vai ter que relevar”! Saiu revoltado e alguns minutos depois percebeu que o feirante tinha razão… ele precisava relevar. Aquele era o ambiente natural daquele espaço e ele estava querendo impor que os outros se adaptassem ao que ele queria. Voltou para agradecer o feirante pela sabedoria. Ótimo exemplo de revisitar e suspender seus julgamentos para deixar espaço a uma escuta generosa. Aprendi ou reaprendi, também, que a escuta cura porque a escuta é afeto.

A escuta é afeto!     

Muitas e muitas outras coisas aprendi dessa conversa gerativa, entre elas a dica de um livro que quero muito ler. Já comprei e chega na segunda feira. Being Logical: a guide to good thinking do Dennis Mclnerny.

E a mais sênior de nós fez uma pergunta muito corajosa e pertinente. Pedia ajuda para saber o porquê e para que estava conosco nesse grupo mensal de conversa. Apesar de parecer uma pergunta com uma resposta fácil… é uma resposta bem complexa. Esse foi mais um presente dessa manhã onde passei o dia escrevendo esse texto e a todo instante me perguntando o porquê e o para que estou o estou escrevendo. A resposta aparentemente simples é porque estou me exercitando para escrever meu livro e ao mesmo tempo registrando ideias do Aqui e Agora a cada primeiro dia do mês… a resposta é bem mais complexa e terei que continuar a refletir muito.

Brasil e EUA

No dia 10 de fevereiro o governo brasileiro (Lula) se encontrou com o presidente dos EUA (Biden) e John Kerry está no Brasil alinhando alguns acordos estabelecidos entre os dois países.

Ontem (28/02/2023) Marina Silva ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, anunciou junto com o secretário John Kerry o acordo feito entre os dois países. Capobianco lê o acordo na íntegra.

A Agência Pública produziu mais uma matéria de peso sobre 340 empresas com certificado de sustentabilidade acusadas de crimes ambientais. Tenho esperanças (do verbo esperançar) de que estamos caminhando para uma direção melhor.

Ontem (28/02/2023) a Funai veio a público pedir desculpas às famílias do indigenista Bruno Pereira e a do jornalista britânico Dom Phillips pela nota que a entidade divulgou durante o governo Bolsonaro. Eles foram assassinados no Vale do Javari e a repercussão internacional ajudou a trazer um pouco de luz para a situação de genocídio dos povos indígenas no Brasil. Em primeiro de junho de 2022, eu estava conduzindo com a SoL Brasil, uma conversa num evento híbrido paralelo a Stockholm+50. A conversa foi uma (inédita) visita virtual a aldeia Maronal, no distante Vale do Javari, onde o Cacique Alfredo Maronal descrevia para o público em Estocolmo e virtualmente no Zoom as principais ameaças à vida dos povos locais e à floresta Amazônica. A situação descrita (in loco) chocou os participantes, principalmente os estrangeiros. Parecia tão inacreditável, que muitos depois confessaram que acharam que estavam exagerando. Não era possível, nos dias de hoje, que isso fosse permitido e pior… até incentivado. Quatro dias depois — simbolicamente — no dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente eles foram assassinados. Seria apenas mais um caso encoberto e esquecido se não fosse pelo prestígio de Dom Phillips, colaborador do The Guardian que estava escrevendo um livro justamente sobre a violenta e surreal realidade dos povos indígenas na Amazonia.  Íntegra da carta da Funai.

Há um ano (em março) o presidente Bolsonaro que promoveu, junto com Ricardo Salles e demais cumplices no governo, o extermínio sistemático dos indígenas recebia – pasmem – a Medalha do Mérito Indígena concedida pelo então Ministro da Justiça, Anderson Torres (hoje na prisão).

Chico Rodrigues, que ficou famoso quando foi flagrado com R$ 33.000,00 em dinheiro na cueca, numa investigação da Polícia Federal que investigava desvios de recursos para o combate à COVID em 2020, preside hoje a comissão, criada pelo senado para investigar a tragédia humanitária dos Yanomamis. Ele é descaradamente a favor dos garimpeiros e como se não bastasse tanta bandalheira, três dos cinco integrantes dessa comissão são senadores de Roraima explicitamente defensores do garimpo e inimigos dos povos indígenas.

Enfim apesar de todos os pesares estamos emergindo para o que acredito ser um tempo melhor para o Brasil e o mundo.   

Primeiro de Fevereiro 2023

A Marcha dos Idiotas

No dia 8 de janeiro, em Brasília, um grupo de pessoas marchou do Quartel General do Exército até a Sede dos Três Poderes onde invadiu, depredou, defecou, destruiu obras de arte, quebrou vidros, equipamentos, mobiliário violando o Congresso, Supremo Tribunal Federal e o Palacio do Planalto. Foram cenas inacreditáveis e mais inacreditável ainda foram as conivências, os patrocínios, a proteção ao crime pelas forças de segurança e a habilidade em ludibriar essa massa de manobra.

“Redes sociais deram voz a legião de imbecis”, diz Umberto Eco no discurso ao receber o título de doutor honoris causa na Universidade de Turim (junho 2015/Itália). Ele disse que “o drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”.

A Marcha do Ouro

A Marcha do Ouro em Terras Indígenas vem ocorrendo desde os anos 70, na ditadura militar, com a criação do projeto Radam que mapeou os minerais em várias regiões do país e foi o que deu início dessa tragédia.  

Não há qualquer possibilidade de polarização do que está acontecendo aos povos Yanomamis. É um crime de genocídio que vem sendo sistematicamente impetrado por criminosos com a anuência de vários setores que se omitem ou se corrompem. Uma tragédia que acredito e espero que os responsáveis pelas ações que levaram a essa tragédia sejam responsabilizados. Todos!

“O que você precisa saber para entender a crise na Terra Indígena Yanomami” pelo ISA (Instituto socioambiental) https://www.socioambiental.org/noticias-socioambientais/o-que-voce-precisa-saber-para-entender-crise-na-terra-indigena-yanomami

“Não estamos conseguindo contar os corpos” (imagens muito fortes) pela Sumauma https://sumauma.com/nao-estamos-conseguindo-contar-os-corpos/

“Ailton Krenak: Tragédia yanomami mostra que clube da humanidade não é para todos” https://omny.fm/shows/ilustr-ssima-conversa/ailton-krenak-trag-dia-yanomami-mostra-que-clube-d

Fórum de Teresina da revista Piauí (Bloco 2) https://piaui.folha.uol.com.br/foro-de-teresina-237-civilizacao-ja/

“Mineração ilegal em área indígena entre 2015 e 2020 corresponde à metade do mercado de ouro brasileiro, aponta levantamento” https://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2023/02/01/mineracao-ilegal-em-area-indigena-entre-2015-e-2020-corresponde-a-metade-do-mercado-de-ouro-brasileiro-aponta-levantamento.ghtml

Marcha das Americanas

Estaremos diante de uma Enron (Americanas) e Andersen (Price Waterhouse)?

Ainda temos muito mais perguntas do que respostas. Estamos boquiabertos com tudo que está acontecendo e com os desdobramentos diários. Ainda estamos tocando a ponta do iceberg desse caso. Entre as coisas que mais impressionam é o silencio da maior parte da mídia… a aluna da USP que desviou quase R$ 1 milhão de formandos de medicina gera muito mais mídia do que o caso Americanas.

Está repercutindo esses dias a suspeita sobre rombo bilionário da Ambev de 30 bilhões de reais em manobras tributárias. Na mesma semana que o presidente Sergio Rial anunciou ou denunciou o rombo na Americanas, o Netflix lançou o documentário Madoff. Espero que não seja um mal presságio.

Marcha das Inteligências

ChatGPT tem causado, principalmente nos últimos dois meses, um impacto sobre os caminhos da Inteligência Artificial e suas interferências em outras inteligências humanas. A razão desse boom de informações se deve, principalmente, a abertura para o público (versão beta) do ChatGPT que agora está na versão 3.5. Essa pode ser uma revolução comparada a chegada do iPhone (smartphone). Acredito que teremos que agregar a inteligência artificial a lista das múltiplas inteligências do Gardner. Isso porque utilizaremos, no dia a dia, essa inteligência externa para dar suporte as tarefas e decisões.   

E agora? A revista Nature publicou no dia 18 (janeiro) uma matéria falando da dificuldade dos cientistas em aceitar ou até mesmo classificar os textos produzidos por esses chatbots. Isso é só o começo…

Pelo menos quatro artigos creditam a ferramenta de IA como coautora, enquanto os editores lutam para regular seu uso.

O chatbot de inteligência artificial (IA) ChatGPT, que conquistou o mundo, fez sua estreia formal na literatura científica – acumulando pelo menos quatro créditos de autoria em artigos publicados e pré-impressões.

Editores de periódicos, pesquisadores e editores estão agora debatendo o lugar de tais ferramentas de IA na literatura publicada e se é apropriado citar o bot como autor. Os editores estão correndo para criar políticas para o chatbot, que foi lançado como uma ferramenta gratuita em novembro pela empresa de tecnologia OpenAI em San Francisco, Califórnia.”

https://www.nature.com/articles/d41586-023-00107-z

A Open AI foi criada em dezembro de 2015 por Sam Altman e o Elon Musk (que se afastou em fevereiro de 2018) como uma empresa sem fins lucrativos para estudar a Inteligência Artificial. Em 2019 lançou o ChatGPT 2 e disponibilizou para jornalistas, gerando uma forte comoção. Nesse mesmo ano criou a empresa Open AI LP, com fins lucrativos e recebeu um aporte de um bilhão de dólares da Microsoft para implementar o sistema no Microsoft Azure. Em novembro de 2022, com uma base bem mais ampliada liberou a versão beta (3.5) ao público em geral. Há rumores de que a Microsoft vai disponibilizar 10 bilhões de dólares para a empresa. A Google que durante anos foi o principal mecanismo de busca está preocupada com a exclusividade da Microsoft no ChatGPT e a tendência de incorporá-lo no Bing. A Google pioneira no uso da inteligência artificial, principalmente investindo desde 2014 na Deep Mind, deverá lançar várias ferramentas de IA  um concorrente ao ChatGPT que possivelmente se chamará “Calm”. Fez esse anúncio logo após demitir 12.000 funcionários.  

Como seria a inclusão da inteligência artificial nas múltiplas inteligências?

Perguntei agora para o ChatGPT descrever o que são as múltiplas inteligências. Ele respondeu:

“As Múltiplas Inteligências é uma teoria de inteligência proposta por Howard Gardner, professor de educação e desenvolvimento cognitivo na Universidade de Harvard, em 1983. Ele argumentou que a inteligência não é uma única capacidade ou aptidão, mas sim uma combinação de vários tipos diferentes de inteligência.

De acordo com Gardner, as pessoas possuem diferentes tipos de inteligência, como linguística, lógico-matemática, espacial, musical, corporal-cinestésica, interpessoal, intrapessoal e naturalista. Cada tipo de inteligência é relacionado a habilidades específicas, como a capacidade de usar a linguagem de forma eficaz, solucionar problemas lógicos e matemáticos, compreender conceitos espaciais, ter sensibilidade musical, ter habilidades de coordenação física, compreender as emoções e motivações dos outros, autoconsciência e compreender o mundo natural ao nosso redor.

A teoria das Múltiplas Inteligências sugere que as pessoas têm fortes habilidades em diferentes áreas de inteligência e que não devem ser medidas apenas pela habilidade em testes escolares ou em uma única área de inteligência. Além disso, a teoria argumenta que as pessoas aprendem de maneiras diferentes, dependendo de suas habilidades de inteligência e que os professores devem usar uma variedade de estratégias de ensino para atender a diferentes tipos de inteligência em sua sala de aula.

Gardner continuou a expandir e aperfeiçoar a teoria das Múltiplas Inteligências ao longo dos anos, adicionando novos tipos de inteligência e aprimorando as descrições das inteligências existentes. Atualmente, a teoria reconhece oito tipos de inteligência: linguística, lógico-matemática, espacial, musical, corporal-cinestésica, interpessoal, intrapessoal e naturalista.”

Simples assim!

Arte gerada com inteligência artificial aplicada a textos vem sendo usada há vários anos e está cada vez mais… inteligente. Produzi a imagem que ilustra esse artigo no Dall E 2 pedindo uma pintura no estilo da Remedios Varo cuidando da floresta.

Vídeo gerado com inteligência artificial também tem anos de aplicação e desde 2019 ficou mais famoso com as aplicações de Deep Fake (cria vídeos falsos de pessoas que consegue enganar muita gente). Vídeos de IA criados a partir de textos ainda está no início, mesmo assim dá para perceber que será impressionante num futuro muito próximo. Vejam aqui alguns exemplos:  https://youtu.be/6aHMepbNkmE

Esse momento bem revolucionário me fez lembrar, com nostalgia, minha participação jurássica no início da Internet no Brasil. Meu primeiro computador foi um Sinclair (inglês) que usava um gravador cassete para a memória. Meu segundo foi um Apple II. A Internet no Brasil ia ser privada comandada pela Embratel. Fui um dos 100 escolhidos para receber um acesso e e-mail que até então era via BBS. A história de como passou da Embratel para o CNPQ com o Tadao Takahashi é maravilhosa! Fiz o primeiro CD-ROM (1995) explicando o que era e como funcionava a Internet “Tudo que você queria saber sobre a Internet e tinha medo de perguntar”. Trabalhei em muitas frentes desse mundo. Acredito que o primeiro e-commerce no Brasil fui eu que produzi para uma loja a Tomorrow, uma loja de multimídia em São Paulo. Muitas histórias dos primórdios da Internet no Brasil que agora estão se repetindo com a IA. Yuval Harari alertou em suas palestras e no livro 21 Lições para os três perigos de destruição da humanidade: catástrofe ambiental, armas nucleares e disrupção tecnológica. Essa última demorei alguns anos para entender que não se tratava simplesmente da substituição de empregos pelas máquinas e sim da substituição de inteligência… BEM mais grave!

Alguns endereços de IA:

ZapGPT – um GPT no seu Whatsapp – https://www.zapgpt.com.br

ChatGPT -> Resolve qualquer coisa – https://chat.openai.com

Dall-E-2 -> Cria imagens – https://openai.com/dall-e-2/

Midjourney -> Um buscador com um pouco de Dall-E-2 https://midjourney.com/Jasper AI ->

Escreve ações de mrkt – https://jasper.ai

Synthesia -> Cria avatar falante – https://synthesia.io

Do not pay -> Advogado AI – https://donotpay.com

Jenni AI -> Escreve redações com você – https://jenni.ai

Tome -> Apresentação de slides – https://beta.tome.app

Fireflies -> Escreve notas de reuniões – https://fireflies.ai

Murf -> Texto para falas – https://murf.ai/

Timely -> Rastrear tempo e produtividade – https://timelyapp.com/

Onemeta -> Tradução Simultânea – https://www.onemeta.ai

Looka  -> Cria logotipos – http://www.looka.com

You -> Buscador que mistura ChatGPT com Google – http://you.com

Dreamstudio -> Para criar imagens – https://beta.dreamstudio.ai/dream

Chatbcg -> Para gerar uma apresentação de slides – https://www.chatbcg.com/

Marcha Ré

343 dias da invasão Russa na Ucrânia

Não há bom Senso no Censo

Vexame de George Santos em Nova York

Daniel Alves acusado em Barcelona

Papa Francisco diz que homossexualidade não é crime, mas é pecado

Está aparecendo o lado mais nefasto das vacinas da COVID19

Primeiro de Janeiro 2023

Um Voto de Confiança no Brasil

Marina Silva

Começo esse ano com uma alegria profunda. Uma alegria que se estende pelo mundo todo:

Marina Silva é a Ministra do Meio Ambiente e das Mudanças Climáticas! Ela vem com a força e legitimidade mundial, acompanhada de um grupo de centenas de profissionais e especialistas para reforçar as ações urgentes no Brasil.   

Menção honrosa especial à Simone Tebet que demonstrou uma ética e integridade ao só aceitar o Ministério do Meio Ambiente se a Marina Silva não o quisesse. Que bom que ela fará parte do Governo Federal como Ministra do Planejamento.

Sônia Guajajara no Ministério dos Povos Originários e Joênia Wapichana para a presidência da FUNAI, também são ótimas notícias.  

2022 – 2023

No primeiro dia de 2022 fiz alguns pedidos para o ano:

“Por favor não nos deixe voltar ao anormal e nem a um novo anormal. Não nos deixe repetir as obscenidades e atrocidades das eleições de 2018, para que as pessoas possam votar a favor de seus melhores e não contra os seus piores. Não permita que as florestas, as águas, a terra e a atmosfera sejam aniquiladas como vem sendo nos últimos dez anos, principalmente nos últimos três. Proteja os povos indígenas com suas mais de 300 etnias em que suas sabedorias planetárias estão se fazendo tão necessárias. Cuide muito bem dos artistas e de suas manifestações. Que a cultura seja percebida como gênero de primeira necessidade. Que a educação aproveite o tsunami da pandemia e migre do século 19 para o 21. Chega de fingir que se ensina e que se aprende. Que não se use em vão o nome da ciência para justificar qualquer argumento. Que a medicina possa cuidar mais da saúde do que da doença. Que a fé venha pela espiritualidade. Que a religião perceba que somos todos um. Que o COVID e suas variantes sejam mais gentis e nos una ao invés de nos dividir. Que a diversidade seja vista e reconhecida como uma grande vantagem sociocultural. Que a economia e os economistas percebam, finalmente, que são gestores da ecologia. Que uma governança eticamente responsável prevaleça. Que a Estocolmo+50 tenha resultados significativos!” (janeiro)

Agora, no primeiro dia de 2023, meus pedidos são:

Fim da invasão de Putin na Ucrânia (já faz 312 dias) e condenação por crimes contra a humanidade.

Uma coalizão mundial efetiva contra o risco de uma guerra nuclear.

Fim das consequências e inconsequências em relação a COVID-19.

Criação de uma Renda Básica Universal.

Chegar na COP28 com todos os acordos sendo cumpridos.

Aceleração da Transição Energética Sustentável.

Algumas das minhas frases de 2022

“Será que agora poderemos colocar a palavra Amor na bandeira como originalmente deveria ter sido?” (dezembro)

“Existe uma longa jornada de sabedoria em busca da “verdade” para aqueles que ousam trilhar esse caminho. A jornada começa na aurora da ignorância, passa por milhares de saberes e repousa no ocaso do não precisar mais saber.” (novembro)

“O que está acontecendo? Tudo ao mesmo tempo! Será que estamos ficando acostumados e a crise civilizatória não nos afeta mais?” (outubro)

“Amanhã, 2 de setembro, a independência do Brasil fará 200 anos. Sim, a independência do Brasil foi decretada no dia 2 de setembro de 1822. Quem decretou a independência não foi D.Pedro I e sim a princesa Maria Leopoldina (Austríaca).” (setembro)

“Estamos aprendendo a lidar com o viver nas incertezas, apesar de ainda fingirmos que sabemos para onde estamos indo. Acreditamos que somos separados de tudo e de todos, por isso vivemos em permanente negação.” (agosto)

“A arte da desinformação tem método, intenção e patrocínio. Ela não é nova, sempre existiu. Para que ela funcione bem é preciso que por um lado se anuncie que o rei nu está vestido e por outro oferecer pão e circo. A vantagem que a desinformação tem é que a grande maioria acredita e deixa quem não acredita numa situação constrangedora.” (julho)

“Que as próximas gerações nos perdoem………. perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem!” (junho)

“Vaca não dá Leite! A história que se conta é que quando os filhos fizessem 12 anos o pai, contaria o Segredo da Vida. Esse segredo é que vaca não dá leite… você tem que tirar o leite da vaca e passar por todos os dissabores que essa operação exige. Apesar de ser uma boa analogia de que as “coisas” não caem do céu e de que é preciso trabalhar arduamente para consegui-las, ela também esconde um segredo maior ainda que, involuntariamente, acaba formando as crianças para um sistema que está ficando obsoleto (neoliberalismo). O segredo maior ainda é de que a vaca dá leite para o seu bezerro e não para nós, por isso, é necessário TIRAR o leite da vaca.” (maio)

“A verdade e a mentira se confundem de tal maneira que hoje está muito mais para uma escolha do que gostaríamos de acreditar do que uma busca pela verdade.” (abril)

“Aparentemente a humanidade está conspirando para a extinção ou drástica redução de si mesma. E o pior é que nos consideramos animais racionais e inteligentes. Seriam as ações cometidas contra nós mesmos apenas uma forma da natureza reagir a uma espécie invasiva (praga)? Prefiro não acreditar nisso.” (março)

“Acreditar no inacreditável é a nossa maior qualidade e, ao mesmo tempo, nosso maior defeito. Albert Einstein já nos dizia de que a imaginação é mais importante que o conhecimento. A percepção cria nossa realidade e nos faz pensar e agir como se estivéssemos todos na mesma realidade. Dizemos que aqueles que pensam e agem de forma diferente estão fora da realidade. Temos uma resistência em sentir que existem outras realidades além da nossa.” (fevereiro)

Voto de Confiança

Hoje, no discurso de posse do presidente (pela terceira vez) Luiz Inácio Lula da Silva, agradeceu o voto de confiança dos Brasileiros que o elegeram. Acredito que esse seja o ponto mais importante. Os votos que o elegeram nas urnas não foram diretamente para ele e sim, um VOTO de CONFIANÇA para a Frente Ampla nascida para garantir a democracia, acabar com a sistemática destruição socioambiental, sanar a saúde, ressuscitar a cultura, regenerar os direitos humanos, repaginar a educação e principalmente frear a enorme onda de violência. Esse voto de confiança é também mundial. As relações internacionais em, praticamente, todas as áreas estão acreditando e torcendo para que os discursos se materializem em ações concretas. Confiança!

A subida da rampa e entrega da faixa presidencial foi simbolicamente significativa e muito linda! A faixa, depois de passar pelas mãos da diversidade brasileira, foi colocada pela Aline Sousa, representante dos catadores de materiais recicláveis (MNCR). Do Cacique Raoni à cadelinha Resistência, tivemos um sabor de esperança de que a Frente Ampla será real.

Quando vejo o presidente do PSL (hoje União Brasil) que abrigou no partido, em 2018, a candidatura do presidente em exercício até ontem, na mesa de cerimônia de posse hoje no Congresso, sinto o estranhamento de sempre…

Minuto de Silêncio

Três personalidades, que muito influenciaram o mundo, nos deixaram em 2022: A Rainha Elizabeth II, o Rei Pelé e Mikhail Gorbachev.

FELIZ ANO NOVO

Novamente, a alegria de que teremos Marina Silva a frente das ações ambientais e das mudanças climáticas são um bom presságio para o ano (e o governo) que está iniciando.

Primeiro de Dezembro

O Brasil Voltou?

Agora em dezembro, começamos a fazer a tradicional lista do que queremos para o próximo ano. O que queremos para nós, nossa família e nosso entorno. Estou preparando a minha! Quem se atreve a olhar a lista do ano passado? Para os que não fizeram e ou não fazem suas listas, sugiro implementar esse ritual simples e revelador.

Estamos num momento de transição. Enquanto, aparentemente, estamos migrando da polarização para uma frente ampla, vamos esperançar um renascer das cinzas. Há luz no fim do túnel quando vemos um grupo heterogêneo trabalhando para uma governança mais saudável. Os resultados já estão saindo, apesar de não terem sido ainda divulgados. Fico feliz de ver pessoas tão talentosas trabalhando nos grupos técnicos. Por exemplo na Economia: Pérsio Arida e André Lara Resende; Ciência, Tecnologia e Inovação: Ricardo Galvão; Comunicação: Alessandra Orofino; Meio Ambiente: Marina Silva; Cidades: Nabil Bonduki; Comunicação Social: Florestan Fernandes Júnior; Cultura: Margareth Menezes; Desenvolvimento Agrário: Célia Watanabe; Desenvolvimento Regional: Randolfe Rodrigues; Desenvolvimento Social e Combate a Fome: Bela Gil; Direitos Humanos: Janaína Oliveira; Educação Alexandre Schneider e Neca Setubal; Esportes: Verônica Hipólito; Igualdade Racial: Douglas Belchior; Juventude: Sabrina Oliveira Santos; Justiça e Segurança Pública: Gabriel de Carvalho Sampaio; Minas e Energia: William Nozaki; Mulheres: Anielle Franco; Povos Originários: Joênia Wapichana; Relações Exteriores: Cristovam Buarque; saúde: Nísia Trindade Lima; Trabalho: Laís Abramo; Turismo: Marcelo Freixo entre outras.

E a COP27 no Egito?

Uma das questões que dificultou o fechamento foi quanto ao eterno “perdas e danos” que se arrasta desde 2009 (COP15). À principal razão de nunca terem assinado é por medo de serem responsabilizados legalmente pelas emissões de gases de efeito estufa. Existe também uma restrição dos EUA para que a China não receba verba por ser o maior emissor mundial. Até o nome do fundo teve debate, os países em desenvolvimento queriam chamar de “compensação”, os ativistas climáticos de “reparações”. Mas os diplomatas, principalmente os americanos, chamaram o fundo de “recursos de perdas e danos”. Mesmo sendo um pequeno avanço, ainda há muito o que fazer para viabilizar a transferência de recursos para quem realmente precisa.

Ganhamos (Brasil) novamente o troféu fóssil do dia, uma menção desonrosa:  

“Do outro lado do mundo, o Brasil também merece menção honrosa. Outro país que foi estranhamente mudo nessas negociações da COP27, mas passou os últimos quatro anos tentando destruir o Acordo de Paris enquanto violava os direitos humanos e ambientais. As políticas antiambientais do governo que está saída de Bolsonaro fizeram o Brasil aumentar suas emissões por quatro anos consecutivos, um crescimento sem precedentes desde o início da medição em 1990. Isso se deve principalmente ao desmatamento da Amazônia, que está fora de controle e aumentou 73% na atual administração. Embora os ventos possam estar mudando no Brasil, não podemos ignorar os danos causados. Adeus e boa viagem a Bolsonaro e seu desastre climático.”

Quem escreveu o discurso que o Lula proferiu na COP27 foi brilhante. Espero que ele (Lula) se contente em ser esse salvador da pátria que o mundo o está colocando. Será bom para todo o mundo e principalmente para o Brasil. Ele afirmou que o Fundo Amazônia voltará a receber recursos da Alemanha e a Noruega, disse que vai criar um ministério para os povos indígenas regulado por eles e no final anunciou a vontade de realizar a COP30 no Brasil em 2025. Segue um trechinho, recomendo a leitura do discurso todo.  

 “Vivemos um momento de crises múltiplas – crescentes tensões geopolíticas, a volta do risco da guerra nuclear, crise de abastecimento de alimentos e energia, erosão da biodiversidade, aumento intolerável das desigualdades.

São tempos difíceis. Mas foi nos tempos difíceis e de crise que a humanidade sempre encontrou forças para enfrentar e superar desafios. Precisamos de mais confiança e determinação. Precisamos de mais liderança para reverter a escalada do aquecimento.

Os acordos já finalizados têm que sair do papel. Para isso, é preciso tornar disponíveis recursos para que os países em desenvolvimento, em especial os mais pobres, possam enfrentar as consequências de um problema criado em grande medida pelos países mais ricos, mas que atinge de maneira desproporcional os mais vulneráveis.

Estou hoje aqui para dizer que o Brasil está pronto para se juntar novamente aos esforços para a construção de um planeta mais saudável. De um mundo mais justo, capaz de acolher com dignidade a totalidade de seus habitantes – e não apenas uma minoria privilegiada.”

Discurso na íntegra: https://veja.abril.com.br/coluna/radar/leia-a-integra-do-discurso-de-lula-na-cop27/

Enfim temos muito que fazer! Durante a COP tentaram passar desastres ambientais aqui no Brasil, ainda bem que ficaram, em Brasília, uma dúzia de atentos ambientalistas que impediram que mais alguns descalabros acontecessem.

Por último só queria mencionar que como Glascow (COP26) não firmou os acordos que foram “combinados”, esperava-se que no Egito fossem sancionados. Pois é…

Alguns textos bons no aprofundamento do que foi a COP27:

Observatório do Clima: https://www.oc.eco.br/cop27-termina-com-uma-revolucao-e-tres-maldicoes/

Folha de São Paulo: https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2022/11/demora-para-ajuda-a-mais-pobres-na-cop27-amplia-debate-sobre-racismo-ambiental.shtml

Sumauma: https://sumauma.com/cop27-indigenas-floresta-amazonica-demarcacao-protecao-milhoes-hectares/

ClimaInfo: https://climainfo.org.br/2022/11/21/cop27-muitos-acordos-pouco-resultado/

E mais esse artigo de ontem no The Guardian: “Da Amazônia à Austrália, por que seu dinheiro está financiando a destruição do Planeta?”

Daqui alguns dias (7 a 19 de dezembro) teremos a Conferência da Biodiversidade (COP15) em Montreal. Mais uma chance para 2022 celebrar os 50 anos de Sustentabilidade e trazer resultados reais para os próximos anos.

Da COP passamos para a COPA

Também uma vergonha, um símbolo da corrupção e da “banalidade do mal” (conceito da Hannah Arendt) onde somos coniventes e até cumplices silenciosos de crimes. O famoso “Padrão FIFA”, que tentou parecer algo de qualidade, era na verdade uma poderosa máquina de manipulação e corrupção. Será que essa COPA do Qatar vai entrar para a história como as vergonhosas Copas de 1936 (Alemanha), 1978 (Argentina) e 2018 (Rússia)? Melhor para por aqui em respeito aos torcedores. Independente do padrão FIFA de corrupção, essa COPA permitiu que todos os brasileiros voltassem a vestir a camisa e torcer pelo Brasil. Um alívio depois de um longo período de hackeamento dos símbolos nacionais e da camisa da seleção brasileira. Será que agora poderemos colocar a palavra Amor na bandeira como originalmente deveria ter sido? Após da Proclamação da República as palavras da bandeira foram inspiradas no lema positivista do filósofo francês, Augusto Comte, que ressalta “o amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim”. O amor acabou sendo cortado na ocasião. Quem sabe podemos reparar isso hoje!

A invasão da Ucrânia pela Rússia completou 281 dias hoje.

O COVID volta a bater na porta, será que tem alguém?

Uma ótima inspiração para a preparação da nossa lista para 2023 é o vídeo do Yuval Harari sobre a Política da Consciência. Está em inglês, quem precisar acione as legendas (CC) do Youtube: https://youtu.be/1rtS2OEV6bM

Primeiro de Novembro

Só sei que nada sei

Existe uma longa jornada de sabedoria em busca da “verdade” para aqueles que ousam trilhar esse caminho. A jornada começa na aurora da ignorância, passa por milhares de saberes e repousa no ocaso do não precisar mais saber.

O que acontece é que quanto mais sabemos mais percebemos que há muito mais a saber.

Enquanto acreditarmos que existem separações entre esquerda e direita estaremos sujeitos a ilusão ótica de que significam alguma coisa. Nossa mente se abre a necessidade de rotular e cria modelos mentais com definições próprias mais difíceis de serem dissolvidas ou ressignificadas. Com isso somos reféns de crenças e valores adquiridas naturalmente e artificialmente. As adquiridas artificialmente são bem mais numerosas e são fruto, em geral, de manipulações sofisticadas. O conhecimento para fabricar essas manipulações estão cada vez mais em domínio público e ao alcance de um simples algoritmo. Aqueles que acreditam que estão imunes a essas manipulações são os que mais facilmente são controlados por elas. Estamos adormecidos e entorpecidos por essa envolvente vibração que nos leva a não viver a vida. Não viver a vida? Como assim? Pense no que você faz no seu dia a dia, pense no que fez nos últimos meses, nos últimos anos… Pare por alguns momentos a leitura desse texto para refletir sobre a diferença entre “Viver a Vida” e “Levar a Vida”.

Pare um pouco mais, sei que parece estranho fazer isso – viver ou sobreviver?

O Brasil, hoje, está vivendo o dia seguinte (day after) da eleição. Sei que o dia seguinte foi ontem (31/10) e ao mesmo tempo sei que ontem ainda não acabou. O que podemos dizer que ainda não foi dito? Será que ainda resta alguma palavra, alguma frase que traga paz… que devolva o Amor a bandeira? Será que haverá alguma coisa que permita que possamos voltar a nos relacionar com aqueles familiares que perdemos para a política, os amigos que cancelamos por acreditarem no inacreditável, os grupos que saímos para mantermos a sanidade? Será que acabou ou será que está acabado?

Os resultados da votação do segundo turno de anteontem foram um Brasil completamente dividido! A ironia é que os dois candidatos à presidência só se viabilizaram por causa um do outro. Dos 156.453.354 eleitores brasileiros, pouco mais de 38% votaram no Lula e pouco menos de 38% votaram no Bolsonaro, enquanto pouco mais de 24% escolheram votar em ninguém ou não votar.

O atual sistema eleitoral é um instrumento a favor da democracia ou contra ela? Os resultados das últimas décadas parecem apontar na direção contrária.

As pessoas continuam a não votar em quem querem, continuam achando que as pesquisas têm alguma utilidade e continuam acreditando que na próxima eleição vai melhorar. Como dizia Einstein, insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.

Compartilho o que disse Marina Silva em mais uma ótima entrevista no Roda Viva de ontem: “Vou muito pelo caminho da Hannah Arendt – Eu vou pelo valor da promessa e acho que o Brasil está apostando tudo na promessa de a gente buscar um novo caminho.”  Que assim seja!

Gostaria de trazer à tona (emergência) a questão de que estamos assistindo ao fim dessa civilização. Aceitamos facilmente que existiram muitas civilizações e que tiveram começo, meio e fim. Por algum motivo acreditamos que essa vai durar para sempre e não vemos (ou não queremos ver) os sinais óbvios de que está chegando ao seu fim. É como o sujeito que caiu do trigésimo andar e lá pelo vigésimo comenta: até aqui tudo bem! Os absurdos que estamos assistindo diariamente num estado de Normose só evidenciam que estamos no fim desse modelo civilizatório. E agora? O que fazer ou não fazer? Não podemos resolver pontualmente uma questão que é sistêmica. Tudo conta, somos interdependentes. Enquanto o problema for da Ucrânia, da Itália, da França, da Amazônia, dos Indígenas, das Escolas, do Governo, do Papa… não temos vínculos nem responsabilidades. No momento em que se tomar consciência (awareness) de que o problema é de toda a humanidade, os resultados começam a aparecer. Amor, compaixão, colaboração e a paz emergirão das cinzas e poderá nascer um novo modelo civilizatório.

Harari apontou três desafios existenciais para a espécie humana: o retorno da guerra (armas nucleares), o colapso econômico (colapso ambiental) e a disrupção tecnológica (inteligência artificial). Ele disse isso em 2016 e depois publicado em 2018 no livro 21 Lições.

Uma citação atribuída ao Einstein é que ele não sabia com quais armas seria travada a 3a Guerra Mundial, mas provavelmente a 4a seria com paus e pedras.

Estamos há 251 dias da invasão Russa na Ucrânia. A cada dia que passou aumentou nossa revolta? Como está nossa percepção em relação a isso? Temos alguma ideia de quantos morreram, quantos ficaram feridos e quantos tiveram suas vidas arruinadas? Normose!

Os oceanos, principal fonte de oxigênio do planeta (entre muitas outras coisas) teve seu ponto de não retorno em 2014 e de lá para cá estamos mergulhando ladeira abaixo. Como isso tem afetado nosso dia a dia? Sabemos o que isso realmente significa? Normose!

A Amazônia bate recordes mensais de destruição e está à beira do ponto de não retorno. Temos alguma real preocupação com isso? Sabemos do impacto na alteração dos rios voadores e do sistema de chuvas? Compreendemos a negligência com a gigantesca riqueza econômica da sua biodiversidade? Entendemos a importância dos guardiões da floresta (povos indígenas)? Normose!

Como diria Wilhelm Reich: ESCUTA, ZÉ NINGUÉM!

Parece que agora em novembro as atenções do brasileiro estarão voltadas para a COP27 que começa no próximo domingo (dia 6) no Egito. As principais conversas e decisões sobre os rumos da humanidade serão discutidas por lá. A imprensa e a maioria dos brasileiros estarão focados durante as duas semanas desse importante evento… só que não!

Provavelmente a Copa do Mundo será a nova distração de novembro, com ou sem figurinhas!

Normal! Normose!

Normose – Roberto Crema TEDX

Roda Viva com a Marina Silva de ontem a noite (31/10)

Primeiro de Outubro

Amanhã será outro dia!

Amanhã será mais um dia!

O que está acontecendo? Tudo ao mesmo tempo! Será que estamos ficando acostumados e a crise civilizatória não nos afeta mais? Como estamos em relação ao desastre histórico do Furacão Ian, os 219 dias da invasão Russa na Ucrânia, a vitória da Giorgia Meloni na Itália, os mísseis lançados hoje pela Korea do Norte, os incêndios e desmatamentos recordes na Amazonia, o Brasil ser o país que mais matou ativistas ambientalistas e líderes comunitários em dez anos (Global Witness), o debate ridículo entre os que podem ser eleitos para governar esse país e, também, como estamos em relação ao Covid? Alguém se importa?           

Vou, agora, falar de coisa boa! O orgulho que terei em votar amanhã! Pode?

Meu voto será para a eleger a Marina Silva!

Meu principal voto vai para Marina Silva (1818), candidata à Deputada Federal por São Paulo.

Marina Silva tem recebido meu voto, respeito e admiração desde 2010.

Nessa dúzia de anos testemunhei a ambientalista, política e professora nos mais diversos momentos de ativismo direto sem qualquer gesto de autopromoção. Uma humildade genuína diante de seu precioso conhecimento, sabedoria e legado. Uma intensa curiosidade em aprender e apreender, surpreendendo e entusiasmando quem com ela interage. Ela esteve presente em praticamente todos os acontecimentos de impacto socioambiental com ações diretas e resultados significativos.

Ela é reconhecida e admirada mundialmente. Ontem, por exemplo, saiu no jornal “The Economist” e hoje no francês “Le Monde”.

Hoje paro por aqui! Não tenho mais palavras ou energia para continuar. Talvez o show do Oswaldo Montenegro, hoje à noite, possa me trazer um pouco de paz e que a minha loucura seja perdoada.

METADE

Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece, nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas como a única coisa
Que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui
Mas a outra metade, não sei

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é plateia
A outra metade é canção
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também

Primeiro de Setembro

Estamos há um mês das eleições e apesar de tantos anos de evidências de que o processo eleitoral não tem funcionado a favor da democracia como deveria, não temos ainda outra forma de “escolher” nossos representantes. Alguns pontos são relevantes.

O primeiro turno deveria ser onde cada cidadão escolhe o candidato que mais o represente, com isso temos democraticamente uma fotografia de como está distribuída a intenção dos eleitores. O que vem acontecendo há décadas e principalmente nas últimas eleições é que o voto migrou de votar no melhor candidato para votar no “menos pior”. Muita gente passou a votar contra um candidato ao invés de a favor do seu candidato. É como preferir que o time do outro perca mais do que o seu próprio ganhe. É uma escolha pelo ódio ao invés do amor. Qual pode ser o resultado de uma eleição em que votamos nos piores?

A questão da influência das pesquisas nos resultados é outro ponto bem relevante nos resultados. Há uma tendência natural do ser humano em acreditar em números. Dificilmente uma notícia que não apresente números é considerada consistente. E por incrível que pareça, qualquer notícia que apresente números é considerada verdadeira. Por isso somos sistematicamente enganados, seja propositadamente ou ingenuamente. Por exemplo, em fevereiro de 2018 saiu uma notícia de que o Brasil levará 260 anos para atingir o nível de leitura dos países ricos. A informação é atribuída a um relatório (Pisa) de ninguém menos que o Banco Mundial. Estamos falando de uma previsão para o ano de 2.278. Como é possível alguém engolir uma bobagem dessas sem pestanejar? Vamos tentar imaginar o que significam 260 anos voltando para trás. Imaginem o Brasil no ano de 1.758, foi o ano em que se institui (Marques de Pombal) o Português como língua oficial do país. Até então, pouco se falava português, predominavam a Língua Geral (nheengatu) e o Tupi entre as quase mil línguas estimadas para a época. Com a proibição do ensino e uso de outra língua que não fosse o português, ocorreu o extermínio (chamado glotocídio) das outras línguas faladas no Brasil. Imaginem afora que a Companhia das Índias Ocidentais fizesse uma previsão qualquer para o Brasil de 2018. Os números dão a sensação de que cientistas altamente especializados conseguiram mensurar cuidadosamente e chegaram a uma verdade traduzida em números. Por que acreditamos nisso?

Voltando aos números das pesquisas e sua influência nos resultados das eleições, vou dar aqui um exemplo:

No primeiro turno da eleição para presidente em 2014, Marina Silva (após a morte de Eduardo Campos) aparece folgadamente em segundo lugar nas intenções de voto até alguns dias antes da eleição e continua em segunda lugar até o dia anterior a eleição. Vejam os números da intenção de votos na pesquisa espontânea (onde o eleitor fala espontaneamente em quem deseja votar):

Ibope (pesquisa realizada de 29/09 a 01/10) Dilma 35% – Marina 20% – Aécio 16%

DataFolha (pesquisa realizada de 01/10 a 02/10) Dilma 35% – Marina 20% – Aécio 17%

DataFolha (pesquisa realizada de 03/10 a 04/10) Dilma 36% – Marina 19% – Aécio 20%

Como pode ter ocorrido uma mudança tão súbita? Será que só as malvadezas articuladas pelo marketeiro do PT foram suficientes? Vejam o impacto que os números da pesquisa causaram. Os eleitores que estavam votando contra o PT, ao saberem (no dia anterior a eleição) que o Aécio tinha ido para a segunda colocação, migraram seus votos da Marina para o Aécio. As pesquisas causaram o efeito da profecia autorrealizada. O mais irônico é que justamente aqueles que votaram contra o PT elegeram a Dilma. Claro que o PT fez uma gigantesca campanha de difamação com mentiras e sofisticadas atuações de manipulação nas mídias sociais inaugurando um sistema que hoje chamamos de Fake News, porém foram os números das pesquisas que deram o toque final e selaram o destino do Brasil.

Outro ponto relevante nas eleições, que são obrigatórias, é a importância do “ninguém” (soma dos votos nulos, brancos e ausências). A saída mais fácil é dizer que quem não vota em alguém está indo contra a democracia ou permitindo que o pior vença. Eu pessoalmente, nunca anulei meu voto, mas acredito que é um voto válido. O ninguém fica sempre muito bem colocado no primeiro turno que deveria ser o retrato do que o país/estado/município está escolhendo para governá-lo. Muitas vezes as opções são ruins e anular o voto é um ato válido! 

Independência do Brasil foi no dia 2 de setembro

Amanhã, 2 de setembro, a independência do Brasil fará 200 anos. Sim, a independência do Brasil foi decretada no dia 2 de setembro de 1822. Quem decretou a independência não foi D.Pedro I e sim a princesa Maria Leopoldina (austríaca). D. Pedro I só foi informado da independência cinco dias depois. O pintor Pedro Américo, 66 anos depois da independência, pintou um quadro (fake news) retratando o inexistente Grito do Ipiranga, a pedido de D. Pedro II. A falsa narrativa morou por muitos anos nos livros de história do Brasil. O coração de D. Pedro I veio ao Brasil (cena ridícula) para celebrar os 200 anos da independência, enquanto quem realmente a decretou está aqui sepultada sob o Monumento à Independência em São Paulo. D. Pedro I, sem o coração, também está sepultado no mesmo local que Maria Leopoldina. Tem um podcast muito bom chamado Projeto Querino que fala da história do Brasil da perspectiva das relações de poder e suas consequências.

Curiosidade sobre o nosso hino (para mim é bem simbólico): faz 100 anos que se tornou oficial (1922). A música foi criada há 200 anos (1822), mas só foi publicamente executada em 1931 para (pasmem) celebrar a abdicação de Dom Pedro I ao trono do Brasil e foi executada em 13 de abril desse mesmo ano (por isso esse dia é o dia do Hino Nacional). A letra atual foi adicionada 78 anos depois (1909) após o primeiro golpe militar (1889) que, antes disso, tocava a “Marselhesa” (hino da França) em eventos oficiais. A letra teve 11 modificações até se tornou oficial em 1922 e permanece até hoje. Fora tudo isso, existem fortes evidências de que a música tenha sido plagiada (ou adaptada) de Paganini e ou Liszt.

Negócio da China

China, o maior poluidor do mundo, estava iniciando as negociações climáticas com os acordos na COP26 (Glascow). A visita da Nancy Pelosi (presidente da câmara dos representantes dos EUA), no dia 2 de agosto a Taiwan coloca em risco os avanços dessas negociações e indica que as expectativas para a COP27 são bem ruins.   

Congresso de Psicodrama

Amanhã começa o 23º Congresso Brasileiro de Psicodrama. A plenária de abertura do Pré Congresso será uma conversa minha e da Beth Chleba com Paulina Chamorro e Mario Mantovani sobre os caminhos da sustentabilidade. Esses dois heróis são protagonistas de muito ativismo ambiental, da política às vozes do planeta.  

Encontro de Família

No fim de semana passado participei do 13º encontro da Família K onde 235 pessoas se reuniram. Essas são as ações que levam a paz. Se cada núcleo familiar se reunisse de tanto em tanto para expressar e compartilhar amor… com certeza haveria menos espaço para cultivar o ódio.

11 de agosto de 2022

Uma fresta de esperança no horizonte!

290 dias da invasão Russa na Ucrânia

Seria inacreditável se não fosse verdade!

COVID Longa

A incerteza que ainda paira entre nós!

COP27

Será que no Egito cumpriremos as promessas de Glascow ou é um símbolo do retrocesso desses tempos de sombrios?

Rio+30 cancelada

Ela iria ocorrer de 17 a 19 de outubro , tristemente, não será realizada!

Sociedade Civil fazendo Política

Acredito que a política está cada vez mais sendo conduzida pela sociedade civil. Começando pelas bordas, pelas decisões locais, pelas alianças e associações. A sociedade civil percebe a ineficácia e ou corrupção de uma grande parte da governança pública. A sociedade civil está, também, ocupando mais a política elegendo representantes legítimos. Desejo que em alguns anos tenhamos políticos alinhados com a democracia.

Por hoje é só…

Primeiro de Agosto

Estamos aprendendo a lidar com o viver nas incertezas, apesar de ainda fingirmos que sabemos para onde estamos indo. Acreditamos que somos separados de tudo e de todos, por isso vivemos em permanente negação.

Vou destrinchar o parágrafo acima:

“Estamos aprendendo a lidar com o viver nas incertezas…”

Estamos definitivamente na era das incertezas. Estamos acostumados a acreditar que as coisas estão sob controle, seja individualmente ou coletivamente. A cada dia que passa, percebemos que tudo aquilo que acreditávamos está sendo questionado, está sendo chamado a ser repensado. Ao mesmo tempo, temos a tendência de ficarmos presos às nossas crenças e valores, mesmo que as evidências apontem em outra direção. Com as constantes mudanças que temos vivido nos últimos anos (para cada um, o número é diferente), a reação de cada pessoa às informações, desinformações e múltiplas explicações são geradoras de incertezas. Alguns preferem escolher uma explicação e ficar radicalmente a defendendo, outros buscam se informar melhor e aceitar melhor as incertezas. Diz um provérbio popular: “Quando os ventos da mudança surgem, uns constroem abrigos… outros moinhos.”

“… apesar de ainda fingirmos que sabemos para onde estamos indo.”

Temos muita dificuldade em caminhar pelo desconhecido, por aquilo que não conseguimos dar uma explicação. Por isso existem tantos mitos que rodeiam nossa cultura. Acreditamos que precisamos saber que estamos no controle dos nossos pensamentos e ações, acreditamos que a nossa realidade é a realidade. Como isso nos sentimos seguros, mesmo que para isso precisemos acreditar numa narrativa bem fantasiosa. Temos a necessidade de nos sentirmos pertencendo, aceitos. Fazer parte de um grupo (tribo) que nos acolhe, desde que sigamos suas regras de crenças e condutas. Isso nos leva a fazer escolhas do coletivo ao invés de escolhas coletivas.    

“Acreditamos que somos separados de tudo e de todos…”

Somos interdependentes, somos interligados a tudo e a todos, somos um por assim dizer. No entanto insistimos em separar, separar e separar. Em algum momento histórico acreditamos que seria mais fácil ver tudo separado para não ter que lidar com o caórdico, com o caótico. Estamos gastando muito tempo e energia para voltar a noção da complexidade em que vivemos. Essa visão sistêmica incorpora a incerteza e todas as variáveis que compõem a vida como ela é. Ao separarmos teremos sempre o nós e o eles, o certo e o errado, o bom e o mal e perdemos de vista que essas polaridades são parte do todo. São lados (dualidades) do mesmo bastão. A computação funciona com esse princípio da dualidade. Para tudo que fazemos num computador existe apenas o ligado e desligado (0 e 1). Literalmente é isso, as combinações entre essas duas partes formam o todo. Parece metafisico, mas é muito simples e ilustra bem nossa tentativa desastrosa de separar o que funciona bem junto. A medicina é um outro bom exemplo. Se você separar algum órgão do corpo, ele deixará de funcionar como deveria. Apesar disso ainda se insiste em ter especialistas que procuram resolver uma parte sem olhar para o todo integral, funcional.   

“… por isso vivemos em permanente negação.”

Negamos o outro, sua cultura, suas crenças, seus valores, sua origem, sua verdade, sua cor, suas escolhas. Negamos a natureza como se não fossemos natureza. Negamos porque aprendemos a negar o que não somos, o que não temos, o que nos amedronta.

Podemos reaprender que podemos viver com o que a vida nos oferece. Que tudo bem não saber. Que podemos viver em colaboração. Que podemos aprender e amar com o diferente, com o que temos e com nossos medos.

Vou escrever novamente o primeiro paragrafo e espero que as palavras sejam mais significativas do que na primeira leitura:

Estamos aprendendo a lidar com o viver nas incertezas, apesar de ainda fingirmos que sabemos para onde estamos indo. Acreditamos que somos separados de tudo e de todos, por isso vivemos em permanente negação.

O Homo Sapiens tem a capacidade de acreditar em coisas que não existem. Com isso, segundo Yuval Harari, ele conseguiu criar comunidades cada vez maiores e controladas por essas… fantasias. O que nos faz acreditar no inacreditável? O que nos faz acreditar nas narrativas imaginadas por quem controla os bandos, as empresas, as cidades, os estados e os países separados por linhas imaginárias. Essas ficções são cada vez mais sofisticadas e agora querem nos levar ao Metaverso que o Zuckerberg quer nos fazer acreditar que é dele. No meu tempo chamavam isso de vaporware. Novamente indico a fala do Yuval em Londres no TEDx em junho de 2005.

Todo dia, toda hora alguém cai numa ficção (oficial ou não) que os de fora riem dos trouxas que acreditaram no mito. Como respondia, brilhantemente, o Joseph Campbell quando perguntado o que era Mitologia: “Mitologia é a religião dos outros.” Há centenas de exemplos uns mais engraçados que os outros, claro que quando não somos nós que acreditamos neles. Pensei em colocar um exemplo icônico nesse texto. Nada de grupos como os qu e acreditam que a Terra é plana ou os QAnon. Pensei em exemplos como o da Theranos da Elisabeth Holmes, Realfooding do Carlos Ríos, Knoedler Gallery com a Ann Freedman, Quadriga do Gerald Cotten e tantos outros. Escolhi a Juicy Fields, uma empresa que prometia fazer o seu dinheiro render através de plantações de maconha. O negócio parecia tão rentável que uma grande quantidade de investidores caiu nessa ficção. Mesmo tendo muitos textos e vídeos denunciando que era uma fraude, teve gente que acreditou. Vale a pena ler a história publicada no El País em espanhol ou inglês.

Bruno Pereira e Dom Phillips continuam a gerar consciência mundial sobre as atrocidades cometidas pelo atual governo na destruição da Amazonia e dos povos que a protegem. O pedido de demissão de mais um interino a frente da Funai na Terra Indígena do Vale do Javari revela a precariedade de condições de segurança da região. O presidente da Funai, o delegado da Polícia Federal Marcelo Xavier, inacreditavelmente, nunca foi a região. O governo (ou desgoverno) respondeu a CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos) sobre as medidas cautelares das mortes de Bruno e Dom, omitindo o trabalho dos indígenas locais nas buscas (mencionados em meu texto anterior) e deixando de fora o fato de que o Bruno vinha sendo ameaçado.  

Estamos há 159 dias da invasão Russa na Ucrânia e o mundo continua passivo.

Estamos entrando no 32º mês da presença do COVID-19 e ainda não temos respostas para as perguntas básicas. Alguém sabe dizer de onde o vírus se originou, quais cientistas estavam certos, resultados de cada vacina, quem agiu criminosamente ou qualquer outra pergunta? Cada um de nós acredita que estamos certos e os outros estão errados. Voltamos a Mitologia do Campbell. Hoje a França liberou completamente as medidas de restrições ao COVID-19. Estamos confirmando a endemia no lugar da pandemia?  

Sobre tudo isso que escrevi acima, recomendo fortemente a leitura do livro “The Coronation” de Charles Eisenstein que saiu há quatro dias (28/07). Trata-se de uma compilação de artigos que escreveu sobre a pandemia e, o mais impressionante, é a atualidade desses textos. Ouvi o livro narrado pelo próprio Charles, são quase 5h53 minutos que passam bem rápido nas caminhadas e momentos de “leitura”. Em julho Charles escreveu 4 textos que merecem ser delicadamente saboreados. A leitura de cada um deles varia de 10 a 15 minutos, e também podem ouvir a versão em áudio lida pelo Charles:

Pandemia 1https://charleseisenstein.substack.com/p/pandemania-part-1

Pandemia 2https://charleseisenstein.substack.com/p/pandemania-part-2

Pandemia 3https://charleseisenstein.substack.com/p/pandemania-part-3

Pandemia 4https://charleseisenstein.substack.com/p/pandemania-part-4

Texto no site de Charles Eisenstein sobre seu novo livro “The Coronation”:

“Meu livro mais recente compila minha melhor escrita da era Covid, com um prólogo, epílogo e mini introduções adicionados a cada ensaio. Inclui e tem o nome do meu ensaio de abril de 2020, “The Coronation”.

Desde o fim amorfo da pandemia, o Covid afundou parcialmente no inconsciente político. Questões anteriormente polêmicas não são mais tão politicamente carregadas, não são mais tão carregadas de dinâmicas sociais de identidade e pertencimento. Isso significa que as pessoas estão prontas, talvez, para expandir sua criação de sentido e significado em torno do Covid.

Meus ensaios em 2020 e 2021 foram além de articular uma posição contrária sobre as questões do dia. Sim, engajei criticamente as questões atuais, mas sempre com o objetivo de incorporá-las em um quadro maior. Portanto, nenhum dos ensaios é datado; se alguma coisa, eles são mais relevantes hoje do que nunca, à medida que as paixões e lealdades da era Covid diminuem. Infelizmente, grande parte da nuance e complexidade do que eu estava dizendo foi abafada na época por uma tempestade de forças sociais e psicológicas primordiais: histeria e contra-histeria, conformidade irracional e desafio reflexivo, moralidade da multidão e psicose em massa, medos de morte não processados e ressentimentos sociais latentes.

Agora, à medida que a tempestade passa, estou sentindo uma nova abertura para o que ofereci. Portanto, juntei meus ensaios relacionados ao Covid de 2020 e 2021 neste livro, mapeando um arco social externo e psicológico interno da pandemia. Acredito que, com um pouco de distância, The Coronation ajudará um projeto vital de construção de sentido nos próximos anos. Sim, vital. Eu sinto uma sensação de urgência em torno deste livro. As forças sociais que surgiram durante a pandemia ainda fervilham sob a superfície. A maquinaria ideológica que os explorou ainda está intacta, e suas tecnologias de controle associadas estão mais desenvolvidas do que nunca. A história pode facilmente se repetir de maneira ainda mais extrema, se permitirmos.

No meu ensaio inicial sobre Covid, “A Coroação”, descrevi a pandemia como uma iniciação: uma interrupção na normalidade que revelaria o que se escondia dentro e entre nós, que nos enfrentaria com novas escolhas e exigiria de nós novas capacidades. Uma coroação, eu disse, é uma iniciação à soberania, onde escolhas até então inconscientes se tornam conscientes. O Covid iluminou para onde estamos indo: um mundo alienado, trancado, tecnologicamente mediado, ideologicamente polarizado, autoritário e medicalizado sob controle cada vez mais intenso. Essas tendências não começaram de repente em 2020. Agora que vimos claramente nosso destino, não é mais inevitável. Podemos escolher outro com base no que consideramos sagrado.

The Coronation baseia-se em várias narrativas de Covid concorrentes sem ser escrava de nenhuma delas. Em um ponto de 2020, eu disse em um podcast em algum lugar que só seríamos capazes de entender o Covid quando cada um de nós deixar de lado pelo menos uma crença muito arraigada sobre isso – uma crença, talvez, que uniu a realidade. Porque, seja a realidade ortodoxa total delimitada pelas autoridades de saúde pública, Facebook, Twitter, os verificadores de fatos e a grande mídia, ou o universo alternativo conspiratório mais rebuscado, ou algo entre esses extremos, a realidade do Covid que habitamos foi forjado não apenas a partir de evidências e razões. Agora que algumas das paixões diminuíram, podemos começar a remontar os fragmentos do velho normal despedaçado em uma nova compreensão sã e coerente. A Coroação visa servir a esse processo. Certamente não responde a todas as perguntas sobre a pandemia – como poderia, quando novas revelações aparecem praticamente a cada dia? Mas posso prometer a você que trará nova clareza e ação a pelo menos uma pergunta: que mundo devemos escolher agora?”

Encerro o texto de hoje com a terceira leitura do primeiro parágrafo:

Estamos aprendendo a lidar com o viver nas incertezas, apesar de ainda fingirmos que sabemos para onde estamos indo. Acreditamos que somos separados de tudo e de todos, por isso vivemos em permanente negação.

Primeiro de Julho

Luz no fim do Túnel?

Esse mês de junho foi muito… muito intenso. Foi um daqueles meses que parecem um ano inteiro. A começar que estou escrevendo essas linhas com covid no meu organismo, testei positivo há três dias.

Desinformação

Quanto ao covid19, me lembro de várias vezes ter escrito questionando nossa percepção em relação aos números publicados por cada país, aos tratamentos recomendados, a origem do vírus, a eficácia de cada vacina, as medidas de prevenção, compensações econômicas, benefícios escusos, políticas antiéticas e as decretações do fim da pandemia, começando pela Dinamarca no dia primeiro de fevereiro desse ano. Passados dois anos e meio continuamos sem respostas para nenhuma dessas questões e as divergências são tão antagônicas quanto (ambas) cientificamente comprovadas. Resta ao cidadão se conscientizar de que não existe o certo e o errado e sim a falta de informação, a desinformação e a informação. Sendo a desinformação a mais usual, porque é atraente para quem lê, vem travestida de informação, gera muitos negócios e tem a garantia de impunidade para quem a produz. A falta de informação não é atraente, reflete um certo fracasso, gera demanda por informação (geralmente preenchida, oportunisticamente, por desinformação) e ao seu favor conta apenas a honestidade. Quanto a informação é uma joia rara que se confunde facilmente com bijuteria. A informação é geralmente mais inacreditável do que a desinformação, não tem apelo (appeal) e a narrativa (por não ter sido construída) não cola. Portanto estamos bem, correto? Bem mal!

A arte da desinformação tem método, intenção e patrocínio. Ela não é nova, sempre existiu. Para que ela funcione bem é preciso que por um lado se anuncie que o rei nu está vestido e por outro oferecer pão e circo. A vantagem que a desinformação tem é que a grande maioria acredita e deixa quem não acredita numa situação constrangedora.

Uma das estratégias, hoje bem conhecida é de após fabricar essas fake news, eles procuram espalhar através dos seus milhares de micro funcionários para tentarem se destacar junto aos chamados “inocentes uteis”. Eles são em geral os influencers (influenciadores) que na verdade são apenas intermediários. Eles não produzem notícias, repassam aquelas que estão “bombando”. Com isso o público deles (cada vez maior) tem a sensação de que são eles que fizeram a notícia “bombar”. Tem muitas outras estratégias conhecidas.

O caso da desinformação sobre o ator francês, Alain Delon, ter decidido realizar seu suicídio assistido divulgado em abril desse ano no mundo inteiro, ajuda a ilustrar essa ideia. Foi uma fake news, como tantas, que fez centenas de milhares de fãs acreditarem que ele tinha morrido e ou que tinha marcado seu suicídio com o acompanhamento do seu filho. A fabricação é simples, alguém pegou um trecho de uma entrevista dele e outra do filho e tirou completamente do contexto, acrescentaram que o ator se mudou para a Suíça porque lá a eutanásia é legalizada. O resto da mídia foi na onda e replicou a bobagem, o assunto viralizou nas redes sociais e até hoje tem gente acreditando que isso seja verdade. As vezes acontece um acidente como no jornal Folha de São Paulo que no dia 11 de abril (e não 1º de abril) anunciou, na internet, a morte da Rainha Elizabeth: “Morre Elizabeth 2ª, a mais longeva rainha da história britânica, aos XX” com o subtítulo: “Discreta, soberana deixa como maior legado confiança na monarquia”. A situação viralizou nas mídias sociais em que os títulos eram versões de “Folha Mata Rainha da Inglaterra”. Nesse caso da Folha, não foi uma desinformação deliberadamente montada, na verdade é um caso de falta de informação – não sabemos como e porque ocorreu essa gafe. Tudo bem!

Bruno Pereira e Dom Phillips

No dia primeiro de junho, eu estava conduzindo uma conversa num evento híbrido paralelo a Stockholm+50 pela SOL (Society for Organizational Learning) de Estocolmo. A conversa foi com o líder indígena Almir Suruí (Rondônia) e uma inédita visita virtual a aldeia Maronal, no Vale do Javari, onde o Cacique Alfredo Maronal descrevia para o publico em Estocolmo e no Zoom as principais ameaças à vida dos povos locais e à floresta Amazônica. A situação descrita (in loco) chocou os participantes estrangeiros a nossa realidade. Parecia tão inacreditável, que muitos confessaram depois, achavam que estavam exagerando. Não era possível, nos dias de hoje, que isso fosse permitido e pior… até incentivado. Quatro dias depois – simbolicamente – no dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, definido por causa do primeiro evento internacional sobre o meio ambiente há exatos 50 anos em Estocolmo, desaparecem dois importantíssimos ativistas da causa humanitária, exatamente na região próxima a aldeia Maronal, no mesmo rio (Ituí/Itaquaí) e na mesma cidade (Atalaia do Norte) mencionada pelo cacique Alfredo. Aliás, Bruno e Dom estavam em Atalaia do Norte nesse mesmo dia 1º enquanto, próximo dali, estávamos numa roda de conversa híbrida com cerca de 40 pessoas de 15 países diferentes. O jornalista inglês Dom Phillips estava entrevistando lideranças indígenas para seu livro “Como Salvar a Amazônia”.  

Foi só na segunda-feira, dia 6, que o mundo acordou com a notícia do desaparecimento e durante a semana uma parte do mundo acordou para a (ir)realidade dos crimes contra a humanidade cometidos na Amazônia. O que se seguiu e continua até hoje são cenas do horror que os povos da floresta vêm enfrentando, principalmente, nesses mais de três anos.     

Esse encontro que conduzi em Estocolmo contou a ajuda de muita gente e principalmente com a FAS (Fundação Amazonia Sustentável) liderada pelo amigo Virgílio Viana que vem, entre tantas outras coisas, viabilizando pontos de inclusão digital nos pontos mais remotos da floresta Amazônica e da indígena Rosa dos Anjos responsável pela área indígena da FAS, amiga de Bruno Pereira. Essa empreitada parecia tão impossível, principalmente porque nunca tinham feito uma comunicação por Zoom e não estavam conseguindo se conectar. No dia anterior tentamos fazer um teste, fiquei com a sala aberta aguardando que pudessem conseguir entrar. Até as 23h não tinham conseguido e não havia como me comunicar com eles. Para completar recebi a informação que a Txai Suruí não tinha conseguido embarcar no translado e que não chegaria a tempo em Estocolmo para participar com a Adri Maffioletti que ia ser (e foi) a host e tradutora no lado presencial em Estocolmo. Fui dormir pensando no texto que mandaria avisando que não ia rolar o encontro. Logo cedo, cedo mesmo porque as atividades começavam em Estocolmo às 9h (4 da manhã no Brasil) o Zoom me mandou uma mensagem que tentaram entrar a meia noite na sala, ou seja, havia esperanças e para melhorar ainda mais o Cacique Almir Suruí se ofereceu para participar substituindo sua filha Txai. Estava parecendo que conseguiríamos realizar essa façanha. A Adri Maffioletti foi uma host maravilhosa, transbordou simpatia, alegria, competência na tradução para o inglês, conhecimento profundo da causa indígena brasileira principalmente da necessidade de um ativismo mundial da qual é uma das expoentes do Fridays for Future e MAPA (Most Affected People and Areas). Recebemos, no dia do evento, um vídeo com depoimento do líder Pedro Marubo em sua língua nativa:

Depoimento de Pedro Tamasaimpa Marubo fala: “Nós defendemos a nossa floresta e nosso território não é simplesmente para morar. Ela nos oferece recursos naturais como por exemplo: Ervas e plantas medicinais, lagos, igarapés e matas que nos oferece peixes, caças sem fim. Por esta razão, defendemos nosso chão porque, a terra para nós povos indígenas é o melhor que governo, ela nos dar tudo que precisamos. Enquanto governo nos tira nossa terra apoiando garimpo, fazendeiros e madeireiros. A chegada da internet na nossa aldeia é muito importante para todos nós. Os nossos filhos terão conhecimento científico-tecnológica do homem branco e vamos juntar com nossos conhecimentos tradicionais nós também participaremos das reuniões que acontecerão longe nas cidades através de videoconferências e outros assuntos do nosso interesse que serão discutidos pelos políticos muitas vezes homem branco discutem sem a nossa participação agora podemos falar direto da nossa aldeia sem ter que sair, vocês chegam até nós para nos ouvir e buscar nos ajudar.”

Sugiro fortemente que vejam esses importantes links para entrarem mais profundamente nas questões sistêmicas rodeando Bruno e Dom.

The Guardian em inglês (entrem também nos links):

Agência Pública (vários artigos):

Vozes do Planeta (Paulina Chamorro)

Roda Viva (Sydney Possuelo)

Stockholm+50

Provavelmente a Suécia, num futuro muito próximo, vai se envergonhar profundamente do que fez e principalmente do que não fez nesse evento que deveria ter sido o mais significativo dessa década. Ela conseguiu desmobilizar de tal maneira que se torna quase impossível tirar alguma coisa de boa dela. Acompanhei integralmente ao vivo no dia 2 e 3 de junho (as datas já são parte da vergonha) e fui vendo as gravações ao longo da semana seguinte. O país de Greta Thunberg e de Johan Rockström não poderia ter feito isso com a memória da Estocolmo 1972 e dos 50 anos de tudo que foi gerado de encontros, documentos, decisões e acordos de sustentabilidade. A reunião preparatória de 28 de março na ONU em Nova York já anunciava o fracasso e não teve qualquer esforço de minimizar (ou mitigar) os resultados negativos. Como todo evento da ONU, o que fez valer a pena de ir a Estocolmo foram os eventos não oficiais promovidos pela sociedade civil. Parece que depois de 50 anos ainda não aprendemos de que a ONU, os governos e as empresas não deveriam mais serem convidadas a participarem de encontros tão importantes. Há honrosas exceções como o Protocolo de Montreal e outros que geraram resultados. Num dos eventos laterais que participei era sobre porque as ODS não emplacaram e suas implicações na política. Esse mês deve sair um livro sobre um estudo profundo apresentado no evento “The Political Impact of the Sustainable Development Goals“ lançado pela Cambridge University Press e pode ser baixado gratuitamente

Os jovens e os povos originários foram os responsáveis pelas principais atrações e movimentos ativistas. Esperamos que tenhamos melhor aproveitamento na nossa Cúpula dos Povos na Rio+30 em outubro desse ano.   

Tempo Quente

Um dos grandes presentes de junho foi o lançamento do Podcast “Tempo Quente” (Radio Novelo) que foi lançado em 7 de junho com o episódio “Alerta Vermelho” e a inacreditável história do “carvão mineral sustentável” contada deliciosamente pela jornalista Giovana Girardi.

https://www.radionovelo.com.br/tempoquente

No episódio dessa semana “Amazonia sitiada”, sem dar spoiler tem uma deliciosa linha do tempo contada com amor, humor e responsabilidade socioambiental. Adorei a mini participação do Tasso Azevedo (MapBiomas) e do Claudio Angelo (Observatório do Clima)

Gostei também da Giovana ter colocado o Delfim Neto no local que ele merece ao invés de reverenciá-lo, como o fazem algumas mídias. Uma das pérolas ditas por ele é de que “a Trans Amazônica é a coisa mais fake news que já se construiu no Brasil”. Olha só quem fala!

Vida longa ao Tempo Quente!

Luz no fim do túnel nas eleições 2022

Depois de tantos mandos e desmandos para sistematicamente destruir a democracia, acredito que podemos vislumbrar alguma luz no fim desse escuro, violento e corrupto túnel. O assunto não poderia ser eleição presidencial, não há o que dizer apesar de todos não pararem de falar.

Amanhã, 2 de julho, o Meio Ambiente tem o prazer de anunciar a pré-candidatura de Marina Silva para Deputada Federal por São Paulo. Quem for de outro estado, pode contribuir pedindo a um amigo ou parente de São Paulo votar nela. Além de Marina Silva existem outros que defendem a democracia e a pauta socioambiental. Esperamos que tenhamos cada vez bons políticos eleitos.

Espero que políticos como os que estão causando os problemas na Amazônia, por terem aberto a porteira aproveitando a pandemia, recebam poucos votos dos cidadãos desinformados.

Enquanto isso…

Presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, bem próximo ao presidente da república é acusado de assédio sexual e pede rapidamente demissão.

O ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro foi preso.

Na Colômbia, Gustavo Petro, vence a eleição. Uma esperança?   

Encontro do G7 nos Alpes da Bavária (Alemanha)

128 dias de invasão Russa na Ucrânia

Terremoto no Afeganistão

Greta Thunberg aparece de surpresa no Festival de Glastonbury

Terminou ontem a Cúpula da OTAN

Mesmo com tudo isso vemos uma luz no fim do túnel… só esperançamos de que não seja um trem!

Primeiro de Junho

Adri Maffioletti

Hoje é, antes de mais nada, o aniversário de dois anos da minha neta. Razão de ser de tudo que faço para um planeta melhor.  Nossas ações de hoje são para as futuras gerações.

Hoje foi um momento histórico num evento em Estocolmo celebrando os 50 anos da primeira conferência da ONU. O encontro contou com a presença da jovem indígena ativista Adri Maffioletti que liderou a conversa e traduziu para o público local as vozes das lideranças indígenas da Amazonia do distante Vale do Javari (Aldeia Maronal do povo Marubo) e do Cacique Almir Suruí da Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal, Rondônia. Txai Suruí, que foi a primeira indígena a fazer um discurso (notável) na abertura de uma COP (COP26 Glasgow), também deveria estar presencialmente nesse evento em Estocolmo, mas seu voo atrasou muito e não conseguiu chegar. Seu pai, Almir Suruí, falou da situação crítica da região pelo desmatamento e grande pressão da mineração, muitas vezes incentivado pelo governo. As instituições do governo estão apresentando leis que querem garantir desmatamento, mineração e arrendamento das terras indígenas. Por exemplo, na Terra Indígena Sete de Setembro parte do governo estão apoiando a criação de uma cooperativa indígena de agronegócio, isso é muito ruim para os indígenas locais. A luta deles é de preservar a floresta, os rios, sua cultura e buscar uma forma econômica mais sustentável. Em seguida Virgílio Viana fundador da FAS (Fundação Amazonia Sustentável) que possibilitou esse encontro através do programa dos polos de inclusão digital, apresentou os principais desafios para a preservação da floresta amazônica e seus guardiões. A principal mensagem é de que já passamos da fase de conscientizar e agora é o momento de agir. Muito forte! Rosa dos Anjos, indígena, responsável na FAS pela área indígena apresentou falou dos desafios enfrentados pelos povos da Amazonia. Fomos (em torno de 15 países no evento) transportados virtualmente para a Aldeia Maronal onde o Cacique Alfredo Maronal nos deu noção dos desafios que estão vivenciando principalmente com os invasores nas fronteiras com o Peru e a Colômbia. São pescadores, caçadores, garimpeiros e narcotraficantes. Os representantes que vivem na cidade estão sendo ameaçados pelos pescadores e caçadores, recentemente teve troca de tiro na base do rio Ituí. Precisam de reforço nas bases e estrutura para evitar os invasores. Precisam que instituições e órgãos responsáveis para proteger as bases e seus representantes. O desmatamento já está ultrapassando para dentro das áreas indígenas no Acre. A preocupação dos indígenas como um todo é muito parecida. Esse encontro me emocionou muito! A chamada para o evento pode ser vista no https://bit.ly/AmazonPeople

Amanhã, 2 de junho, começa a Stockholm+50 que tem na sua programação oficial (ONU e Governo Sueco) apenas mais do mesmo. A reunião preparatória em 28 de março na sede da ONU (Nova York) selou o triste destino de um evento que tinha tudo para ser grandioso. Espero estar enganado. Enquanto isso nas ruas e nos eventos laterais, como o de hoje, há muita esperança de resultados importantes. A Stockhol+50 “de verdade” acontece fora dos muros oficiais. Estarei os próximos dias, como estive nos últimos dois, imerso nas dezenas de eventos paralelos. O Dia Mundial do Meio Ambiente é no próximo domingo, 5 de junho! Ironicamente o evento oficial termina no dia 3.

Que as próximas gerações nos perdoem………. perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem!