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Posts Tagged ‘Alan Dubner’

Acreditamos no inacreditável?   Sim!

Somos manipuláveis?   Sim!

Alguém acha que não?   Sim!

Você acredita?

A realidade que vemos é diferente da realidade que os outros veem, no entanto agimos como se víssemos a mesma ou, pelo menos, uma bem parecida. Quando Joseph Campbell disse que a “Mitologia é a Religião dos Outros”, estava denunciando que temos a percepção de que o que acreditamos é “a” realidade, enquanto os outros acreditam em fantasias. Genial como sempre!

Nesse contexto é cada vez mais difícil manter uma conversa gerativa sobre qualquer assunto. Sendo que alguns temas, só de mencionar o título, gera um completo fechamento para ouvir o outro… um outro olhar! Só uma escuta generosa pode alterar esse estado em que nos encontramos hoje.

Algumas questões para exemplificar. Origem do COVID19: vazou de um laboratório ou de um animal exótico (pangolim)? Formato da Terra: plana ou redonda? Robinho e Daniel Alvez: culpados ou inocentes? Chuvas em São Sebastião: mudança climática ou evento isolado? Invasão da Russa na Ucrânia: crime ou dever? Monark e Nikolas Ferreira: adequados ou inadequados? Vacina contra a Covid-19: faz bem ou faz mal?  Pessoas que invadiram e depredaram prédios do governo no dia 8 de janeiro: patriotas ou criminosos? Disco voadores: existem ou não existem? Garimpeiros em terras indígenas: trabalhadores honestos ou genocidas? Aborto: legaliza ou criminaliza? 1º de abril de 1964: revolução ou golpe? Salário de jogador de futebol: justo ou exagerado? Eleições: são fraudadas ou não?

Na verdade, não temos como responder objetivamente nenhuma dessas perguntas, muito menos… um sim ou não! Porém não só acreditamos que sabemos as respostas como ficamos admirados como os que não pensam como a gente. Nenhuma das questões acima pode existir como estão formuladas. Nada é somente certo ou errado, sim ou não, esquerda ou direita, dor ou prazer, pobre ou rico, grande ou pequeno, frio ou calor e assim por diante. O olhar para cada uma delas é complexo e precisa ser visto sistemicamente.

Vou abrir a porta de uma delas Eleições: são fraudadas ou não?

Vou começar perguntando qual é o objetivo das eleições. A resposta mais comum é dizer que servem para eleger a representação da maioria da população. A resposta já começa equivocada porque esse sistema elege a representação da maioria dos eleitores que votam ou dos colégios eleitorais (dependendo da conjuntura local). No primeiro turno da eleição de 2022 apenas 118 milhões votaram numa população estimada em 216 milhões.

Em geral a fraude nas eleições fica focada nas urnas e não na manipulação que vem sendo feita há muitos anos, sendo que nos últimos dez anos de forma altamente sofisticada. Em 2014 eu mesmo fiquei pensando se existia essa possibilidade e escrevi um texto com minhas preocupações diante da minha ignorância sobre o assunto.

Na semana passada desvendaram a identidade do Team Jorge. Quem nunca ouviu falar desse nome, deve ler com atenção essa história que envolve provas concretas de fraude nas eleições… em várias eleições! A Cambridge Analytica ficou mais famosa no episódio em que o Facebook, inacreditavelmente, conseguiu se safar. Tem muito material para quem quiser entender como as eleições são fraudadas hoje em dia. Prestem atenção para nomes que ainda não estavam nos textos e documentários que falarei em seguida. Entre vários, a Eliminalia do Diego ((Didac) Sanchez que promete apagar seus rastros indesejáveis na internet e que agora está migrando o nome para iData Protection, pode ser uma nova onda de manipulações dos nossos dados. A onda de difamações e fake news produzidas em alta escala começou em 2014 nas eleições brasileiras conseguindo reverter o resultado natural, provavelmente nosso país seria outro hoje. Outra eleição manipulada que alterou o resultado natural e com isso alterando completamente o rumo da Europa foi em junho de 2016 com o BREXIT. Logo em seguida a eleição americana que surpreendeu ao conseguir nomear o Trump como candidato Republicano e elege-lo presidente dos EUA. Essas fraudes eleitorais alteraram o rumo do mundo todo abrindo caminho para a extrema direita de outros países.

Recomendo fortemente ver ou rever o documentário (2019) da Netflix “Nada é Privado: O Escândalo da Cambridge Analytica” (The Great Hack)

O documentário “Driblando a Democracia” (2019) da Produtora Francesa ARTE (com legendas em português). O documentário tem amostras de resultados que são impressionantes, como uma pesquisa realizada no Facebook demonstrou que os algoritmos conhecem você melhor que seus colegas lendo apenas 10 likes (curtir), melhor que sua família com 100 likes e melhor que o seu cônjuge com 230 likes. Não está no documentário, mas fiquei pensando que possivelmente com 1.000 likes ele nos conhece melhor que nós mesmos.

Recomento também 15 minutos do TEDX com a jornalista do The Guardian (Observer) Carole Cadwalladr.

O livro da Brittany Kaiser “Manipulados” (2019) é uma jornada nos bastidores de mundo da manipulação e fraude nas eleições.

Ainda não li, mas está na minha lista o livro do Christopher Wylie “Mindf*ck”

Só queria trazer mais um elemento de uma questão acima que é quanto as chuvas do litoral norte de São Paulo. Spoiler: vou ser altamente tendencioso e dizer o que penso, sem ser muito generoso com o outro lado (pois é). Apesar da tragédia ser comprovadamente resultado das mudanças climáticas, tenho recebido algumas postagens enviadas por pessoas me perguntando o que acho sobre as “bobagens” que estão recebendo. Triste que estejam sendo produzidas e mais triste ainda que tem gente acreditando e repassando. Você de um lado escuta a opinião de cientistas renomados declarando as razões da tragédia e de outro lado desconhecidos “especialistas” (se é que são reais) falando o contrário. Eu mesmo me denunciei nessa 😊      

371 dias da invasão da Rússia na Ucrânia, será que depois de um ano conseguimos responder ou ter uma opinião nas principais questões sobre a tragédia? Será?:

1- O que motivou Putin a invadir a Ucrânia?

2- Como os 195 países do planeta (inclusive Rússia) estão vendo essa invasão que dura mais de um ano? E o que estão fazendo a respeito? Cite a visão e ação expressa pelo Brasil e, pelo menos, mais 10 países.

3- Qual o saldo de mortos e feridos?

Já dá para parar por aqui… né?

Aprendemos e apreendemos o tempo todo, A questão é quanto as escolhas do que fazemos com relação ao tempo e o espaço.

Hoje de manhã tive um encontro com uma transbordante troca de aprendizagens e falávamos dessa questão da percepção da realidade que me inspirou a escrever o texto de hoje. Aprendi o conceito de “noumeno” de Imannuel Kant. Noumeno é a realidade em si que não temos como percebê-la porque ao colocarmos nossa consciência nela, criamos um fenômeno. Portanto o conhecimento se refere apenas aos fenômenos percebidos e não a coisa em si.  Foi poeticamente ilustrado com a frase: “a consciência colore o noumeno e produz o fenômeno”. Tentando traduzir, seria como se a realidade que percebemos foi tingida por quem somos (consciência). Uma bela ilustração desse ponto foi uma experiência relatada onde, buscando aprender a interpretar uma obra de arte, percebeu que usava todas as suas próprias histórias vividas. Ou seja, contemplava a obra munido de sua própria bagagem cultural. Outro momento rico, dessa conversa, foi a lição de que podemos colocar a curiosidade no lugar do julgamento. Que desafio simpático procurarmos ao invés de julgar o outro, ouvi-lo interessadamente. Transformar julgamento em curiosidade! E desse desafio vem a possibilidade de mudarmos de opinião. Relatou uma vivência em que estava na feira (CEASA) e as pessoas ficavam gritando sem parar um com os outros. Chegando numa das barracas pediu para um rapaz não gritar tanto porque estava querendo comprar frutas dele. O rapaz passou a gritar mais alto. Indignado e irritado voltou depois a barraca para se queixar com o dono sobre a atitude do funcionário. Depois de refletir um pouco, o feirante lhe disse: “você vai ter que relevar”! Saiu revoltado e alguns minutos depois percebeu que o feirante tinha razão… ele precisava relevar. Aquele era o ambiente natural daquele espaço e ele estava querendo impor que os outros se adaptassem ao que ele queria. Voltou para agradecer o feirante pela sabedoria. Ótimo exemplo de revisitar e suspender seus julgamentos para deixar espaço a uma escuta generosa. Aprendi ou reaprendi, também, que a escuta cura porque a escuta é afeto.

A escuta é afeto!     

Muitas e muitas outras coisas aprendi dessa conversa gerativa, entre elas a dica de um livro que quero muito ler. Já comprei e chega na segunda feira. Being Logical: a guide to good thinking do Dennis Mclnerny.

E a mais sênior de nós fez uma pergunta muito corajosa e pertinente. Pedia ajuda para saber o porquê e para que estava conosco nesse grupo mensal de conversa. Apesar de parecer uma pergunta com uma resposta fácil… é uma resposta bem complexa. Esse foi mais um presente dessa manhã onde passei o dia escrevendo esse texto e a todo instante me perguntando o porquê e o para que estou o estou escrevendo. A resposta aparentemente simples é porque estou me exercitando para escrever meu livro e ao mesmo tempo registrando ideias do Aqui e Agora a cada primeiro dia do mês… a resposta é bem mais complexa e terei que continuar a refletir muito.

Brasil e EUA

No dia 10 de fevereiro o governo brasileiro (Lula) se encontrou com o presidente dos EUA (Biden) e John Kerry está no Brasil alinhando alguns acordos estabelecidos entre os dois países.

Ontem (28/02/2023) Marina Silva ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, anunciou junto com o secretário John Kerry o acordo feito entre os dois países. Capobianco lê o acordo na íntegra.

A Agência Pública produziu mais uma matéria de peso sobre 340 empresas com certificado de sustentabilidade acusadas de crimes ambientais. Tenho esperanças (do verbo esperançar) de que estamos caminhando para uma direção melhor.

Ontem (28/02/2023) a Funai veio a público pedir desculpas às famílias do indigenista Bruno Pereira e a do jornalista britânico Dom Phillips pela nota que a entidade divulgou durante o governo Bolsonaro. Eles foram assassinados no Vale do Javari e a repercussão internacional ajudou a trazer um pouco de luz para a situação de genocídio dos povos indígenas no Brasil. Em primeiro de junho de 2022, eu estava conduzindo com a SoL Brasil, uma conversa num evento híbrido paralelo a Stockholm+50. A conversa foi uma (inédita) visita virtual a aldeia Maronal, no distante Vale do Javari, onde o Cacique Alfredo Maronal descrevia para o público em Estocolmo e virtualmente no Zoom as principais ameaças à vida dos povos locais e à floresta Amazônica. A situação descrita (in loco) chocou os participantes, principalmente os estrangeiros. Parecia tão inacreditável, que muitos depois confessaram que acharam que estavam exagerando. Não era possível, nos dias de hoje, que isso fosse permitido e pior… até incentivado. Quatro dias depois — simbolicamente — no dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente eles foram assassinados. Seria apenas mais um caso encoberto e esquecido se não fosse pelo prestígio de Dom Phillips, colaborador do The Guardian que estava escrevendo um livro justamente sobre a violenta e surreal realidade dos povos indígenas na Amazonia.  Íntegra da carta da Funai.

Há um ano (em março) o presidente Bolsonaro que promoveu, junto com Ricardo Salles e demais cumplices no governo, o extermínio sistemático dos indígenas recebia – pasmem – a Medalha do Mérito Indígena concedida pelo então Ministro da Justiça, Anderson Torres (hoje na prisão).

Chico Rodrigues, que ficou famoso quando foi flagrado com R$ 33.000,00 em dinheiro na cueca, numa investigação da Polícia Federal que investigava desvios de recursos para o combate à COVID em 2020, preside hoje a comissão, criada pelo senado para investigar a tragédia humanitária dos Yanomamis. Ele é descaradamente a favor dos garimpeiros e como se não bastasse tanta bandalheira, três dos cinco integrantes dessa comissão são senadores de Roraima explicitamente defensores do garimpo e inimigos dos povos indígenas.

Enfim apesar de todos os pesares estamos emergindo para o que acredito ser um tempo melhor para o Brasil e o mundo.   

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A Marcha dos Idiotas

No dia 8 de janeiro, em Brasília, um grupo de pessoas marchou do Quartel General do Exército até a Sede dos Três Poderes onde invadiu, depredou, defecou, destruiu obras de arte, quebrou vidros, equipamentos, mobiliário violando o Congresso, Supremo Tribunal Federal e o Palacio do Planalto. Foram cenas inacreditáveis e mais inacreditável ainda foram as conivências, os patrocínios, a proteção ao crime pelas forças de segurança e a habilidade em ludibriar essa massa de manobra.

“Redes sociais deram voz a legião de imbecis”, diz Umberto Eco no discurso ao receber o título de doutor honoris causa na Universidade de Turim (junho 2015/Itália). Ele disse que “o drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade”.

A Marcha do Ouro

A Marcha do Ouro em Terras Indígenas vem ocorrendo desde os anos 70, na ditadura militar, com a criação do projeto Radam que mapeou os minerais em várias regiões do país e foi o que deu início dessa tragédia.  

Não há qualquer possibilidade de polarização do que está acontecendo aos povos Yanomamis. É um crime de genocídio que vem sendo sistematicamente impetrado por criminosos com a anuência de vários setores que se omitem ou se corrompem. Uma tragédia que acredito e espero que os responsáveis pelas ações que levaram a essa tragédia sejam responsabilizados. Todos!

“O que você precisa saber para entender a crise na Terra Indígena Yanomami” pelo ISA (Instituto socioambiental) https://www.socioambiental.org/noticias-socioambientais/o-que-voce-precisa-saber-para-entender-crise-na-terra-indigena-yanomami

“Não estamos conseguindo contar os corpos” (imagens muito fortes) pela Sumauma https://sumauma.com/nao-estamos-conseguindo-contar-os-corpos/

“Ailton Krenak: Tragédia yanomami mostra que clube da humanidade não é para todos” https://omny.fm/shows/ilustr-ssima-conversa/ailton-krenak-trag-dia-yanomami-mostra-que-clube-d

Fórum de Teresina da revista Piauí (Bloco 2) https://piaui.folha.uol.com.br/foro-de-teresina-237-civilizacao-ja/

“Mineração ilegal em área indígena entre 2015 e 2020 corresponde à metade do mercado de ouro brasileiro, aponta levantamento” https://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2023/02/01/mineracao-ilegal-em-area-indigena-entre-2015-e-2020-corresponde-a-metade-do-mercado-de-ouro-brasileiro-aponta-levantamento.ghtml

Marcha das Americanas

Estaremos diante de uma Enron (Americanas) e Andersen (Price Waterhouse)?

Ainda temos muito mais perguntas do que respostas. Estamos boquiabertos com tudo que está acontecendo e com os desdobramentos diários. Ainda estamos tocando a ponta do iceberg desse caso. Entre as coisas que mais impressionam é o silencio da maior parte da mídia… a aluna da USP que desviou quase R$ 1 milhão de formandos de medicina gera muito mais mídia do que o caso Americanas.

Está repercutindo esses dias a suspeita sobre rombo bilionário da Ambev de 30 bilhões de reais em manobras tributárias. Na mesma semana que o presidente Sergio Rial anunciou ou denunciou o rombo na Americanas, o Netflix lançou o documentário Madoff. Espero que não seja um mal presságio.

Marcha das Inteligências

ChatGPT tem causado, principalmente nos últimos dois meses, um impacto sobre os caminhos da Inteligência Artificial e suas interferências em outras inteligências humanas. A razão desse boom de informações se deve, principalmente, a abertura para o público (versão beta) do ChatGPT que agora está na versão 3.5. Essa pode ser uma revolução comparada a chegada do iPhone (smartphone). Acredito que teremos que agregar a inteligência artificial a lista das múltiplas inteligências do Gardner. Isso porque utilizaremos, no dia a dia, essa inteligência externa para dar suporte as tarefas e decisões.   

E agora? A revista Nature publicou no dia 18 (janeiro) uma matéria falando da dificuldade dos cientistas em aceitar ou até mesmo classificar os textos produzidos por esses chatbots. Isso é só o começo…

Pelo menos quatro artigos creditam a ferramenta de IA como coautora, enquanto os editores lutam para regular seu uso.

O chatbot de inteligência artificial (IA) ChatGPT, que conquistou o mundo, fez sua estreia formal na literatura científica – acumulando pelo menos quatro créditos de autoria em artigos publicados e pré-impressões.

Editores de periódicos, pesquisadores e editores estão agora debatendo o lugar de tais ferramentas de IA na literatura publicada e se é apropriado citar o bot como autor. Os editores estão correndo para criar políticas para o chatbot, que foi lançado como uma ferramenta gratuita em novembro pela empresa de tecnologia OpenAI em San Francisco, Califórnia.”

https://www.nature.com/articles/d41586-023-00107-z

A Open AI foi criada em dezembro de 2015 por Sam Altman e o Elon Musk (que se afastou em fevereiro de 2018) como uma empresa sem fins lucrativos para estudar a Inteligência Artificial. Em 2019 lançou o ChatGPT 2 e disponibilizou para jornalistas, gerando uma forte comoção. Nesse mesmo ano criou a empresa Open AI LP, com fins lucrativos e recebeu um aporte de um bilhão de dólares da Microsoft para implementar o sistema no Microsoft Azure. Em novembro de 2022, com uma base bem mais ampliada liberou a versão beta (3.5) ao público em geral. Há rumores de que a Microsoft vai disponibilizar 10 bilhões de dólares para a empresa. A Google que durante anos foi o principal mecanismo de busca está preocupada com a exclusividade da Microsoft no ChatGPT e a tendência de incorporá-lo no Bing. A Google pioneira no uso da inteligência artificial, principalmente investindo desde 2014 na Deep Mind, deverá lançar várias ferramentas de IA  um concorrente ao ChatGPT que possivelmente se chamará “Calm”. Fez esse anúncio logo após demitir 12.000 funcionários.  

Como seria a inclusão da inteligência artificial nas múltiplas inteligências?

Perguntei agora para o ChatGPT descrever o que são as múltiplas inteligências. Ele respondeu:

“As Múltiplas Inteligências é uma teoria de inteligência proposta por Howard Gardner, professor de educação e desenvolvimento cognitivo na Universidade de Harvard, em 1983. Ele argumentou que a inteligência não é uma única capacidade ou aptidão, mas sim uma combinação de vários tipos diferentes de inteligência.

De acordo com Gardner, as pessoas possuem diferentes tipos de inteligência, como linguística, lógico-matemática, espacial, musical, corporal-cinestésica, interpessoal, intrapessoal e naturalista. Cada tipo de inteligência é relacionado a habilidades específicas, como a capacidade de usar a linguagem de forma eficaz, solucionar problemas lógicos e matemáticos, compreender conceitos espaciais, ter sensibilidade musical, ter habilidades de coordenação física, compreender as emoções e motivações dos outros, autoconsciência e compreender o mundo natural ao nosso redor.

A teoria das Múltiplas Inteligências sugere que as pessoas têm fortes habilidades em diferentes áreas de inteligência e que não devem ser medidas apenas pela habilidade em testes escolares ou em uma única área de inteligência. Além disso, a teoria argumenta que as pessoas aprendem de maneiras diferentes, dependendo de suas habilidades de inteligência e que os professores devem usar uma variedade de estratégias de ensino para atender a diferentes tipos de inteligência em sua sala de aula.

Gardner continuou a expandir e aperfeiçoar a teoria das Múltiplas Inteligências ao longo dos anos, adicionando novos tipos de inteligência e aprimorando as descrições das inteligências existentes. Atualmente, a teoria reconhece oito tipos de inteligência: linguística, lógico-matemática, espacial, musical, corporal-cinestésica, interpessoal, intrapessoal e naturalista.”

Simples assim!

Arte gerada com inteligência artificial aplicada a textos vem sendo usada há vários anos e está cada vez mais… inteligente. Produzi a imagem que ilustra esse artigo no Dall E 2 pedindo uma pintura no estilo da Remedios Varo cuidando da floresta.

Vídeo gerado com inteligência artificial também tem anos de aplicação e desde 2019 ficou mais famoso com as aplicações de Deep Fake (cria vídeos falsos de pessoas que consegue enganar muita gente). Vídeos de IA criados a partir de textos ainda está no início, mesmo assim dá para perceber que será impressionante num futuro muito próximo. Vejam aqui alguns exemplos:  https://youtu.be/6aHMepbNkmE

Esse momento bem revolucionário me fez lembrar, com nostalgia, minha participação jurássica no início da Internet no Brasil. Meu primeiro computador foi um Sinclair (inglês) que usava um gravador cassete para a memória. Meu segundo foi um Apple II. A Internet no Brasil ia ser privada comandada pela Embratel. Fui um dos 100 escolhidos para receber um acesso e e-mail que até então era via BBS. A história de como passou da Embratel para o CNPQ com o Tadao Takahashi é maravilhosa! Fiz o primeiro CD-ROM (1995) explicando o que era e como funcionava a Internet “Tudo que você queria saber sobre a Internet e tinha medo de perguntar”. Trabalhei em muitas frentes desse mundo. Acredito que o primeiro e-commerce no Brasil fui eu que produzi para uma loja a Tomorrow, uma loja de multimídia em São Paulo. Muitas histórias dos primórdios da Internet no Brasil que agora estão se repetindo com a IA. Yuval Harari alertou em suas palestras e no livro 21 Lições para os três perigos de destruição da humanidade: catástrofe ambiental, armas nucleares e disrupção tecnológica. Essa última demorei alguns anos para entender que não se tratava simplesmente da substituição de empregos pelas máquinas e sim da substituição de inteligência… BEM mais grave!

Alguns endereços de IA:

ZapGPT – um GPT no seu Whatsapp – https://www.zapgpt.com.br

ChatGPT -> Resolve qualquer coisa – https://chat.openai.com

Dall-E-2 -> Cria imagens – https://openai.com/dall-e-2/

Midjourney -> Um buscador com um pouco de Dall-E-2 https://midjourney.com/Jasper AI ->

Escreve ações de mrkt – https://jasper.ai

Synthesia -> Cria avatar falante – https://synthesia.io

Do not pay -> Advogado AI – https://donotpay.com

Jenni AI -> Escreve redações com você – https://jenni.ai

Tome -> Apresentação de slides – https://beta.tome.app

Fireflies -> Escreve notas de reuniões – https://fireflies.ai

Murf -> Texto para falas – https://murf.ai/

Timely -> Rastrear tempo e produtividade – https://timelyapp.com/

Onemeta -> Tradução Simultânea – https://www.onemeta.ai

Looka  -> Cria logotipos – http://www.looka.com

You -> Buscador que mistura ChatGPT com Google – http://you.com

Dreamstudio -> Para criar imagens – https://beta.dreamstudio.ai/dream

Chatbcg -> Para gerar uma apresentação de slides – https://www.chatbcg.com/

Marcha Ré

343 dias da invasão Russa na Ucrânia

Não há bom Senso no Censo

Vexame de George Santos em Nova York

Daniel Alves acusado em Barcelona

Papa Francisco diz que homossexualidade não é crime, mas é pecado

Está aparecendo o lado mais nefasto das vacinas da COVID19

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Primeiro de Dezembro

O Brasil Voltou?

Agora em dezembro, começamos a fazer a tradicional lista do que queremos para o próximo ano. O que queremos para nós, nossa família e nosso entorno. Estou preparando a minha! Quem se atreve a olhar a lista do ano passado? Para os que não fizeram e ou não fazem suas listas, sugiro implementar esse ritual simples e revelador.

Estamos num momento de transição. Enquanto, aparentemente, estamos migrando da polarização para uma frente ampla, vamos esperançar um renascer das cinzas. Há luz no fim do túnel quando vemos um grupo heterogêneo trabalhando para uma governança mais saudável. Os resultados já estão saindo, apesar de não terem sido ainda divulgados. Fico feliz de ver pessoas tão talentosas trabalhando nos grupos técnicos. Por exemplo na Economia: Pérsio Arida e André Lara Resende; Ciência, Tecnologia e Inovação: Ricardo Galvão; Comunicação: Alessandra Orofino; Meio Ambiente: Marina Silva; Cidades: Nabil Bonduki; Comunicação Social: Florestan Fernandes Júnior; Cultura: Margareth Menezes; Desenvolvimento Agrário: Célia Watanabe; Desenvolvimento Regional: Randolfe Rodrigues; Desenvolvimento Social e Combate a Fome: Bela Gil; Direitos Humanos: Janaína Oliveira; Educação Alexandre Schneider e Neca Setubal; Esportes: Verônica Hipólito; Igualdade Racial: Douglas Belchior; Juventude: Sabrina Oliveira Santos; Justiça e Segurança Pública: Gabriel de Carvalho Sampaio; Minas e Energia: William Nozaki; Mulheres: Anielle Franco; Povos Originários: Joênia Wapichana; Relações Exteriores: Cristovam Buarque; saúde: Nísia Trindade Lima; Trabalho: Laís Abramo; Turismo: Marcelo Freixo entre outras.

E a COP27 no Egito?

Uma das questões que dificultou o fechamento foi quanto ao eterno “perdas e danos” que se arrasta desde 2009 (COP15). À principal razão de nunca terem assinado é por medo de serem responsabilizados legalmente pelas emissões de gases de efeito estufa. Existe também uma restrição dos EUA para que a China não receba verba por ser o maior emissor mundial. Até o nome do fundo teve debate, os países em desenvolvimento queriam chamar de “compensação”, os ativistas climáticos de “reparações”. Mas os diplomatas, principalmente os americanos, chamaram o fundo de “recursos de perdas e danos”. Mesmo sendo um pequeno avanço, ainda há muito o que fazer para viabilizar a transferência de recursos para quem realmente precisa.

Ganhamos (Brasil) novamente o troféu fóssil do dia, uma menção desonrosa:  

“Do outro lado do mundo, o Brasil também merece menção honrosa. Outro país que foi estranhamente mudo nessas negociações da COP27, mas passou os últimos quatro anos tentando destruir o Acordo de Paris enquanto violava os direitos humanos e ambientais. As políticas antiambientais do governo que está saída de Bolsonaro fizeram o Brasil aumentar suas emissões por quatro anos consecutivos, um crescimento sem precedentes desde o início da medição em 1990. Isso se deve principalmente ao desmatamento da Amazônia, que está fora de controle e aumentou 73% na atual administração. Embora os ventos possam estar mudando no Brasil, não podemos ignorar os danos causados. Adeus e boa viagem a Bolsonaro e seu desastre climático.”

Quem escreveu o discurso que o Lula proferiu na COP27 foi brilhante. Espero que ele (Lula) se contente em ser esse salvador da pátria que o mundo o está colocando. Será bom para todo o mundo e principalmente para o Brasil. Ele afirmou que o Fundo Amazônia voltará a receber recursos da Alemanha e a Noruega, disse que vai criar um ministério para os povos indígenas regulado por eles e no final anunciou a vontade de realizar a COP30 no Brasil em 2025. Segue um trechinho, recomendo a leitura do discurso todo.  

 “Vivemos um momento de crises múltiplas – crescentes tensões geopolíticas, a volta do risco da guerra nuclear, crise de abastecimento de alimentos e energia, erosão da biodiversidade, aumento intolerável das desigualdades.

São tempos difíceis. Mas foi nos tempos difíceis e de crise que a humanidade sempre encontrou forças para enfrentar e superar desafios. Precisamos de mais confiança e determinação. Precisamos de mais liderança para reverter a escalada do aquecimento.

Os acordos já finalizados têm que sair do papel. Para isso, é preciso tornar disponíveis recursos para que os países em desenvolvimento, em especial os mais pobres, possam enfrentar as consequências de um problema criado em grande medida pelos países mais ricos, mas que atinge de maneira desproporcional os mais vulneráveis.

Estou hoje aqui para dizer que o Brasil está pronto para se juntar novamente aos esforços para a construção de um planeta mais saudável. De um mundo mais justo, capaz de acolher com dignidade a totalidade de seus habitantes – e não apenas uma minoria privilegiada.”

Discurso na íntegra: https://veja.abril.com.br/coluna/radar/leia-a-integra-do-discurso-de-lula-na-cop27/

Enfim temos muito que fazer! Durante a COP tentaram passar desastres ambientais aqui no Brasil, ainda bem que ficaram, em Brasília, uma dúzia de atentos ambientalistas que impediram que mais alguns descalabros acontecessem.

Por último só queria mencionar que como Glascow (COP26) não firmou os acordos que foram “combinados”, esperava-se que no Egito fossem sancionados. Pois é…

Alguns textos bons no aprofundamento do que foi a COP27:

Observatório do Clima: https://www.oc.eco.br/cop27-termina-com-uma-revolucao-e-tres-maldicoes/

Folha de São Paulo: https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2022/11/demora-para-ajuda-a-mais-pobres-na-cop27-amplia-debate-sobre-racismo-ambiental.shtml

Sumauma: https://sumauma.com/cop27-indigenas-floresta-amazonica-demarcacao-protecao-milhoes-hectares/

ClimaInfo: https://climainfo.org.br/2022/11/21/cop27-muitos-acordos-pouco-resultado/

E mais esse artigo de ontem no The Guardian: “Da Amazônia à Austrália, por que seu dinheiro está financiando a destruição do Planeta?”

Daqui alguns dias (7 a 19 de dezembro) teremos a Conferência da Biodiversidade (COP15) em Montreal. Mais uma chance para 2022 celebrar os 50 anos de Sustentabilidade e trazer resultados reais para os próximos anos.

Da COP passamos para a COPA

Também uma vergonha, um símbolo da corrupção e da “banalidade do mal” (conceito da Hannah Arendt) onde somos coniventes e até cumplices silenciosos de crimes. O famoso “Padrão FIFA”, que tentou parecer algo de qualidade, era na verdade uma poderosa máquina de manipulação e corrupção. Será que essa COPA do Qatar vai entrar para a história como as vergonhosas Copas de 1936 (Alemanha), 1978 (Argentina) e 2018 (Rússia)? Melhor para por aqui em respeito aos torcedores. Independente do padrão FIFA de corrupção, essa COPA permitiu que todos os brasileiros voltassem a vestir a camisa e torcer pelo Brasil. Um alívio depois de um longo período de hackeamento dos símbolos nacionais e da camisa da seleção brasileira. Será que agora poderemos colocar a palavra Amor na bandeira como originalmente deveria ter sido? Após da Proclamação da República as palavras da bandeira foram inspiradas no lema positivista do filósofo francês, Augusto Comte, que ressalta “o amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim”. O amor acabou sendo cortado na ocasião. Quem sabe podemos reparar isso hoje!

A invasão da Ucrânia pela Rússia completou 281 dias hoje.

O COVID volta a bater na porta, será que tem alguém?

Uma ótima inspiração para a preparação da nossa lista para 2023 é o vídeo do Yuval Harari sobre a Política da Consciência. Está em inglês, quem precisar acione as legendas (CC) do Youtube: https://youtu.be/1rtS2OEV6bM

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Primeiro de Outubro

Amanhã será outro dia!

Amanhã será mais um dia!

O que está acontecendo? Tudo ao mesmo tempo! Será que estamos ficando acostumados e a crise civilizatória não nos afeta mais? Como estamos em relação ao desastre histórico do Furacão Ian, os 219 dias da invasão Russa na Ucrânia, a vitória da Giorgia Meloni na Itália, os mísseis lançados hoje pela Korea do Norte, os incêndios e desmatamentos recordes na Amazonia, o Brasil ser o país que mais matou ativistas ambientalistas e líderes comunitários em dez anos (Global Witness), o debate ridículo entre os que podem ser eleitos para governar esse país e, também, como estamos em relação ao Covid? Alguém se importa?           

Vou, agora, falar de coisa boa! O orgulho que terei em votar amanhã! Pode?

Meu voto será para a eleger a Marina Silva!

Meu principal voto vai para Marina Silva (1818), candidata à Deputada Federal por São Paulo.

Marina Silva tem recebido meu voto, respeito e admiração desde 2010.

Nessa dúzia de anos testemunhei a ambientalista, política e professora nos mais diversos momentos de ativismo direto sem qualquer gesto de autopromoção. Uma humildade genuína diante de seu precioso conhecimento, sabedoria e legado. Uma intensa curiosidade em aprender e apreender, surpreendendo e entusiasmando quem com ela interage. Ela esteve presente em praticamente todos os acontecimentos de impacto socioambiental com ações diretas e resultados significativos.

Ela é reconhecida e admirada mundialmente. Ontem, por exemplo, saiu no jornal “The Economist” e hoje no francês “Le Monde”.

Hoje paro por aqui! Não tenho mais palavras ou energia para continuar. Talvez o show do Oswaldo Montenegro, hoje à noite, possa me trazer um pouco de paz e que a minha loucura seja perdoada.

METADE

Oswaldo Montenegro

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece, nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas como a única coisa
Que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui
Mas a outra metade, não sei

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é plateia
A outra metade é canção
E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também

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Estamos há um mês das eleições e apesar de tantos anos de evidências de que o processo eleitoral não tem funcionado a favor da democracia como deveria, não temos ainda outra forma de “escolher” nossos representantes. Alguns pontos são relevantes.

O primeiro turno deveria ser onde cada cidadão escolhe o candidato que mais o represente, com isso temos democraticamente uma fotografia de como está distribuída a intenção dos eleitores. O que vem acontecendo há décadas e principalmente nas últimas eleições é que o voto migrou de votar no melhor candidato para votar no “menos pior”. Muita gente passou a votar contra um candidato ao invés de a favor do seu candidato. É como preferir que o time do outro perca mais do que o seu próprio ganhe. É uma escolha pelo ódio ao invés do amor. Qual pode ser o resultado de uma eleição em que votamos nos piores?

A questão da influência das pesquisas nos resultados é outro ponto bem relevante nos resultados. Há uma tendência natural do ser humano em acreditar em números. Dificilmente uma notícia que não apresente números é considerada consistente. E por incrível que pareça, qualquer notícia que apresente números é considerada verdadeira. Por isso somos sistematicamente enganados, seja propositadamente ou ingenuamente. Por exemplo, em fevereiro de 2018 saiu uma notícia de que o Brasil levará 260 anos para atingir o nível de leitura dos países ricos. A informação é atribuída a um relatório (Pisa) de ninguém menos que o Banco Mundial. Estamos falando de uma previsão para o ano de 2.278. Como é possível alguém engolir uma bobagem dessas sem pestanejar? Vamos tentar imaginar o que significam 260 anos voltando para trás. Imaginem o Brasil no ano de 1.758, foi o ano em que se institui (Marques de Pombal) o Português como língua oficial do país. Até então, pouco se falava português, predominavam a Língua Geral (nheengatu) e o Tupi entre as quase mil línguas estimadas para a época. Com a proibição do ensino e uso de outra língua que não fosse o português, ocorreu o extermínio (chamado glotocídio) das outras línguas faladas no Brasil. Imaginem afora que a Companhia das Índias Ocidentais fizesse uma previsão qualquer para o Brasil de 2018. Os números dão a sensação de que cientistas altamente especializados conseguiram mensurar cuidadosamente e chegaram a uma verdade traduzida em números. Por que acreditamos nisso?

Voltando aos números das pesquisas e sua influência nos resultados das eleições, vou dar aqui um exemplo:

No primeiro turno da eleição para presidente em 2014, Marina Silva (após a morte de Eduardo Campos) aparece folgadamente em segundo lugar nas intenções de voto até alguns dias antes da eleição e continua em segunda lugar até o dia anterior a eleição. Vejam os números da intenção de votos na pesquisa espontânea (onde o eleitor fala espontaneamente em quem deseja votar):

Ibope (pesquisa realizada de 29/09 a 01/10) Dilma 35% – Marina 20% – Aécio 16%

DataFolha (pesquisa realizada de 01/10 a 02/10) Dilma 35% – Marina 20% – Aécio 17%

DataFolha (pesquisa realizada de 03/10 a 04/10) Dilma 36% – Marina 19% – Aécio 20%

Como pode ter ocorrido uma mudança tão súbita? Será que só as malvadezas articuladas pelo marketeiro do PT foram suficientes? Vejam o impacto que os números da pesquisa causaram. Os eleitores que estavam votando contra o PT, ao saberem (no dia anterior a eleição) que o Aécio tinha ido para a segunda colocação, migraram seus votos da Marina para o Aécio. As pesquisas causaram o efeito da profecia autorrealizada. O mais irônico é que justamente aqueles que votaram contra o PT elegeram a Dilma. Claro que o PT fez uma gigantesca campanha de difamação com mentiras e sofisticadas atuações de manipulação nas mídias sociais inaugurando um sistema que hoje chamamos de Fake News, porém foram os números das pesquisas que deram o toque final e selaram o destino do Brasil.

Outro ponto relevante nas eleições, que são obrigatórias, é a importância do “ninguém” (soma dos votos nulos, brancos e ausências). A saída mais fácil é dizer que quem não vota em alguém está indo contra a democracia ou permitindo que o pior vença. Eu pessoalmente, nunca anulei meu voto, mas acredito que é um voto válido. O ninguém fica sempre muito bem colocado no primeiro turno que deveria ser o retrato do que o país/estado/município está escolhendo para governá-lo. Muitas vezes as opções são ruins e anular o voto é um ato válido! 

Independência do Brasil foi no dia 2 de setembro

Amanhã, 2 de setembro, a independência do Brasil fará 200 anos. Sim, a independência do Brasil foi decretada no dia 2 de setembro de 1822. Quem decretou a independência não foi D.Pedro I e sim a princesa Maria Leopoldina (austríaca). D. Pedro I só foi informado da independência cinco dias depois. O pintor Pedro Américo, 66 anos depois da independência, pintou um quadro (fake news) retratando o inexistente Grito do Ipiranga, a pedido de D. Pedro II. A falsa narrativa morou por muitos anos nos livros de história do Brasil. O coração de D. Pedro I veio ao Brasil (cena ridícula) para celebrar os 200 anos da independência, enquanto quem realmente a decretou está aqui sepultada sob o Monumento à Independência em São Paulo. D. Pedro I, sem o coração, também está sepultado no mesmo local que Maria Leopoldina. Tem um podcast muito bom chamado Projeto Querino que fala da história do Brasil da perspectiva das relações de poder e suas consequências.

Curiosidade sobre o nosso hino (para mim é bem simbólico): faz 100 anos que se tornou oficial (1922). A música foi criada há 200 anos (1822), mas só foi publicamente executada em 1931 para (pasmem) celebrar a abdicação de Dom Pedro I ao trono do Brasil e foi executada em 13 de abril desse mesmo ano (por isso esse dia é o dia do Hino Nacional). A letra atual foi adicionada 78 anos depois (1909) após o primeiro golpe militar (1889) que, antes disso, tocava a “Marselhesa” (hino da França) em eventos oficiais. A letra teve 11 modificações até se tornou oficial em 1922 e permanece até hoje. Fora tudo isso, existem fortes evidências de que a música tenha sido plagiada (ou adaptada) de Paganini e ou Liszt.

Negócio da China

China, o maior poluidor do mundo, estava iniciando as negociações climáticas com os acordos na COP26 (Glascow). A visita da Nancy Pelosi (presidente da câmara dos representantes dos EUA), no dia 2 de agosto a Taiwan coloca em risco os avanços dessas negociações e indica que as expectativas para a COP27 são bem ruins.   

Congresso de Psicodrama

Amanhã começa o 23º Congresso Brasileiro de Psicodrama. A plenária de abertura do Pré Congresso será uma conversa minha e da Beth Chleba com Paulina Chamorro e Mario Mantovani sobre os caminhos da sustentabilidade. Esses dois heróis são protagonistas de muito ativismo ambiental, da política às vozes do planeta.  

Encontro de Família

No fim de semana passado participei do 13º encontro da Família K onde 235 pessoas se reuniram. Essas são as ações que levam a paz. Se cada núcleo familiar se reunisse de tanto em tanto para expressar e compartilhar amor… com certeza haveria menos espaço para cultivar o ódio.

11 de agosto de 2022

Uma fresta de esperança no horizonte!

290 dias da invasão Russa na Ucrânia

Seria inacreditável se não fosse verdade!

COVID Longa

A incerteza que ainda paira entre nós!

COP27

Será que no Egito cumpriremos as promessas de Glascow ou é um símbolo do retrocesso desses tempos de sombrios?

Rio+30 cancelada

Ela iria ocorrer de 17 a 19 de outubro , tristemente, não será realizada!

Sociedade Civil fazendo Política

Acredito que a política está cada vez mais sendo conduzida pela sociedade civil. Começando pelas bordas, pelas decisões locais, pelas alianças e associações. A sociedade civil percebe a ineficácia e ou corrupção de uma grande parte da governança pública. A sociedade civil está, também, ocupando mais a política elegendo representantes legítimos. Desejo que em alguns anos tenhamos políticos alinhados com a democracia.

Por hoje é só…

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Primeiro de Julho

Luz no fim do Túnel?

Esse mês de junho foi muito… muito intenso. Foi um daqueles meses que parecem um ano inteiro. A começar que estou escrevendo essas linhas com covid no meu organismo, testei positivo há três dias.

Desinformação

Quanto ao covid19, me lembro de várias vezes ter escrito questionando nossa percepção em relação aos números publicados por cada país, aos tratamentos recomendados, a origem do vírus, a eficácia de cada vacina, as medidas de prevenção, compensações econômicas, benefícios escusos, políticas antiéticas e as decretações do fim da pandemia, começando pela Dinamarca no dia primeiro de fevereiro desse ano. Passados dois anos e meio continuamos sem respostas para nenhuma dessas questões e as divergências são tão antagônicas quanto (ambas) cientificamente comprovadas. Resta ao cidadão se conscientizar de que não existe o certo e o errado e sim a falta de informação, a desinformação e a informação. Sendo a desinformação a mais usual, porque é atraente para quem lê, vem travestida de informação, gera muitos negócios e tem a garantia de impunidade para quem a produz. A falta de informação não é atraente, reflete um certo fracasso, gera demanda por informação (geralmente preenchida, oportunisticamente, por desinformação) e ao seu favor conta apenas a honestidade. Quanto a informação é uma joia rara que se confunde facilmente com bijuteria. A informação é geralmente mais inacreditável do que a desinformação, não tem apelo (appeal) e a narrativa (por não ter sido construída) não cola. Portanto estamos bem, correto? Bem mal!

A arte da desinformação tem método, intenção e patrocínio. Ela não é nova, sempre existiu. Para que ela funcione bem é preciso que por um lado se anuncie que o rei nu está vestido e por outro oferecer pão e circo. A vantagem que a desinformação tem é que a grande maioria acredita e deixa quem não acredita numa situação constrangedora.

Uma das estratégias, hoje bem conhecida é de após fabricar essas fake news, eles procuram espalhar através dos seus milhares de micro funcionários para tentarem se destacar junto aos chamados “inocentes uteis”. Eles são em geral os influencers (influenciadores) que na verdade são apenas intermediários. Eles não produzem notícias, repassam aquelas que estão “bombando”. Com isso o público deles (cada vez maior) tem a sensação de que são eles que fizeram a notícia “bombar”. Tem muitas outras estratégias conhecidas.

O caso da desinformação sobre o ator francês, Alain Delon, ter decidido realizar seu suicídio assistido divulgado em abril desse ano no mundo inteiro, ajuda a ilustrar essa ideia. Foi uma fake news, como tantas, que fez centenas de milhares de fãs acreditarem que ele tinha morrido e ou que tinha marcado seu suicídio com o acompanhamento do seu filho. A fabricação é simples, alguém pegou um trecho de uma entrevista dele e outra do filho e tirou completamente do contexto, acrescentaram que o ator se mudou para a Suíça porque lá a eutanásia é legalizada. O resto da mídia foi na onda e replicou a bobagem, o assunto viralizou nas redes sociais e até hoje tem gente acreditando que isso seja verdade. As vezes acontece um acidente como no jornal Folha de São Paulo que no dia 11 de abril (e não 1º de abril) anunciou, na internet, a morte da Rainha Elizabeth: “Morre Elizabeth 2ª, a mais longeva rainha da história britânica, aos XX” com o subtítulo: “Discreta, soberana deixa como maior legado confiança na monarquia”. A situação viralizou nas mídias sociais em que os títulos eram versões de “Folha Mata Rainha da Inglaterra”. Nesse caso da Folha, não foi uma desinformação deliberadamente montada, na verdade é um caso de falta de informação – não sabemos como e porque ocorreu essa gafe. Tudo bem!

Bruno Pereira e Dom Phillips

No dia primeiro de junho, eu estava conduzindo uma conversa num evento híbrido paralelo a Stockholm+50 pela SOL (Society for Organizational Learning) de Estocolmo. A conversa foi com o líder indígena Almir Suruí (Rondônia) e uma inédita visita virtual a aldeia Maronal, no Vale do Javari, onde o Cacique Alfredo Maronal descrevia para o publico em Estocolmo e no Zoom as principais ameaças à vida dos povos locais e à floresta Amazônica. A situação descrita (in loco) chocou os participantes estrangeiros a nossa realidade. Parecia tão inacreditável, que muitos confessaram depois, achavam que estavam exagerando. Não era possível, nos dias de hoje, que isso fosse permitido e pior… até incentivado. Quatro dias depois – simbolicamente – no dia 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, definido por causa do primeiro evento internacional sobre o meio ambiente há exatos 50 anos em Estocolmo, desaparecem dois importantíssimos ativistas da causa humanitária, exatamente na região próxima a aldeia Maronal, no mesmo rio (Ituí/Itaquaí) e na mesma cidade (Atalaia do Norte) mencionada pelo cacique Alfredo. Aliás, Bruno e Dom estavam em Atalaia do Norte nesse mesmo dia 1º enquanto, próximo dali, estávamos numa roda de conversa híbrida com cerca de 40 pessoas de 15 países diferentes. O jornalista inglês Dom Phillips estava entrevistando lideranças indígenas para seu livro “Como Salvar a Amazônia”.  

Foi só na segunda-feira, dia 6, que o mundo acordou com a notícia do desaparecimento e durante a semana uma parte do mundo acordou para a (ir)realidade dos crimes contra a humanidade cometidos na Amazônia. O que se seguiu e continua até hoje são cenas do horror que os povos da floresta vêm enfrentando, principalmente, nesses mais de três anos.     

Esse encontro que conduzi em Estocolmo contou a ajuda de muita gente e principalmente com a FAS (Fundação Amazonia Sustentável) liderada pelo amigo Virgílio Viana que vem, entre tantas outras coisas, viabilizando pontos de inclusão digital nos pontos mais remotos da floresta Amazônica e da indígena Rosa dos Anjos responsável pela área indígena da FAS, amiga de Bruno Pereira. Essa empreitada parecia tão impossível, principalmente porque nunca tinham feito uma comunicação por Zoom e não estavam conseguindo se conectar. No dia anterior tentamos fazer um teste, fiquei com a sala aberta aguardando que pudessem conseguir entrar. Até as 23h não tinham conseguido e não havia como me comunicar com eles. Para completar recebi a informação que a Txai Suruí não tinha conseguido embarcar no translado e que não chegaria a tempo em Estocolmo para participar com a Adri Maffioletti que ia ser (e foi) a host e tradutora no lado presencial em Estocolmo. Fui dormir pensando no texto que mandaria avisando que não ia rolar o encontro. Logo cedo, cedo mesmo porque as atividades começavam em Estocolmo às 9h (4 da manhã no Brasil) o Zoom me mandou uma mensagem que tentaram entrar a meia noite na sala, ou seja, havia esperanças e para melhorar ainda mais o Cacique Almir Suruí se ofereceu para participar substituindo sua filha Txai. Estava parecendo que conseguiríamos realizar essa façanha. A Adri Maffioletti foi uma host maravilhosa, transbordou simpatia, alegria, competência na tradução para o inglês, conhecimento profundo da causa indígena brasileira principalmente da necessidade de um ativismo mundial da qual é uma das expoentes do Fridays for Future e MAPA (Most Affected People and Areas). Recebemos, no dia do evento, um vídeo com depoimento do líder Pedro Marubo em sua língua nativa:

Depoimento de Pedro Tamasaimpa Marubo fala: “Nós defendemos a nossa floresta e nosso território não é simplesmente para morar. Ela nos oferece recursos naturais como por exemplo: Ervas e plantas medicinais, lagos, igarapés e matas que nos oferece peixes, caças sem fim. Por esta razão, defendemos nosso chão porque, a terra para nós povos indígenas é o melhor que governo, ela nos dar tudo que precisamos. Enquanto governo nos tira nossa terra apoiando garimpo, fazendeiros e madeireiros. A chegada da internet na nossa aldeia é muito importante para todos nós. Os nossos filhos terão conhecimento científico-tecnológica do homem branco e vamos juntar com nossos conhecimentos tradicionais nós também participaremos das reuniões que acontecerão longe nas cidades através de videoconferências e outros assuntos do nosso interesse que serão discutidos pelos políticos muitas vezes homem branco discutem sem a nossa participação agora podemos falar direto da nossa aldeia sem ter que sair, vocês chegam até nós para nos ouvir e buscar nos ajudar.”

Sugiro fortemente que vejam esses importantes links para entrarem mais profundamente nas questões sistêmicas rodeando Bruno e Dom.

The Guardian em inglês (entrem também nos links):

Agência Pública (vários artigos):

Vozes do Planeta (Paulina Chamorro)

Roda Viva (Sydney Possuelo)

Stockholm+50

Provavelmente a Suécia, num futuro muito próximo, vai se envergonhar profundamente do que fez e principalmente do que não fez nesse evento que deveria ter sido o mais significativo dessa década. Ela conseguiu desmobilizar de tal maneira que se torna quase impossível tirar alguma coisa de boa dela. Acompanhei integralmente ao vivo no dia 2 e 3 de junho (as datas já são parte da vergonha) e fui vendo as gravações ao longo da semana seguinte. O país de Greta Thunberg e de Johan Rockström não poderia ter feito isso com a memória da Estocolmo 1972 e dos 50 anos de tudo que foi gerado de encontros, documentos, decisões e acordos de sustentabilidade. A reunião preparatória de 28 de março na ONU em Nova York já anunciava o fracasso e não teve qualquer esforço de minimizar (ou mitigar) os resultados negativos. Como todo evento da ONU, o que fez valer a pena de ir a Estocolmo foram os eventos não oficiais promovidos pela sociedade civil. Parece que depois de 50 anos ainda não aprendemos de que a ONU, os governos e as empresas não deveriam mais serem convidadas a participarem de encontros tão importantes. Há honrosas exceções como o Protocolo de Montreal e outros que geraram resultados. Num dos eventos laterais que participei era sobre porque as ODS não emplacaram e suas implicações na política. Esse mês deve sair um livro sobre um estudo profundo apresentado no evento “The Political Impact of the Sustainable Development Goals“ lançado pela Cambridge University Press e pode ser baixado gratuitamente

Os jovens e os povos originários foram os responsáveis pelas principais atrações e movimentos ativistas. Esperamos que tenhamos melhor aproveitamento na nossa Cúpula dos Povos na Rio+30 em outubro desse ano.   

Tempo Quente

Um dos grandes presentes de junho foi o lançamento do Podcast “Tempo Quente” (Radio Novelo) que foi lançado em 7 de junho com o episódio “Alerta Vermelho” e a inacreditável história do “carvão mineral sustentável” contada deliciosamente pela jornalista Giovana Girardi.

https://www.radionovelo.com.br/tempoquente

No episódio dessa semana “Amazonia sitiada”, sem dar spoiler tem uma deliciosa linha do tempo contada com amor, humor e responsabilidade socioambiental. Adorei a mini participação do Tasso Azevedo (MapBiomas) e do Claudio Angelo (Observatório do Clima)

Gostei também da Giovana ter colocado o Delfim Neto no local que ele merece ao invés de reverenciá-lo, como o fazem algumas mídias. Uma das pérolas ditas por ele é de que “a Trans Amazônica é a coisa mais fake news que já se construiu no Brasil”. Olha só quem fala!

Vida longa ao Tempo Quente!

Luz no fim do túnel nas eleições 2022

Depois de tantos mandos e desmandos para sistematicamente destruir a democracia, acredito que podemos vislumbrar alguma luz no fim desse escuro, violento e corrupto túnel. O assunto não poderia ser eleição presidencial, não há o que dizer apesar de todos não pararem de falar.

Amanhã, 2 de julho, o Meio Ambiente tem o prazer de anunciar a pré-candidatura de Marina Silva para Deputada Federal por São Paulo. Quem for de outro estado, pode contribuir pedindo a um amigo ou parente de São Paulo votar nela. Além de Marina Silva existem outros que defendem a democracia e a pauta socioambiental. Esperamos que tenhamos cada vez bons políticos eleitos.

Espero que políticos como os que estão causando os problemas na Amazônia, por terem aberto a porteira aproveitando a pandemia, recebam poucos votos dos cidadãos desinformados.

Enquanto isso…

Presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, bem próximo ao presidente da república é acusado de assédio sexual e pede rapidamente demissão.

O ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro foi preso.

Na Colômbia, Gustavo Petro, vence a eleição. Uma esperança?   

Encontro do G7 nos Alpes da Bavária (Alemanha)

128 dias de invasão Russa na Ucrânia

Terremoto no Afeganistão

Greta Thunberg aparece de surpresa no Festival de Glastonbury

Terminou ontem a Cúpula da OTAN

Mesmo com tudo isso vemos uma luz no fim do túnel… só esperançamos de que não seja um trem!

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Primeiro de Junho

Adri Maffioletti

Hoje é, antes de mais nada, o aniversário de dois anos da minha neta. Razão de ser de tudo que faço para um planeta melhor.  Nossas ações de hoje são para as futuras gerações.

Hoje foi um momento histórico num evento em Estocolmo celebrando os 50 anos da primeira conferência da ONU. O encontro contou com a presença da jovem indígena ativista Adri Maffioletti que liderou a conversa e traduziu para o público local as vozes das lideranças indígenas da Amazonia do distante Vale do Javari (Aldeia Maronal do povo Marubo) e do Cacique Almir Suruí da Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal, Rondônia. Txai Suruí, que foi a primeira indígena a fazer um discurso (notável) na abertura de uma COP (COP26 Glasgow), também deveria estar presencialmente nesse evento em Estocolmo, mas seu voo atrasou muito e não conseguiu chegar. Seu pai, Almir Suruí, falou da situação crítica da região pelo desmatamento e grande pressão da mineração, muitas vezes incentivado pelo governo. As instituições do governo estão apresentando leis que querem garantir desmatamento, mineração e arrendamento das terras indígenas. Por exemplo, na Terra Indígena Sete de Setembro parte do governo estão apoiando a criação de uma cooperativa indígena de agronegócio, isso é muito ruim para os indígenas locais. A luta deles é de preservar a floresta, os rios, sua cultura e buscar uma forma econômica mais sustentável. Em seguida Virgílio Viana fundador da FAS (Fundação Amazonia Sustentável) que possibilitou esse encontro através do programa dos polos de inclusão digital, apresentou os principais desafios para a preservação da floresta amazônica e seus guardiões. A principal mensagem é de que já passamos da fase de conscientizar e agora é o momento de agir. Muito forte! Rosa dos Anjos, indígena, responsável na FAS pela área indígena apresentou falou dos desafios enfrentados pelos povos da Amazonia. Fomos (em torno de 15 países no evento) transportados virtualmente para a Aldeia Maronal onde o Cacique Alfredo Maronal nos deu noção dos desafios que estão vivenciando principalmente com os invasores nas fronteiras com o Peru e a Colômbia. São pescadores, caçadores, garimpeiros e narcotraficantes. Os representantes que vivem na cidade estão sendo ameaçados pelos pescadores e caçadores, recentemente teve troca de tiro na base do rio Ituí. Precisam de reforço nas bases e estrutura para evitar os invasores. Precisam que instituições e órgãos responsáveis para proteger as bases e seus representantes. O desmatamento já está ultrapassando para dentro das áreas indígenas no Acre. A preocupação dos indígenas como um todo é muito parecida. Esse encontro me emocionou muito! A chamada para o evento pode ser vista no https://bit.ly/AmazonPeople

Amanhã, 2 de junho, começa a Stockholm+50 que tem na sua programação oficial (ONU e Governo Sueco) apenas mais do mesmo. A reunião preparatória em 28 de março na sede da ONU (Nova York) selou o triste destino de um evento que tinha tudo para ser grandioso. Espero estar enganado. Enquanto isso nas ruas e nos eventos laterais, como o de hoje, há muita esperança de resultados importantes. A Stockhol+50 “de verdade” acontece fora dos muros oficiais. Estarei os próximos dias, como estive nos últimos dois, imerso nas dezenas de eventos paralelos. O Dia Mundial do Meio Ambiente é no próximo domingo, 5 de junho! Ironicamente o evento oficial termina no dia 3.

Que as próximas gerações nos perdoem………. perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem!

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Vaca não dá Leite

A história que se conta é que quando os filhos fizessem 12 anos o pai, contaria o Segredo da Vida. Esse segredo é que vaca não dá leite… você tem que tirar o leite da vaca e passar por todos os dissabores que essa operação exige. Apesar de ser uma boa analogia de que as “coisas” não caem do céu e de que é preciso trabalhar arduamente para consegui-las, ela também esconde um segredo maior ainda que, involuntariamente, acaba formando as crianças para um sistema que está ficando obsoleto (neoliberalismo). O segredo maior ainda é de que a vaca dá leite para o seu bezerro e não para nós, por isso, é necessário TIRAR o leite da vaca. A mesma analogia não funcionária tão bem, para as crianças, se o Segredo da Vida fosse que o boi não dá carne… é preciso tirar a carne do boi e passar pelos dissabores que essa operação exige. Uma parte significativa das novas gerações estão procurando ensinar o básico para os pais, professores, políticos e adultos em geral de que os animais dão leite para suas crias e não dão carne para nós. Apesar de todo blá blá blá dos que deveriam estar agindo como adultos, os jovens e as crianças não aceitam mais ouvir lições dos que continuam impunemente a TIRAR do seu futuro.

Estamos a um mês da Stockholm+50 que deveria ser o principal marco dos 50 anos de ações para a sustentabilidade e, no entanto, o fracasso já está anunciado pelo hackeamento desse evento pelo governo Sueco que ignorou completamente o esforço de anos de iniciativas da sociedade civil. É triste ver que no país de Greta Thunberg e Johan Rockström, a mais importante celebração das últimas décadas, será vergonhosa. Outras coisas ridículas antecederam esse evento. A ONU só ratificou oficialmente o evento em final de maio de 2021, a data original seria em maio, conseguiram que fosse transferido para 2 e 3 de junho enquanto a data dos 50 anos de Estocolmo 1972 é 5 de junho (que se tornou o dia mundial do meio ambiente). Dois dias antes, 31 de maio e 1 de junho, vai acontecer o Stockholm Learning Plaza da SoL (Society for Organizational Learning) que estou ajudando a organizar. Será um evento hibrido de conversas com os fundadores da SoL, Peter Senge e Göran Carstedt, com o Diretor de Objetivos do Desenvolvimento Interno Jan Henriksson, a vencedora do prêmio Rachel Carson, Marylin Mehlman, e muitos outros participantes engajados e conhecidos. Veja o programa do evento

E quanto aos povos indígenas? Está ocorrendo uma inacreditável violência com os povos originários. Na última 5ª feira (28/4), a ministra Cármen Lúcia cobrou uma apuração cuidadosa sobre o crime e a violência sofrida pelos Yanomami nas mãos dos garimpeiros. “Essa perversidade não pode permanecer como dados estatísticos, como fatos normais da vida. Não são. Nem podem permanecer como notícias”, disse a ministra. “Não é possível calar ou se omitir diante do descalabro de desumanidades criminosamente impostas às mulheres brasileiras, dentre as quais mais ainda as indígenas, que estão sendo mortas pela ferocidade desumana e incontida de alguns”. Leiam uma ótima matéria produzida pela Emily Costa e Elaíze Farias, da Amazônia Real

Veja os dados da importância das comunidades indígenas para a proteção das nossas florestas no MapBiomas que é a plataforma mais completa, atualizada e detalhada base de dados espaciais de uso da terra em um país disponível no mundo. Foi publicada no Dia do Índio em 19/04

Desmatamento… o Brasil foi responsável (irresponsável) por quase a metade do desmatamento das florestas primárias do mundo em 2021. Há, pelo menos, dez anos que o desmatamento está desgovernado pela gestão dos governos. Nos últimas três anos a destruição é sem precedentes! Na última 5ª feira (28/4),o Global Forest Watch publicou um relatório completo de 2021.

O consumidor, na maioria das vezes, é conivente com o desmatamento praticado, principalmente, pela indústria da carne. A informação foi revelada nesta última quarta-feira (27/04) pela plataforma Reclame Aqui. Ela faz parte de uma pesquisa realizada com quase 10 mil brasileiros entre 16 e 18 de novembro de 2021, que mostrou que quase 60% dos consumidores entrevistados (59,24%) não deixou de colocar no prato carne proveniente de marcas ligadas à destruição da floresta Amazônica. Chocante para dizer o mínimo! Ou seja, o crime ambiental é apoiado pelo governo e pelo consumidor. Muito triste, trabalhador do Brasil.

E quanto ao Dia Internacional do Trabalhador? Não se trabalha! A etimologia da palavra trabalho é bem curiosa, vem do latim Tripalium que significava um instrumento de tortura formado por três pedaços de madeira. A palavra foi passada para a língua francesa como Travail que tinha o sentido de sentir dor, sofrer. Essa forma passou para o Português (trabalho) e para o Espanhol (trabajo). No italiano Labor tinha o significado de Fadiga, Cansaço.  No alemão Arbeit sugere sofrimento, esforço e dificuldade e vem diretamente das palavras servidão, escravidão. O The Guardian escreveu um artigo interessante, em 2013, sobre as raízes da tortura no trabalho.

A origem do Dia do Trabalhador também é bem interessante e tem raízes no marxismo com a questão da redução das horas de trabalho por dia, 8 de trabalho, 8 de lazer e 8 para dormir. Apesar de mais de 80 países celebrarem esse dia em função de acontecimentos ocorridos em 1886 em Chicago nos EUA, a celebração americana ocorre na primeira segunda-feira de setembro.

Ofereço a quem estiver lendo esse texto uma flor de Muguet (lírio do vale), onde na França se presenteia, em 1º de maio, a família e amigos para se desejar alegria e boa sorte.

E finalmente, falando do Dia da Terra (22/04), com tantas notícias péssimas e a insistência em se continuar agindo e ensinando as crianças que podemos tirar da natureza sem uma alfabetização ecológica mínima que permita entender as consequências de nossos atos… uma boa notícia! Temos a Carta da Terra! Nosso principal documento enquanto responsabilidade humana em manter o nosso lar (a Terra) saudável para todos e principalmente para as futuras gerações. Honrando todos que participaram desse feito! Reproduzo aqui o preâmbulo desse precioso texto e convido a lê-la (espero que novamente) integralmente com atenção, escuta generosa e principalmente amor.

Carta da Terra – Preâmbulo

Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo se torna cada vez mais interdependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura de paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras gerações.

TERRA, NOSSO LAR

A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, é viva como uma comunidade de vida incomparável. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade de vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todos os povos. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.

A SITUAÇÃO GLOBAL

Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, esgotamento dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causas de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.

DESAFIOS FUTUROS

A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais em nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem supridas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais e não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos no meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados e juntos podemos forjar soluções inclusivas.

RESPONSABILIDADE UNIVERSAL

Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com a comunidade terrestre como um todo, bem como com nossas comunidades locais. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual as dimensões local e global estão ligadas. Cada um compartilha responsabilidade pelo presente e pelo futuro bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida e com humildade em relação ao lugar que o ser humano ocupa na natureza.

Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, interdependentes, visando a um modo de vida sustentável como padrão comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos e instituições transnacionais será dirigida e avaliada.

Carta da Terra completa

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Primeiro de Março

Tudo que precisamos é… Amor!

Hoje, 1º de março, é o Dia Mundial do Futuro. Que futuro é esse? Se o futuro é o resultado das ações do presente… que presente é esse?

Aparentemente a humanidade está conspirando para a extinção ou drástica redução de si mesma. E o pior é que nos consideramos animais racionais e inteligentes. Seriam as ações cometidas contra nós mesmos apenas uma forma da natureza reagir a uma espécie invasiva (praga)? Prefiro não acreditar nisso. Prefiro acreditar que temos centenas de milhares de boas sementes germinando nas novas gerações e que vão florescer para alterar o rumo ditado atualmente pela grande minoria de déspotas, seus fiéis seguidores e uma enorme maioria de colaboradores através do silêncio ou das ações de banalidade do mal.

A Rússia está atacando a Ucrânia desde o dia 24 (23 no Brasil) de fevereiro e o Putin declarou nesse mesmo dia que quem tentar impedir ou criar ameaças para o país ou seu povo, “a Rússia responderá imediatamente e levará a consequências nunca enfrentadas em toda sua história”. No último domingo (27/02) Putin acabou com a aparente tranquilidade de qualquer ocidental que acreditasse estar a uma distância segura do campo de batalha. Ele ordenou que as forças nucleares russas mudassem para um estado de alerta mais alto que ele chamou de “prontidão de combate especial”.

De todo o noticiário, o texto do Yuval Harari de ontem (28/02) no “The Guardian”, foi o que mais gostei. O título já diz tudo: “Por que Vladmir Putin já perdeu essa guerra.”

Separei alguns trechos:

“Com menos de uma semana de guerra, parece cada vez mais provável que Vladimir Putin esteja caminhando para uma derrota histórica. Ele pode ganhar todas as batalhas, mas ainda assim perder a guerra. O sonho de Putin de reconstruir o império russo sempre se baseou na mentira de que a Ucrânia não é uma nação real, que os ucranianos não são um povo real e que os habitantes de Kiev, Kharkiv e Lviv anseiam pelo governo de Moscou. Isso é uma mentira completa – a Ucrânia é uma nação com mais de mil anos de história, e Kiev já era uma grande metrópole quando Moscou nem era ainda uma vila. Mas o déspota russo contou sua mentira tantas vezes que aparentemente ele mesmo acredita nela.”

“A cada dia que passa, fica mais claro que a aposta de Putin está falhando. O povo ucraniano está resistindo de todo coração, conquistando a admiração do mundo inteiro – e vencendo a guerra. Muitos dias sombrios estão por vir. Os russos ainda podem conquistar toda a Ucrânia. Mas para vencer a guerra, os russos teriam que controlar a Ucrânia, e eles só podem fazer isso se o povo ucraniano permitir. Isso parece cada vez mais improvável de acontecer.”

“Ao derramar cada vez mais sangue ucraniano, Putin garante que seu sonho nunca será realizado. Não será o nome de Mikhail Gorbachev escrito na certidão de óbito do império russo: será o de Putin. Gorbachev deixou russos e ucranianos se sentindo como irmãos; Putin os transformou em inimigos e garantiu que a nação ucraniana daqui em diante se posicione em oposição à Rússia.”

“O déspota russo deveria saber disso (nações são construídas por histórias) tão bem quanto qualquer um. Quando criança, ele cresceu alimentado por histórias sobre as atrocidades alemãs e a bravura russa no cerco de Leningrado. Ele agora está produzindo histórias semelhantes, mas se colocando no papel de Hitler.”

Texto publicado no The Guardian

Harari vem, há alguns anos, nos alertando para os três principais perigos para o futuro da nossa humanidade que exigiriam uma cooperação global: guerra nuclear, colapso ecológico e disrupção tecnológica. Estamos, no momento, vivenciando intensamente esses três perigos.

Nessa constante guerra de polarização – somos sempre nós contra eles – Quem somos nós? Rússia contra o resto do mundo menos China, Índia, Brasil, África do Sul (BRICS?) e alguns outros mais tímidos. Portanto estamos do lado da Rússia, correto? Estamos do lado da Rússia da mesma maneira que os russos estão do lado do Putin. Novamente… quem somos nós e quem são eles? De alguma forma Putin está conseguindo realizar um fato inédito: unir todo o mundo para o lado do “nós” independentemente de seu país de origem, crença religiosa, ser a favor ou contra as vacinas de covid19, time que torce, partido político e até mesmo se está ou não no metaverso.

Além do Dia Mundial do Futuro, hoje é Carnaval a festa mais popular do Brasil. Uma festa de origem bem antiga que foi cristianizada em que se prepara para a entrada da Quaresma onde o jejum de carne é (ou deveria ser) obedecida por 40 dias. O “carnem vale” (adeus a carne) é uma festividade onde os excessos são, de alguma forma, permitidos. Talvez estejamos vivendo um momento de “carnem vale” da humanidade e espero que os excessos estejam chegando ao fim para e que nós possamos sobreviver a esse carnaval.

Nesses últimos dias de insanidade dentro das fronteiras da Ucrânia, uma foto romântica de um casal, a russa Juliana Kuznetsova e seu noivo ucraniano cobertos com suas respectivas bandeiras, viralizou nas mídias sociais. Apesar de bem significativa para esse momento, a foto não foi tirada durante os conflitos dessa semana como se acreditou. Na verdade, ela foi tirada durante um concerto de música em Varsóvia, na Polonia em 2019.

Imagens com gestos de amor em momentos de conflito são manifestações de rara beleza. A foto (acima) desse texto foi tirada pelo fotógrafo Rich Lam, durante uma manifestação nas ruas de Vancouver em 2011. A foto é perfeita: emoldurada por um policial desfocado em primeiro plano e a fumaça com a multidão ao fundo, ali, no meio de um tumulto, um casal se beijando no meio de uma rua de Vancouver, praticamente brilhando na iluminação das luzes da rua. Chegou-se a pensar que a foto foi posada de tão bela que é. Um vídeo feito por um morador de um prédio em frente mostra (de cima) quando policiais derrubam e agridem com violência o casal. O rapaz, Scott Jones, relatou que depois que foram agredidos beijou Alex Thomas para acalmá-la. O casal de namorados, Scott (australiano) e Alex (canadense) se casaram e hoje moram na Austrália. Quando vemos uma imagem dessas, temos certeza de que tudo que precisamos é… Amor!   

All We Need is Love”, uma das mais significativas músicas compostas por John Lennon. Ela foi encomendada em junho de 1967 pela BBC de Londres para fazer parte de uma transmissão, pela primeira vez, ao vivo. Esse ambicioso programa foi chamado de “Our World” (Nosso Mundo), o primeiro programa de televisão global do mundo, que propunha ligar 25 países em cinco continentes simultaneamente por satélites que orbitam a Terra. Teve um alcance de mais de 400 milhões de espectadores, tornando este o programa de televisão mais ambicioso e histórico de seu tempo. John criou uma música com uma mensagem simples de entender mesmo para o quem não falasse inglês. Uma mensagem de amor para um mundo global unido ao vivo. O evento teve participação de convidados como Mick Jagger, Marianne Faithfull, Keith Richards, Keith Moon e Graham Nash. All You Need is Love é até hoje um hino que resume tudo que precisamos: Amor!  

Poucos anos depois John Lennon nos deixa outra mensagem:

“Imagine não haver o paraíso

É fácil se você tentar

Nenhum Inferno abaixo de nós

Acima de nós, só o céu

Imagine todas as pessoas

Vivendo o presente

Imagine que não houvesse nenhum país

Não é difícil imaginar

Nenhum motivo para matar ou morrer

E nem religião, também

Imagine todas as pessoas

Vivendo a vida em paz

Você pode dizer que eu sou um sonhador

Mas eu não sou o único

Espero que um dia você junte-se a nós

E o mundo será como um só

Imagine que não ha posses

Eu me pergunto se você pode

Sem a necessidade de ganância ou fome

Uma irmandade dos homens

Imagine todas as pessoas

Partilhando todo o mundo

Você pode dizer que eu sou um sonhador

Mas eu não sou o único

Espero que um dia você junte-se a nós

E o mundo viverá como um só”

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Bom dia 2022!

Como você será? Será mais generoso do que o ano anterior? Será que ainda dá tempo de fazer alguns pedidos?

Por favor não nos deixe voltar ao anormal e nem a um novo anormal. Não nos deixe repetir as obscenidades e atrocidades das eleições de 2018, para que as pessoas possam votar a favor de seus melhores e não contra os seus piores. Não permita que as florestas, as águas, a terra e a atmosfera sejam aniquiladas como vem sendo nos últimos dez anos, principalmente nos últimos três. Proteja os povos indígenas com suas mais de 300 etnias em que suas sabedorias planetárias estão se fazendo tão necessárias. Cuide muito bem dos artistas e de suas manifestações. Que a cultura seja percebida como gênero de primeira necessidade. Que a educação aproveite o tsunami da pandemia e migre do século 19 para o 21. Chega de fingir que se ensina e que se aprende. Que não se use em vão o nome da ciência para justificar qualquer argumento. Que a medicina possa cuidar mais da saúde do que da doença. Que a fé venha pela espiritualidade. Que a religião perceba que somos todos um. Que o COVID e suas variantes sejam mais gentis e nos una ao invés de nos dividir. Que a diversidade seja vista e reconhecida como uma grande vantagem sociocultural. Que a economia e os economistas percebam, finalmente, que são gestores da ecologia. Que uma governança eticamente responsável prevaleça. Que a Estocolmo+50 tenha resultados significativos!

Será que é pedir muito? Se for, sei que não estou sozinho!

Estamos na era das incertezas… isso é certeza! Edgar Morin que o diga!

O que aconteceu em dezembro de 2021?

CUIDADO: Não olhe para cima!

No dia 24 de dezembro o Netflix lançou o filme “Don’t Look Up” (Não olhe para cima). Procurei desligar todos os meus preconceitos que me fariam não ver o filme. Preciso confessar que gostei do resultado. É uma caricatura com todo tipo de humor, vai do pastelão ao escrachado, do politicamente muito incorreto ao sutilmente ácido. É uma sátira do que está acontecendo hoje em relação a emergência climática. Ele conversa e se relaciona com o público em geral que não tem muita noção do que está acontecendo ao seu redor com relação ao governo, as mídias, as empresas e provavelmente não imagina que os caricaturados são o próprio público que está vendo o filme. O fato do roteiro ter sido escrito antes da pandemia dá um tom quase profético à cadeia de eventos que relacionam a insignificância dos chefes de estado em relação a um problema de grande magnitude civilizatória e sua subserviência ao capital privado.

A ideia é simples, um cometa está vindo em direção ao nosso planeta e, em pouco tempo, vai se chocar causando nossa extinção. Genial! Até hoje, as evidências de que estamos rumando à extinção não deram certo porque preferimos acreditar no inacreditável. Acreditamos coletivamente em coisas que não existem e somos chamados a colaborar com essa ficção. Estamos tão envolvidos nela que a chamamos de realidade. No entanto, vira e mexe, aparecem verdades inconvenientes que nos levam a preferir aceitar mentiras convenientes para continuarmos no jogo. Quando Al Gore, lançou o documentário “Uma Verdade Inconveniente” em 2006 acreditei que agora o mundo não refutaria as evidências tão claras das mudanças climáticas e de que seria impossível ignorá-las. Mesmo com todas as tentativas de desbancá-lo, quando ganhou o Prêmio Nobel da Paz, em 2007, junto com o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) fiquei aliviado de que agora o mundo todo se conscientizaria e começaria a agir nessa direção. Lembrando que esse conhecimento não era novo, vinha desde 1972 (Estocolmo) e fortemente confirmado em na Rio 92. Me senti como o personagem do Leonardo DiCaprio, sem ser um cientista, chocado que o mundo escolhia não ver! Completamente abismado com tudo em volta que mantinha a farsa. Essa sensação continuou a me ocorrer muitas vezes depois disso. Em 2010 no primeiro Fórum Mundial de Sustentabilidade em Manaus, em 2012 na Rio+20, em 2015 na COP21 em Paris, em 2018 no Fórum Mundial da Água em Brasília, em 2019 na Cúpula do Clima da ONU em Nova York e virtualmente na COP26 em Glascow.    

Quais são as verdades inconvenientes que não podem aparecer?   

Fiz uma lista rápida de algumas que me ocorreram. Claro que tem as mais óbvias que são criadas, quase que diariamente, pelo atual governo federal. Mas vamos a minha listinha: origens da soja transgênica no Brasil; liberação sistemática dos agrotóxicos; COP26 e a Ômicron pelo mundo; usina de Belo Monte; indústria da proteína animal; agricultura predatória; Código Florestal; indústria da pesca; escândalo da FIFA; escândalo da Petrobras; pedofilia na igreja e muito mais verdades inconvenientes que precisam de lastro nas mentiras convenientes (Fake News) para manterem a realidade da ficção.        

Nem o diretor do filme, Andy McKay, olhou para cima!

Numa conversa entre o diretor e boa parte do elenco após o lançamento do filme, Andy McKay (diretor) pergunta, no final, o que cada um faria nos últimos momentos do mundo. Assim que Leonardo DiCaprio diz que faria exatamente como está no filme, Andy diz que comeria um sanduíche gigante de carne (Philly Cheese Steake), na contramão do que o filme está procurando denunciar… ou seja ele também faz parte da indústria que se alimenta da ignorância alheia através da sua própria. Irônico, para dizer o mínimo! A indústria da proteína animal é, talvez, uma das mais sensíveis verdades inconvenientes… mesmo entre os ambientalistas.  

 Conversa (em inglês): “Don’t Look Up” Cast Breaks Down Their New Netflix Comedy | Around the Table | Entertainment Weekly

E mais de dezembro:

Gabriel Boric foi eleito presidente do Chile. Terá 36 anos quando assumir em março. O que significa isso? Possível prever alguma coisa? Torcendo para que seja uma ótima oportunidade para uma real guinada na maneira de se fazer política. O mundo está de olho nos próximos passos do Chile e torce para que os resultados sejam bons. Porém, estamos na era das incertezas!  

Uma notícia que me deixou muito triste foi o fechamento da edição do El País Brasil, do qual assinava. A qualidade jornalística e independente com a brilhante liderança da jornalista Carla Jimenez e com colunistas de muita qualidade como a Eliane Brum, vai fazer falta… muita falta!

As enchentes na Bahia foram as piores dos últimos 30 anos e 153 municípios já decretaram situação de emergência (climática?). O governo Federal parece não estar olhando para essa tragédia como deveria, além disso recusou a ajuda humanitária externa oferecida pela Argentina.

Antes de tudo isso a Agência Pública fez uma ótima reportagem mostrando os privilégios com a água do Cerrado baiano.

 A situação na Amazonia só piora, principalmente pelo desmonte dos sistemas de fiscalização e liberação explícita para o extrativismo ilegal dos recursos naturais. Uma reportagem da Hellen Guimarães para a Revista Piauí mostra os crimes em série na Amazônia.    

Apesar das promessas durante a COP26, os varejistas globais continuam comprando carne ligada ao desmatamento. Uma investigação da Repórter Brasil mostra os elos que conectam a pecuária ligada ao desmatamento na Amazônia, no Cerrado e no Pantanal com supermercados na Europa e Estados Unidos.

Alerta Ômicron – Olhem para cima! Estamos vivendo um momento surreal no Brasil. Enquanto a maioria da população brasileira acredita que o COVID está dando uma trégua por aqui e até mesmo comemorando o fim da pandemia, os números de infecções tem aumentado numa proporção nunca vista antes. Como os sistemas de informações estão completamente instáveis o principal indicador é o pessoal. Você nunca viu tantas pessoas próximas testando positivo. Além disso seria completamente sem noção acreditar que a Europa e os EUA estão tendo um aumento gigantesco de casos, nas últimas duas semanas, e que isso não vai se refletir no Brasil. Ainda não sabemos se a nova variante será uma redução dos casos graves ou se continuará a afetar mais gravemente uma percentagem ainda significativa da população. A pandemia ainda não acabou!  

É preciso olhar para cima… para baixo, para os lados, para frente e para trás

O meu livro do ano de 2021 é o “Lições de um Século de Vida” do Edgar Morin.

O filme de 2021 é o documentário “Rompendo Barreiras” com David Attenborough.

Até o mês que vem! Tenho a sensação de que será um daqueles meses que parecem um ano!

Há exatamente dois anos eu iniciava essa série de cartas escritas no primeiro dia de cada mês. A ideia é que seria um capítulo reportando o dia a dia de cada mês. O desafio que me coloquei era de começar e terminar o texto no dia 1 de cada mês, independentemente de como seria meu dia. Seriam minhas impressões expressas espontaneamente, sem qualquer elaboração prévia ou posterior. A primeira carta foi escrita no primeiro dia do último ano da segunda década do século 21 (01/01/2020) e estamos hoje no primeiro dia do segundo ano da terceira década, mergulhados de corpo, mente e alma no tema principal do livro: Percepção!

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