
O Brasil Voltou?
Agora em dezembro, começamos a fazer a tradicional lista do que queremos para o próximo ano. O que queremos para nós, nossa família e nosso entorno. Estou preparando a minha! Quem se atreve a olhar a lista do ano passado? Para os que não fizeram e ou não fazem suas listas, sugiro implementar esse ritual simples e revelador.
Estamos num momento de transição. Enquanto, aparentemente, estamos migrando da polarização para uma frente ampla, vamos esperançar um renascer das cinzas. Há luz no fim do túnel quando vemos um grupo heterogêneo trabalhando para uma governança mais saudável. Os resultados já estão saindo, apesar de não terem sido ainda divulgados. Fico feliz de ver pessoas tão talentosas trabalhando nos grupos técnicos. Por exemplo na Economia: Pérsio Arida e André Lara Resende; Ciência, Tecnologia e Inovação: Ricardo Galvão; Comunicação: Alessandra Orofino; Meio Ambiente: Marina Silva; Cidades: Nabil Bonduki; Comunicação Social: Florestan Fernandes Júnior; Cultura: Margareth Menezes; Desenvolvimento Agrário: Célia Watanabe; Desenvolvimento Regional: Randolfe Rodrigues; Desenvolvimento Social e Combate a Fome: Bela Gil; Direitos Humanos: Janaína Oliveira; Educação Alexandre Schneider e Neca Setubal; Esportes: Verônica Hipólito; Igualdade Racial: Douglas Belchior; Juventude: Sabrina Oliveira Santos; Justiça e Segurança Pública: Gabriel de Carvalho Sampaio; Minas e Energia: William Nozaki; Mulheres: Anielle Franco; Povos Originários: Joênia Wapichana; Relações Exteriores: Cristovam Buarque; saúde: Nísia Trindade Lima; Trabalho: Laís Abramo; Turismo: Marcelo Freixo entre outras.
E a COP27 no Egito?
Uma das questões que dificultou o fechamento foi quanto ao eterno “perdas e danos” que se arrasta desde 2009 (COP15). À principal razão de nunca terem assinado é por medo de serem responsabilizados legalmente pelas emissões de gases de efeito estufa. Existe também uma restrição dos EUA para que a China não receba verba por ser o maior emissor mundial. Até o nome do fundo teve debate, os países em desenvolvimento queriam chamar de “compensação”, os ativistas climáticos de “reparações”. Mas os diplomatas, principalmente os americanos, chamaram o fundo de “recursos de perdas e danos”. Mesmo sendo um pequeno avanço, ainda há muito o que fazer para viabilizar a transferência de recursos para quem realmente precisa.
Ganhamos (Brasil) novamente o troféu fóssil do dia, uma menção desonrosa:
“Do outro lado do mundo, o Brasil também merece menção honrosa. Outro país que foi estranhamente mudo nessas negociações da COP27, mas passou os últimos quatro anos tentando destruir o Acordo de Paris enquanto violava os direitos humanos e ambientais. As políticas antiambientais do governo que está saída de Bolsonaro fizeram o Brasil aumentar suas emissões por quatro anos consecutivos, um crescimento sem precedentes desde o início da medição em 1990. Isso se deve principalmente ao desmatamento da Amazônia, que está fora de controle e aumentou 73% na atual administração. Embora os ventos possam estar mudando no Brasil, não podemos ignorar os danos causados. Adeus e boa viagem a Bolsonaro e seu desastre climático.”
Quem escreveu o discurso que o Lula proferiu na COP27 foi brilhante. Espero que ele (Lula) se contente em ser esse salvador da pátria que o mundo o está colocando. Será bom para todo o mundo e principalmente para o Brasil. Ele afirmou que o Fundo Amazônia voltará a receber recursos da Alemanha e a Noruega, disse que vai criar um ministério para os povos indígenas regulado por eles e no final anunciou a vontade de realizar a COP30 no Brasil em 2025. Segue um trechinho, recomendo a leitura do discurso todo.
“Vivemos um momento de crises múltiplas – crescentes tensões geopolíticas, a volta do risco da guerra nuclear, crise de abastecimento de alimentos e energia, erosão da biodiversidade, aumento intolerável das desigualdades.
São tempos difíceis. Mas foi nos tempos difíceis e de crise que a humanidade sempre encontrou forças para enfrentar e superar desafios. Precisamos de mais confiança e determinação. Precisamos de mais liderança para reverter a escalada do aquecimento.
Os acordos já finalizados têm que sair do papel. Para isso, é preciso tornar disponíveis recursos para que os países em desenvolvimento, em especial os mais pobres, possam enfrentar as consequências de um problema criado em grande medida pelos países mais ricos, mas que atinge de maneira desproporcional os mais vulneráveis.
Estou hoje aqui para dizer que o Brasil está pronto para se juntar novamente aos esforços para a construção de um planeta mais saudável. De um mundo mais justo, capaz de acolher com dignidade a totalidade de seus habitantes – e não apenas uma minoria privilegiada.”
Discurso na íntegra: https://veja.abril.com.br/coluna/radar/leia-a-integra-do-discurso-de-lula-na-cop27/
Enfim temos muito que fazer! Durante a COP tentaram passar desastres ambientais aqui no Brasil, ainda bem que ficaram, em Brasília, uma dúzia de atentos ambientalistas que impediram que mais alguns descalabros acontecessem.
Por último só queria mencionar que como Glascow (COP26) não firmou os acordos que foram “combinados”, esperava-se que no Egito fossem sancionados. Pois é…
Alguns textos bons no aprofundamento do que foi a COP27:
Observatório do Clima: https://www.oc.eco.br/cop27-termina-com-uma-revolucao-e-tres-maldicoes/
Folha de São Paulo: https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2022/11/demora-para-ajuda-a-mais-pobres-na-cop27-amplia-debate-sobre-racismo-ambiental.shtml
Sumauma: https://sumauma.com/cop27-indigenas-floresta-amazonica-demarcacao-protecao-milhoes-hectares/
ClimaInfo: https://climainfo.org.br/2022/11/21/cop27-muitos-acordos-pouco-resultado/
E mais esse artigo de ontem no The Guardian: “Da Amazônia à Austrália, por que seu dinheiro está financiando a destruição do Planeta?”
Daqui alguns dias (7 a 19 de dezembro) teremos a Conferência da Biodiversidade (COP15) em Montreal. Mais uma chance para 2022 celebrar os 50 anos de Sustentabilidade e trazer resultados reais para os próximos anos.
Da COP passamos para a COPA
Também uma vergonha, um símbolo da corrupção e da “banalidade do mal” (conceito da Hannah Arendt) onde somos coniventes e até cumplices silenciosos de crimes. O famoso “Padrão FIFA”, que tentou parecer algo de qualidade, era na verdade uma poderosa máquina de manipulação e corrupção. Será que essa COPA do Qatar vai entrar para a história como as vergonhosas Copas de 1936 (Alemanha), 1978 (Argentina) e 2018 (Rússia)? Melhor para por aqui em respeito aos torcedores. Independente do padrão FIFA de corrupção, essa COPA permitiu que todos os brasileiros voltassem a vestir a camisa e torcer pelo Brasil. Um alívio depois de um longo período de hackeamento dos símbolos nacionais e da camisa da seleção brasileira. Será que agora poderemos colocar a palavra Amor na bandeira como originalmente deveria ter sido? Após da Proclamação da República as palavras da bandeira foram inspiradas no lema positivista do filósofo francês, Augusto Comte, que ressalta “o amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim”. O amor acabou sendo cortado na ocasião. Quem sabe podemos reparar isso hoje!
A invasão da Ucrânia pela Rússia completou 281 dias hoje.
O COVID volta a bater na porta, será que tem alguém?
Uma ótima inspiração para a preparação da nossa lista para 2023 é o vídeo do Yuval Harari sobre a Política da Consciência. Está em inglês, quem precisar acione as legendas (CC) do Youtube: https://youtu.be/1rtS2OEV6bM
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